cap 4 - Eu sinto muito

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- Harry espera! - gritei assim que passei da porta do salão principal - Harry!

O vi parar em frente a escadaria permanecendo de costas para mim. Me aproximei e então parei tentando formular o que iria dizer mas nada parecia ser bom o suficiente

- Harry - falei por fim

A menção do seu nome o fez abaixar a cabeça e se virar, ficou assim por uns segundos até finalmente levantar o rosto e me olhar nos olhos, fiquei paralisada ao perceber porque todos sempre falavam sobre seus olhos, eram os mesmos olhos da nossa mãe. E foi aí que eu percebi, depois de anos eu finalmente percebi, a cada ano que passava eu ficava com mais medo de conhecê-lo, medo dele me odiar, mais medo dele me negar porque a cada ano que passava ele tinha mais motivos para isso.

- Harry eu.. - falei tentando achar palavras para me expressar - eu sinto tanto, você estar se sentindo assim é total culpa minha, culpa da minha covardia e do meu egoísmo e eu sinto muito de verdade, eu não sei nem por onde começar a te explicar e te contar tudo que você merece saber...

Ele me olhava com um olhar de indiferença que logo foi se transformando em mágoa e eu não sabia o que fazer quanto a isso porque todo esse tempo eu não sabia como ia me sentir quando finalmente o conhecesse, não sabia como ia agir e nem o que ia falar mas todo esse tempo eu nunca pensei em como seria para ele, como seria saber depois de 14 anos que tinha uma irmã que sempre soube da sua existência e que mesmo assim nunca foi procurá-lo

- Que tal começar do começo - ele falou simples - quero dizer, você é minha irmã certo?

Concordei com a cabeça ainda o olhando e vendo como seus olhos estavam brilhando

- Isso é... ual - ele falou passando a mão pelos cabelos bagunçando os ainda mais - isso é muita coisa para assimilar

- Eu entendo - falei abaixando a cabeça

- Porque até hoje de manhã era só eu - ele falou agora com a voz de choro - era só eu. Tem os Durleys mas eles não são bem...

- Família? - deduzi

- Isso... era só eu, e bem... agora tem você - ele falou andando de um lado para o outro - e eu tenho uma irmã então não estou sozinho porque realmente tenho uma irmã

Ele falava com a voz cada vez mais chorosa me fazendo ter que me segurar para não começar a chorar

- Mas aí eu também descubro que essa irmã sempre esteve perto de mim - ele falou como se estivesse falando sozinho - que ela na verdade morava e foi criada com o meu melhor amigo o mesmo para o qual eu conto tudo mas que me escondeu o fato provavelmente mais importante da minha vida - ele parou e olhou para mim - você

- Harry, eu...

- E também sei que ela sempre soube de mim, né? - ele perguntou e eu acenei confirmando - Ual ela sempre soube, e... e mesmo assim me deixou sozinho, por que você me deixou sozinho? - ele perguntou enquanto lágrimas escorriam por suas bochechas

- Eu não acho... não tem nada que eu possa falar que vá fazer você me perdoar porque não tem nada que eu faça para me perdoar pelo que eu fiz - falei sentindo lágrimas agora descerem pelas minhas - Esse tempo todo eu estava com medo, medo de como as pessoas reagiriam a minha existência, medo do que ia acontecer quando isso acontecesse e mais medo ainda de você me odiar. E a cada ano que se passava esse medo aumentava porque a cada ano que se passava você tinha mais motivos para isso. Eu só fui escondida por tanto tempo que quando isso passou a ser escolha minha eu escolhi ficar na minha zona de conforto e sinto muito por isso. Eu fui egoista Harry, eu estava pensando só em mim mesma, pensando em como me sentiria, como lidaria e como falaria com você mas não pensei em você e sinto muito mesmo por isso, sinto demais, eu sou sua irmã mais velha - falei vendo ele franzi o cenho - É, eu sou mais velha... eu deveria te protegido e não me escondido de você, eu... eu só sinto tanto

