Capítulo 3

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Capitulo 3

"ela me protegia de todos os males."

NOAH

O inverno se aproximava, o que significava que eu tinha que arrumar minhas malas, daqui 5 dias eu estaria indo para o CIC, eu conseguia enxergar claramente o sorriso da minha mãe, os olhos dela brilhavam tanto que pareciam duas esmeraldas, ela tinha uma beleza própria, mesmo para uma mulher sofrida e meu único dever era retribuir todo o amor que ela me deu.

- Filho, você está tão...tão... como eu posso dizer... um mocinho - disse ela, bagunçando meus cabelos.

- Ah mãe, para, você teria falar que estou mais alto né?

- Noah, eu não queria te desiludir meu pequeno, mas acho que você só crescerá uns 80 centímetros, 90 no máximo.

- Poxa, mas você é alta, e eu não sei bem a altura do... - Minha voz falhou quando tentei pronunciar a tal palavra, percebi que minha mãe estava olhando pro chão - do nada mãe, estou satisfeito com sua contagem, mas eu crescerei sim.

O meu sonho era crescer, porque desde pequeno pensei que pessoas altas fossem mais importantes, médicos, advogados, professores, todos que eu avistei eram altos pelo menos, quem sabe um dia eu não me torne um deles, se bem que com 13 anos de idade eu já penso em muitas coisas, minha mãe fala pra eu não me afobar, porque assim perderei minha infância, porém terei uma infância disciplinada indo para esse colégio.

Foi muito complicado convencer a minha mãe me deixar fazer a prova, vou explicar o procedimento para se entrar na CIC, todos os alunos se inscrevem na sua escola atual, e ambos fazemos uma prova, se formos bem somos redirecionados para a prova final, e através dessa prova eles te classificam, crianças com resultados abaixo de 60% são desclassificadas.

Minha família não é muito estruturada, desde os 7 anos fui abandonado pelo meu pai, na verdade ele que quis que fosse assim, lembro que ele me fazia rir, e me levava nos ombros para o parque da cidade, porém ao decorrer dos anos eu comecei a ter crise de insônia, e vagava pela casa na madrugada, e por ventura encontrava minha mãe na sala chorando, sempre tentei acolher ela, o que era impossível, porque o choro dela tinha um dom de contagiar, então ambos choravam.

Quando eu assisti a seleção dos alunos, foi algo totalmente angustiante, porque eu queria ser escolhido e minha mãe torcia para que isso não acontecesse, quando chegou no número 25 que eu escutei "Nosso escolhido é Noah Yundi" o meu sangue ferveu, e fiquei com a boca entreaberta, logo fui abraçado e quando avistei minha mãe estava mais sorridente do que eu.

- Meu querido, você conseguiu, passou tanto tempo estudando, você tem um cérebro enorme ai dentro - e ela cutucava minha cabeça enquanto eu fazia careta

- Aiai mãe, eu sabia que iria valer a pena, quero que me visite sempre que estiver com saudades, porque sei que irei chorar certas noites, e irei querer o conforto dos seus braços - Recebi um beijo na testa, após ter dito essas palavras, não existia abraço melhor que o dela, ela me protegia de todos os males.

- 4 dias depois -

Me olhei no espelho, e a imagem daquele menino animado para ir para a CIC tinha desaparecido, o uniforme da escola era apertado, uma calça azul, com uma camisa branca e uma gravata listrada, e um casaco social preto para finalizar a vestimenta, após me ver, tive a noção do quão sério era esse colégio, abaixei a cabeça e coloquei as mãos sobre os olhos, eu não iria conseguir ficar 6 anos sem o carinho da minha mãe, da minha protetora, do meu porto seguro.

Olho para trás, e fecho a porta se abrir, ela entra toda meiga, colocando as mãos na boca, com os olhos espantados, eu poderia imaginar o que estaria passando naquela cabeça "meu filho, você está....um mocinho" ou "meu filho, você está tão lindinho, nossa" Falar no diminutivo era algo natural dela, me sentia envergonhado claro, mas quem não gosta de um mínimo agrado?

- Mãe, eu tava pensando... e talvez eu não queira ir - olhei envergonhado nos seus olhos.

- Você sabe que não é obrigado a ir, né meu bem? Todo conhecimento que você adquiriu, você pode guardar e usar para outras coisas que virão.

- Eu sei, só que... não irei me acostumar sem sua presença, sei que estou grandinho, mas você é...você.

- Querido... - Ela beijou minha bochecha - Sempre irei te ver, sempre, estarei contigo aonde quer que você vá, coloquei algumas fotos na sua mala, aposto que encontrará uma moldura linda para deixar estampada na sua escrivaninha, eu te amo - E os braços dela envolveu meu corpo.

Escutei duas buzinadas, era o ônibus enviado do colégio, desci as escadas devagar, observando cada detalhe da minha casa...antiga casa, fui caminhando para o ônibus sem olhar para trás, não resisti, me virei e acenei para minha mãe, ao subir avistei outras crianças com os mesmos trajes que o meu, algumas mascavam chiclete, outras riam, alguns simplesmente liam em silêncio, caminhei pelo corredor do automóvel enquanto o motorista dava partida, no ultimo banco estava sentada uma menina, olhando para a janela.

Me sentei ao seu lado, ela nem se quer olhou para mim, percebi que ela estava impaciente, balançava os pés e batia os dedos no vidro, parecia não estar tão feliz em estar indo sabe lá para onde, em questão de segundos ela se virou e ficou me olhando, forçando a vista, fazendo suas sardas se tornarem visíveis.

- É... Parabéns, acho que você é o Yuki - interrompi

- Yundi, Noah Yundi, e como sabe o meu nome? Desculpa, e parabéns por que? - a fitei, com um olhar duvidoso.

- Isso mesmo, Noah Yundi, nomezinho legal, é que foi meio chato ouvir minha mãe mencionando seu nome na hora do café da manhã, almoço, jantar, como assim parabéns? Você teve uma das maiores notas, acertou 85% da prova. - disse ela, revirando os olhos

- Ah sim, pelo menos se eu quiser montar um clube nerd, sua mãe irá me apoiar certo? - soltei um sorriso

- Creio que sim, ela ama meninos nerds, aposto que se eu tivesse nascido menino ela teria me transformado em um nerd, mas eu não pareço uma nerd, pareço?

- Olha, você tem umas sardas, se começar a prender seu cabelo, e fazer umas tranças divididas.... - dessa vez, eu fui interrompido

- Nem pensar, gosto do meu cabelo solto, usar óculos é algo que definitivamente não se encaixará no meu rosto, e em questões das minhas sardas... ah deixa pra lá, não estou indo de bom agrado, sei que minha mãe quer que eu seja uma nerd da vida, porém isso não irá acontecer, no começo achei que seria uma má idéia ir a força para esse colégio, mas agora pode ser uma liberdade que eu nunca tive, posso ser quem eu realmente quero ser.

- Nossa, quanta ousadia, pinta seu cabelo de uma cor reluzente, vai ficar bem... exótico - sorri para ela.

- Pensei em roxo, rosa vai ficar legal ou prefere azul? - ela me olhou, sorrindo de volta

- Deixa assim mesmo, combina com suas sardas, mas... ainda não sei seu nome, menina revoltada.

- A menina revoltada - ela olhou para o chão, e em seguida sorriu para mim - se chama Caterine, mais conhecida como Rine.

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⏰ Última atualização: Apr 22, 2015 ⏰

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