Acorda...

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NEFERTARI NARRANDO

Após acordar lentamente, meus olhos se ajustam à claridade do ambiente. Começo a lembrar de tudo o que aconteceu no dia anterior, mas me pergunto se ainda estamos no mesmo dia.

Ao olhar ao meu lado, vejo um homem deitado em uma maca recebendo soro. Meu coração dá um salto ao vê-lo ali, e perceber que é o Conrad.

Recordo-me do momento em que discutimos sobre adiar nossos planos de ter filhos. Ele reagiu com raiva, mas também parecia entender. No entanto, quando mencionou que eu não poderia mais participar de missões, aquilo me irritou profundamente.

Antes de tudo isso, lembro de ter conversado com Lin, que me contou sobre a falha em sua arma. Eu emprestei a minha para ela e combinei de levá-la para consertar. Porém, quando puxei o gatilho, esqueci completamente que estava com a arma dela, o que acabou me salvando.

Também me recordo do desespero nos olhos de Conrad quando coloquei a arma na minha boca e apertei o gatilho. Ele soltou o volante e me abraçou, mas antes que eu pudesse dizer ou fazer algo, já havíamos caído no canal.

As lágrimas começam a escorrer sem que eu possa contê-las. Choro compulsivamente, pois percebo que ele está passando por tudo isso por minha culpa. Se eu tivesse apenas conversado com ele como pessoas normais, nada disso teria acontecido.

Levanto-me e vou até ele, soltando as agulhas em meu braço e desconectando os fios que me ligam aos aparelhos. Coloco minha cabeça em seu peito e deixo as lágrimas fluírem.

-Por favor, acorde - suplico, agarrada a seu tronco. - Me perdoe, não era minha intenção. - Continuo chorando. - Vamos, seu marrento, levante.

-Não sou marrento - ouço sua voz e sinto sua mão acariciando meus cabelos. Olho para ele e Conrad sorri fracamente para mim. - Está tudo bem, pequena, só estava dormindo um pouco. Eu estou bem.

Eu o abraço com força e choro ainda mais, e só paramos quando a porta se abre.

-Que bom que vocês acordaram, eu e Adhala estávamos tão preocupadas - Dona Rosa entra e se aproxima de nós.

-Como eu já disse antes, está tudo bem - diz Conrad, e ela apenas sorri.

-É tão bom ver vocês juntos - seu sorriso aumenta e seus olhos brilham. - Vou mandar caçar o carro que fechou vocês no cruzamento e matar eu mesma. - O sorriso dela se torna macabro. (Medo)

Aparentemente, Conrad inventou uma história para explicar o acidente. Depois de Tia Rosa verificar como estávamos, descubro que já passava das 8:00 da manhã. Estávamos em uma clínica particular da Vendetta, e foi Conrad quem me tirou do carro antes de me afogar. Agora, nosso acidente é o assunto mais comentado da cidade.

Às 9:00, já estava em casa junto com Conrad, que insistiu que eu seguisse a recomendação do médico e ficasse pelo menos três dias em repouso, assim como ele.

Agora estou indo para a sala assistir a um filme, mas na verdade estava pensando em terminar de assistir aquela série de tronos. No entanto, me disseram que não vou gostar do final.

Ao passar pela biblioteca e olhar através da porta aberta, vejo meu piano lá, como se estivesse me implorando para tocá-lo, sabe? Já faz muito tempo desde a última vez que toquei, principalmente por falta de tempo, mas tenho tantas recordações associadas a ele que não consigo abrir mão.

Entro na sala e fico observando-o ali, sem perceber que não sou a única presente. Sento-me e começo a tocar. Escolho tocar "Für Elise". Acredito que a música transmita algo lindo para quem a ouve, um conforto semelhante a um abraço para aqueles que estão perdidos em meio ao caos dentro de si mesmos, em plena crise de ansiedade.

Os Anjos Da Máfia: A minha primeira damaOnde histórias criam vida. Descubra agora