Eu já chorava tanto que duvidava que ele estava conseguindo me entender mas torci para que sim porque nunca conseguiria falar aquilo sem chorar

Ficamos um tempo em silêncio enquanto eu respirava e ele provavelmente absorvia

- Eu não sei nem o que falar - ele falou depois de minutos que pareceram séculos - Bem eu tenho uma irmã, eu realmente tenho

Eu o olhei e ele estava sorrindo genuinamente o que me fez sorrir também

- É... você tem - falei sorrindo com os olhos cheios de lágrimas

- Eu tenho tantas perguntas, eu nem sei.. quero saber como e porque e tantas outras coisas - disse olhando pra mim - eu só... não estou mais sozinho

Falou tão baixo que quase não ouvi. Essa frase me fez ficar com o coração na mão e isso me fez não saber o que dizer eu só conseguia pensar em uma coisa, no quanto eu queria abraçá-lo; então o fiz

Me aproximei devagar dado todas as chances do mundo para ele me parar, se afastar, me negar... mas ele não o fez. Foi um abraço forte, cheio de saudade que eu nem sabia existir

Durou minutos mas eu queria que tivesse durado anos, eu queria poder compensar todo o tempo que perdemos por minha culpa e tentei colocar esses sentimentos no abraço, queria que ele soubesse mas não queria ter que falar e pela forma que ele me olhou depois de termos nos separados me fez pensar que ele tinha entendido.

Ficamos um tempo nos olhando nos olhos até que ele sorriu e eu o acompanhei

- Te contarei tudo - falei depois de alguma segundos - tudo que você quiser saber eu vou te contar, prometo

- Mal posso esperar - ele falou sorrindo como uma criança

- Eu realmente sinto muito Harry - falei - vou fazer de tudo para compensar você

Não queria voltar a chorar novamente mas tinha que dizer isso a ele, precisava que ele soubesse

- Eu também sinto - ele falou apertando meu braço em sinal de apoio - e eu também farei, eu só quero começar tudo de novo, quero seguir em frente

Fiquei tão feliz pela sua fala que não pude deixar de abraçá-lo novamente, só me afastei depois de alguns minutos

- Bem, tá tarde - falei pois estava bem cansada e tudo que aconteceu só me fez querer minha cama

- Sim - ele falou enquanto balançava a cabeça - é melhor você voltar sabe, pra ir para sua comunal junto com a turma

- É, claro - falei depois de me lembrar - então, nos vemos amanhã?

- Brilhante - ele sorriu

Ele se afastou e foi subindo as escadas mas virou para trás só para dizer

- Boa noite, irmã - falou sorrindo

- Boa noite - falei vendo o sorriso dele diminuir um pouco - irmãozinho - completei sorrindo vendo seu sorriso voltar a crescer, acompanhei seus passos enquanto ele subia as escadas até sumir na curva

Me virei para voltar ao salão principal torcendo para que ainda tivesse algum sonserino que me ajudasse a chegar na minha comunal

Não demorou muito para que eu chegasse e visse George parado me olhando da porta, andei rápido em sua direção o vendo abrir os braços para me receber com seu abraço apertado cheio de sentimentos, ficamos assim por alguns segundos até que algumas pessoas começaram a sair do salão

Vi que alguns sonserinos estavam saindo e foi quando o vi. Draco estava saindo junto com Pansy e outros meninos, ele parou por um tempo, nos olhou com o que imaginei ser se olhar de desprezo e voltou a andar. Decidir ir atrás deles mesmo assim porque não queria ficar perdida, então me despedi de George e os segui

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capítulo não corrigido

Meu destino | 𝕯𝖗𝖆𝖈𝖔 𝕸𝖆𝖑𝖋𝖔𝖞Onde histórias criam vida. Descubra agora