Primos - Capítulo 2

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Aviso: os *** indicam o início ou fim de um flashback. BOA LEITURA.

Hoje faz três anos que estou morando na Inglaterra, sim, eu consegui aquela bolsa, atualmente estou com19 anos, digamos que não sou a mesma, aprendi a lidar com os meus próprios sentimentos, para muitos estou...fria. Finalmente chegou o dia em que devo voltar para o Brasil, me formei em dança contemporânea que sempre foi minha paixão. Vou sentir falta daqui, muitas etapas da minha vida aconteceram nesse lugar, foi aqui que perdi minha virgindade, que eu cresci e passei de menina boba, a mulher. Uma mulher decidida que nunca mais vai permitir que podem nela daquela forma, alguém muito diferente daquela que fugiu do Brasil á três anos atrás. Hoje sou aceita e admirada, considerada linda pela sociedade, o que eu particularmente acho ridículo, porém posso dizer que mandei embora toda a minha baixa autoestima e agora sei bem o meu poder. Seduzir. Essa é a nova Layla Tunner, e em breve eles vão me conhecer novamente.

Nesse tempo que estive aqui, morei com a Leny, lembra, aquela amiga inglesa? Pois é essa mesma, por uma incrível obra do destino, ela morava sozinha, e quando vim pra cá, me hospedei no apê dela, mas ajudando com as despesas, é claro. Agora voltarei ao meu país, pra alegria de muitos e tristeza de um.

(...)

Depois de 12 horas e uma viagem extremamente cansativa, finalmente cheguei ao Brasil, Leny não para de pular ao meu lado e dizer o quanto estava com saudades de São Paulo, ela veio comigo, afinal nós duas já terminamos a faculdade e nos tornamos inseparáveis, não fazia nenhum sentindo ficarmos separadas. Olhando ao redor tenho que admitir que também senti falta desse lugar, da minha família, Troy meu pequeno campeão, agora está com 7 aninhos, como estou com saudade. Hoje é aniversário da Lexy, ela vai fazer 20 anos e tenho certeza que vai rolar um festão, ela sempre me dizia que seu aniversário de 20 anos seria lembrado , e o melhor, não iria ser permitido a presença de nenhum pai ou mãe, somente jovens e eu vou chegar lá de surpresa, mas não sem antes rever meus pais é claro.

Peguei um táxi rumo Higienópolis, bairro onde fica a casa dos meus pais, eu vou comprar um apartamento junto com a Leny e vamos dividir todas as despesas, mas por enquanto vamos nos hospedar na casa do papai e da mamãe mesmo.

Em pouco tempo chegamos em casa, tudo estava bem diferente, a casa tinha um jardim repleto de flores do qual eu não me lembro de existir quando fui embora, o parquinho em que passei toda a minha infância está velho e a maioria dos brinquedos se quebrando, me lembro de quando minha mãe me balançava naquele velho pedaço de madeira que antes eu podia chamar de balanço.

***

- Mais alto mamãe, mais alto. - digo sorrindo

- Ei Layla, se eu empurrar mais alto você acaba voando - disse minha mãe entre gargalhadas.

- Mas é isso que eu quero mamãe, voar, como um pássaro e ser livre.

- Quando você crescer, fará do mundo a sua pequena bola de papel meu amor, e será responsável pelos seus atos, poderá voar o quão alto quiser, mas até lá, vamos mais baixo com esse balanço - respondeu minha mãe e voltou a me balançar

***

Uma lágrima indesejada desliza pelo meu rosto, mas me apresso para limpar, Leny me chama desesperadamente e percebo que passei boa parte do tempo pensando no meio da calçada.

- Oi Leny? - digo acordando do transe

- Tava no mundo da lua é. Vamos entrar ou ficar paradas aqui? - pergunta desesperada

- Meu Deus como você é apressada! Vamos. - respondi e caminhamos até a porta de entrada.

Toquei a campainha e respirei fundo, é agora.

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