𝐂𝐎𝐍𝐅𝐔𝐒𝐄𝐃

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Confusa. Você se sentiu assim quando sua consciência pareceu despertar e analisar o que estava acontecendo, quando os lábios suaves de Geto tomaram os seus tão gentilmente.

Após as atrocidades e quedas perceptivelmente mentais de Suguru, encontros e desencontros, através desse beijo, vocês descobriram que ainda havia um pequeno almejo após tanto tempo.

Geto era aquele que um dia lhe proporcionou momentos incríveis e participou de todos os seus planos de vida na juventude, mas também é o mesmo que em um dia do passado deixou os aliados e até mesmo você que confiou seu coração, para seguir a própria e corrompida ambição.

Doeu como se fosse apunhalada diversas vezes pelas costas. Querendo ou não, parte de seu ser sabia que o coração que você entregou, se foi com Geto assim quando ele virou as costas e desfez todos os planos que um dia criaram decididamente juntos. Ele havia levado seu amor com ele e nunca mais o devolveu.

Não era um amor platônico e muito menos ingênuo por serem jovens no início. Era recíproco e muito bem cuidado. Doeu nele também. Contudo, esse era o desejo de Geto, e estava convicto quando precisou abrir mão de todas as promessas, como um dia pedir sua mão, realizar seus sonhos ou viajar para todos os cantos incríveis do mundo como você sempre sonhou. Ele odiou o fato de um dia ter que abandonar a amada e os amigos, mas odiou mais ainda o fato de ter que ficar preso em um ambiente onde injustiças fluíam como a correnteza de um rio. Geto sempre deixou claro a ambição, e se sentiu magoado quando não obteve apoio naquele tempo, nem mesmo de… Você.

Ele matou pessoas, e mesmo que fossem aquelas que mais julgavam e fariam qualquer coisa para um dia aniquilar os feiticeiros, eram pessoas com suas vidas em construção e andamento. Quando Geto olhou em seus olhos e falou boa parte dos planejamentos, era absurdamente sujo apoiar mesmo que o amasse.

Como feiticeira que usava seus métodos para combater maldições a fim de proteger inocentes, não apoiaria nem se fosse pai ou mãe.

Então teve que vê-lo partir. Teve que sentir a dor da perda, sentir os planos com seu não mais amor desvanecer como uma folha seca de outono que cai de uma árvore e se perde sob o ar.

Mesmo após se adaptar e seguir a vida, todas as noites quando passeava pelas margens da praia onde se beijaram pela primeira vez, observava a lua e clamava mentalmente para que ele, Suguru Geto, retornasse para você, porque mesmo que tentasse evitar tal pensamento, sabia que nada dos sentimentos havia mudado por ele.

Isso só ficou claro quando o encontrou diversas e aleatórias vezes na cidade. Seus batimentos cardíacos sempre se aceleravam e gotículas de suor tomavam as palmas das suas mãos como aconteceu na primeira vez que ele se confessou para você, quando eram apenas estudantes.

O que você não sabia era que esses encontros eram propositais, exatamente da parte dele. Mesmo após deixá-la, sempre que podia, Geto acompanhava algumas de suas caminhadas. Queria ter a certeza de que você estava bem e segura, porque assim como ocorria com você, embora ele tivesse a incompreensível ambição para seguir, te amava pra caralho e não perdoaria qualquer um que te fizesse mal.

Em um desses dias, quando viu você sentar em um balcão de uma lanchonete aleatória do centro, tomou coragem depois de tanto tempo e sentou ao seu lado como um desconhecido, roupa discreta e uma pequena tentativa de esconder o rosto com os grandes cabelos. Mas você imediatamente conheceu a voz e conversaram como se nada tivesse acontecido, mesmo que absolutamente tudo tivesse ocorrido.

As primeiras conversas foram tão formais e tensas que chegaram a ser:

— E então… Você ainda gosta de futebol brasileiro, Suguru?

𝐂𝐎𝐍𝐅𝐔𝐒𝐄𝐃, suguru getoOnde histórias criam vida. Descubra agora