Capítulo 12 - O monge e a reconciliação

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Namjoon retornou a Kalav quase tão logo partiu, desta vez com um companheiro. Jungkook o encontrou nos estábulos enquanto ele desamarrava sua montaria. — Mudou de ideia, também? —Perguntou. Ele não achava que o Lorde o faria, mas Jungkook certamente entendia se o fizesse.

Namjoon entregou a sela e o cavalo a um rapaz novo com um olhar de expectativa. — Tenho muitas fraquezas, a indecisão não é uma delas. Nós vimos os sobreviventes Zhadir-Duo em nossa jornada e os galla estão seguindo-os. Como lobos rastreando um rebanho, pronto para abater os fracos e incautos. Mais da metade do reino de Zhadir-Duo está prestes a descer em Kalav.

— Como meus mensageiros relataram. Dificilmente podemos alimentar os que já estão aqui. — Seu olhar fixou-se no silencioso recém-chegado atrás de Namjoon. — Quem é?

— Um pouco de boa notícia no meio das más. — Namjoon fez um sinal e o outro homem avançou. — O monge sobre o qual lhe falei. Este é Choi Soobin.

Esbelto como um adolescente ao lado de Namjoon, mais musculoso, Soobin possuía uma gravidade tecida em cada fibra de seu porte. De sua postura à elegante construção de seus traços faciais, ele usava dignidade como uma segunda pele. Que fosse um monge a serviço de um deus não surpreendeu Jungkook.

O monge fez uma reverencia graciosa. — É uma honra, Vossa Majestade. —Disse ele em tom comedido.

— Bem-vindo a Kalav ... — Ele fez uma pausa, perguntando como o seguidor de uma ordem religiosa desconhecida era chamado.

Soobin inclinou os lábios como se tivesse ouvido os pensamentos de Jungkook. — Sou chamado pelo meu nome de nascimento ou minha
designação, Macari.

—O que significa, Macari?

Soobin encolheu os ombros. — Monge.

Namjoon sorriu. — Cheios de imprecisão poética, esses monges.

Jungkook riu pela primeira vez em dias. — Um traço admirável. — Indicou-lhes que o acompanhassem de volta à mansão. — Venha. Você pode quebrar seu jejum e satisfazer a minha curiosidade de como algo tão simples como um círculo rúnico aprisionaria os galla, mesmo por um curto período de tempo.

Eles se instalaram na sala do térreo, que se tornou o centro do planejamento e discussão de qualquer coisa envolvendo as defesas de Kalav e a capacidade de oferecer santuário. Uma bandeja de pão e carne fria finamente cortada foi trazida, juntamente com jarros de cerveja. Jungkook recostou-se na cadeira, com uma garra rodeando o aro do cálice enquanto observava os convidados. Namjoon comeu sem hesitar enquanto Soobin recusava.

— Que deuses você serve, Soobin?

O monge tomou um gole em sua cerveja antes de deixá-la de lado. —Um único deus. Faltik, o Único.

Namjoon mergulhou um pedaço de pão em sua cerveja antes de apontá-la para Soobin. — Soobin é um herege. —Declarou alegremente,
ignorando o olhar desaprovador do outro. Ele colocou o pão em sua boca e
engoliu com um gole de cerveja. —Uma fé estrangeira entrou em Azalar. — Ele apunhalou uma fatia de carne com sua faca. — Seus praticantes não falam sobre suas crenças. Não foi sancionada pelo rei.

Jungkook intrigado, se perguntou o que moveu um adorador a colocar toda sua fé em um único deus solitário, sem panteão atrás dele. Ele encheu a taça de Namjoon. — Você gosta de cultivar associações de riscos, meu amigo. Segue este Faltik?

Namjoon bufou. — Dificilmente. Prefiro proteger minhas apostas. Se um deus não ouvir minhas orações, posso apelar sempre a uma dúzia mais.

Mesmo as características solenes de Soobin relaxaram em um meio sorriso com a filosofia irreverente de Namjoon. — Assim diz o blasfemador. — Disse ele com aquela voz calma. Seu timbre fez Jungkook pensar em um
lago imóvel, apenas ondulado pelo deslizamento de um inseto ou pelo sussurro do vento sobre sua superfície.

O Rei Fantasma [Eternos 2]Onde histórias criam vida. Descubra agora