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Às sete e cinquenta e cinco da manhã seguinte, bato na porta do trailer de Rosa com a ponta do meu sapato, bebendo um copo de papel grande de café em uma mão e balançando um suporte de papelão contendo mais dois copos fumegantes na
outra.

A porta se abre e a assistente de Rosa, Paula, faz um sinal para eu entrar. Resmungo em saudação e entro no trailer, segurando o suporte e gesticulando com o queixo para o mais próximo de Paula.

- Moca branco, com qualquer coisa. De soja. -

Ela tira o copo indicado do suporte, murmurando.

- Você é uma boneca. Obrigada. -

Quando passo por ela, toca meu braço.

- E eu não acredito em uma palavra disso. - Faço uma careta.

- Uma palavra do que? -

- O que eles estão dizendo. Sobre você, aquele extra e a cabra. - Cabra, macaco... não há muita diferença quando você está supostamente transando com eles.

Sorrio educadamente.

- Obrigada, Paula, estou lisonjeada por você pensar tão bem de mim. - Ela franze a testa, sem acreditar na sinceridade das minhas palavras. Antes que ela possa dizer mais alguma coisa sobre o meu amor por cabras, continuo.

- Como está Rosa está manhã? - Às vezes Rosa não está no seu melhor humor de manhã, e é sempre bom saber antes de conversar com ela.

- Bem, ela está... -

A porta do banheiro minúsculo do trailer se abre e Rosa sai, olhando para mim e Paula.

- Rosa é uma adulta que não gosta quando as pessoas falam sobre ela como se não estivesse presente. - Ela cai no sofá, ainda encarando. - E pelo amor de Deus, Paula, eu lhe disse que a coisa sobre a cabra era apenas um boato estúpido. Honestamente, não sei como essas coisas loucas começam. -

- Incrível, não é? - Comento secamente e seguro o suporte como uma oferta de paz. - A coisa mais cafeinada e açucarada que eles tinham. -

Seus olhos suavizam um pouco e ela estende as mãos.

- Ohhh. Dê isso aqui. -

Coloco o suporte no chão e entrego o copo. Ela cheira e toma um gole, fechando os olhos e gemendo de uma maneira que deveria ter me feito corar, considerando minha orientação sexual recentemente descoberta, mas não o faz. Rosa, apesar de sua inegável atratividade, nunca me afetou de maneira sexual. Isso me coloca em uma porcentagem muito minúscula de pessoas neste planeta, e é provavelmente a razão pela qual Rosa gosta de mim.

Alguém bate na porta do trailer.

- O carro está aqui para Montibeller e Guimarães! -

Estendo a mão e puxo Rosa para ficar de pé.

- Vamos acabar com isso - digo, com apreensão.

- Não é tão ruim, Gabi - Rosa murmura, e dá um tapinha na minha bochecha. - Você precisa trabalhar nas habilidades com pessoas, de qualquer maneira. -

Faço uma careta e ela ri, levando-nos para fora do trailer e parando no degrau mais alto com um gritinho de consternação quando a luz do sol atinge seu rosto. Ela se vira para Paula, que já está estendendo a mão para lhe entregar um par de óculos de sol que foram projetados com mais pensamento no estilo do que na funcionalidade. Ela os pega sem dizer uma palavra.

Balanço a cabeça, puxando meus próprios óculos de sol de onde descansavam em cima da minha cabeça e os deslizo no lugar antes de seguir Rosa e Paula descendo as escadas e entrando na limusine cinza onde duas pessoas do departamento de relações públicas da emissora já estão esperando.

The Role Of Herself - Sheibi (Adaptação)Onde histórias criam vida. Descubra agora