2-O Presente Inusitado.

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Não lembro a hora que dormir

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Não lembro a hora que dormir. Na verdade não lembro de nada depois que sai da delegacia.

Sei que acordei com meu despertador, sentei no chão que era onde dormi.
Eu havia dormido no chão da sala.

Por um momento franzi o cenho, achei estranho não ter uma foto da viajem de um dia da Bella, ou a mensagem dizendo que eu precisava tomar o remédio.

A ficha não caiu, mas caiu no momento que meu celular apitou. Era um blog imundo de fofoca, fotos da Lancha e do necrotério.

Izabella Mester, herdeira da fortuna Mester e antiga chefe de equipe, do antigo Piloto Gabe Mester, morre está madrugada em acidente de lancha com o marido Tom Lancaster, o melhor engenheiro naval de toda Itália.

Encarei o que estava escrito e apertei forte o celular.

Quem eles pensam que são? Como tiveram coragem de fazer isso?

Não respeitam um minuto da dor alheia. Precisavam anunciar isso ao público.

Eu vou mandar fechar essa porcaria de blog.

Como se já não fosse ruim postarem isso assim. Publicaram as fotos do estado da lancha sendo retirada do mar. Fotos do necrotério a espera de um furo.

Parecem parasitas rondando e tentando achar uma fraqueza pra investirem até não sobrar nada.

Bando de abutres!

Vi uma mensagem do meu piloto Juan me dando condolências e dizendo que eu poderia ficar recluso o tempo necessário. Ele ainda disse que faria uma prece a Bella e ao Tom.

__não quero preces. Quero minha amora de volta!__digo sentindo as lágrimas voltarem a rolar de meus olhos.

Olhei a hora e lembrei que nem todos partiram.

Meus afilhados!

Me levanto e sou tomado pela fraqueza e dor.

Não sabia dizer se era física ou mental, mas sei que algo está destroçado, e muito mais que o acidente que arrancou o meu sonho.

Era algo que jamais poderia ser mudado ou reparado.

Eu não poderia mais pilotar, mas ainda continuaria naquele meio, seria um chefe de equipe. O melhor!

Mas agora? Não dá pra mudar. Não é como se eu fechasse os olhos e ao abrir Bella e Tom estariam aqui na minha frente.

Não é como se houvesse o que mudar.

Não há o que mudar. Não há como reparar e na verdade, acho que não quero.

Ao chegar no banheiro com muita dificuldade me sento em uma cadeira de banho.

A cadeira que não uso há um bom tempo. Mas hoje, como se não bastasse o dia maldito de hoje e a noite infernal de ontem. Eu mal me mantenho em pé, pareço um inválido.

Um Presente pra Gabe Mester.Onde histórias criam vida. Descubra agora