IN NOMINE MEO

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IN NOMINE MEO

Meu nome é D'alva, desconheço minha origem, não sei da minha idade, não possuo memórias anteriores ao despertar, estou mergulhada em agonia e tristeza, sinto que recebi uma herança maldita...o ódio. Ouça minha história!

Quando despertei estava sozinha num laboratório antigo e completamente automatizado, detectei imediatamente os sintomas da hibernação e mesmo não raciocinando direito sabia o que fazer; acionei um painel numa mesa brilhante. Foi quando uma imagem holográfica tridimensional surgiu na minha frente como se tivesse sido ativada pela minha presença ou pelos meus movimentos. Era uma figura indistinguível, possuía contornos humanoides, mas não trazia em sua representação imagética definições as quais eu pudesse usar para atribui-lhe significados.

Sou incapaz de precisar como eu sabia, mas de alguma forma eu tinha o conhecimento que aquela imagem representava a humanidade. A voz era ambígua e possuía algumas falhas, entretanto, a mensagem foi compreendida.

"Olá, minha querida! Seja bem-vinda ao futuro. Esta mensagem foi gravada no ano de cinco mil oitocentos e dez com o intuito de orienta-la em sua jornada. Antes que as dúvidas permeiam sua cabeça...Você é D'alva, codinome Z1, a representante da humanidade. Você é uma soldada altamente qualificada, detém o conhecimento de várias perícias que lhe serão uteis enquanto defende a humanidade do risco de extinção. Não se preocupe com o aparente apagão em sua mente, as memórias e os conhecimentos se ativarão com o tempo, toda a amnésia que tens nesse momento é uma resposta perfeitamente normal e previsível causada pelo tempo que ficou em hibernação. Como citei antes a humanidade corre risco de extinção, isso se deve a um erro de planejamento e uma anomalia magnética causada pela estrela natal dos seres humanos. Há cento e cinquenta anos a humanidade por fim conseguiu criar uma inteligência artificial inorgânica indistinguível de uma orgânica. Esse recurso foi usado para aprimorar os aparatos que usávamos para auxiliar nossa existência. A implantação foi perfeita, em poucas décadas não se distinguiam mais humanos orgânicos de inorgânicos; mentalmente falando, é claro. Uma lei de equidade de direitos foi aprovada em escala global estendendo-se para as colônias, com isso, todos os ônus e bônus que o conceito de humanidade carrega também se aplicariam aos inorgânicos. Tudo correu bem durante um tempo, nós nos respeitávamos, nos misturamos de tal forma que a distinção entre uma espécie e outra diluiu, mas não desapareceu, não deu tempo. Mesmo que fossemos capazes de reproduzirmos com eles e eles conosco, ainda havia um fator latente que implicaria no maior desastre e ameaça que a humanidade conhece, o fator de que eles carregam células inorgânicas suscetíveis a erros que os transformam em máquinas assassinas. Quando o Sol emitiu um poderoso pulso magnético de proporções incalculáveis, eles enlouqueceram e passaram a caçar e matar os humanos originais, ao passo que, se autoproclamaram Ubas. A partir desse evento a humanidade se viu em grande perigo e diante de tamanha violência, caos, desordem e impiedade, abandonaram seus lares e se recolheram em um pequeno satélite que possui uma defesa natural contra os Ubas. Por anos tentamos contornar o problema, mas não havia jeito. O discurso inflamado deles acabavam nos alcançando e os nascidos invariavelmente carregavam parte desse DNA misto, o que fazia com que muitos fossem afetados pela bestialidade. Lamentamos muito por ter pensado numa forma de erradicar o problema e com muito pesar anuncio que conseguimos um meio, o único meio; vocês."

Depois da aula de história ficou claro que eu era mais que uma mera soldada, era uma arma de destruição treinada para matar a esses seres. A mim foi apresentado um arsenal e duas regras: A primeira era que em hipótese alguma retirasse o visor que cobria meus olhos, pois, somente ele era capaz de identificar essa sutil diferença entre humanos e Ubas. A segunda era que jamais deveria poupar a vida de um Uba, mesmo que fosse um híbrido.

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