Preferência

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_ Só um pouquinho, papa..._ Rafael fez biquinho, olhando para cima, os cabelos muito lisos escorrendo pela testa, e as mãozinhas gordinhas estendidas agarrando-se nas calças de Magnus.

O feiticeiro sorriu, carinhoso, e abaixou-se, tomando o pequeno no colo. Amava aquele pedacinho de gente mais do que a si, e tanto quanto amava Max, o outro filho, mais novinho ainda, que naquele momento dormia em um bercinho flutuante, que acompanhava Magnus por onde fosse na casa. 

Era sua maneira de ter certeza que o filho dormia sossegado. Não que fosse super-protetor, ou talvez até fosse, mas ter os filhos ao redor o mantinha em paz. Essa era a vantagem de trabalhar em casa. 

_ Bebê...papa não pode fazer isso por você agora… Podemos brincar de outra coisa. Que tal estrelinhas coloridas? Quer voar um pouquinho? _ tentou.

_ Não! _ o menino emburrou-se. _ Quero unhinhas da cor do papa _ reclamou, mostrando as mãozinhas para o pai.

O bruxo olhou para os dedinhos gordos e os pegou, beijando um por um. _ Papa não pode pintar as suas unhinhas agora. Vamos deixar isso para outra hora, está bem? _ falou com calma, o olhando nos olhos muito azuis.

Rafael fez uma caretinha triste, mas assentiu. Magnus e Alec vinham fazendo um bom trabalho com aquela duplinha. Rafael estava aprendendo a entender que nem tudo viria no momento em que quisesse, mas quando e se pudessem fazê-lo. Max ainda era muito pequeno para tanto, mas já vinha se mostrando esperto e curioso.

Magnus beijou o alto da cabeça do filho, no seu colo e o abraçou, apertado. 

E pensar que teve dúvidas quanto a ficar com os dois. Hoje, simplesmente não conseguia se imaginar sem eles. Sem os três.

Alexander era o grande amor da sua vida e ninguém tinha dúvidas disso. Juntos, conseguiram mudar um pouco o mundo das sombras e agora viviam em Alicante, a cidade que não recebia feiticeiros…no passado. 

Depois do casamento deles no instituto de Nova York, a Clave apenas teve de "abaixar a cabeça" à necessidade de mudanças. Alec nunca se mostrou tão aguerrido e principalmente atrevido, enfrentando quem fosse pelo marido. E isso deu força a outros povos, que se espelharam na sua luta e se se uniram a ele. 

Alec conseguiu o que ninguém ainda havia atingido até ali, a confiança de vampiros, seelies e feiticeiros, unindo os submundanos e se tornando seu líder e conselheiro. 

Atualmente, como inquisidor, era conhecido por suas decisões firmes e corretas. Era mais respeitado do que qualquer outro representante da Clave. 

Magnus tinha muito orgulho do marido e o amava verdadeiramente mais a cada dia de passava. Nunca cansaria de observá-lo dormir, ouvir suas histórias e vê-lo sorrir. Alec sorria bem mais do que quando se conheceram e era lindo ver as ruguinhas se formarem nos cantos dos seus olhos, quando o fazia.

Alto feiticeiro de Alicante, Magnus tinha muitas responsabilidades também, mas a que mais gostava nos últimos tempos era a de ser marido e pai.

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 O primeiro a chegar, por incrível que pareça, havia sido Max. O garotinho havia sobrevivido a um massacre em outras terras. Alec esteve no local e foi quem o encontrou, adormecido escondido nos braços de sua mãe morta. Não era raro o inquisidor voltar às suas vestes de caçador, preparar suas flechas e arco, e ir in loco ver o que queriam que soubesse apenas por meio de relatórios.

Ele ainda era um guerreiro e não tinha medo de enfrentar o perigo. Queria estar diante dele e dizimá-lo, para que não chegasse ao seu marido. Alec era completamente devotado a Magnus e deixava isso bem claro o tempo todo.

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