Capítulo Dois

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Marés


O sol já estava começando a clarear o céu mesmo que não estivesse visível no horizonte. Luffy já estava procurando pelos seus amigos havia algum tempo, mas todas as pessoas que estavam por perto eram funcionários do evento e alguns outros festeiros que haviam restado da noite. O garoto sentia dor nos pés por ter passado tanto tempo em pé, correndo de barraca em barraca, então só se encaminhou para o hotel, desejando desesperadamente um banho.

O caminho para o hotel não levou mais de dez minutos andando e chegando lá, o garoto pegou o elevador sozinho, imaginando-se dentro da banheira quente, por fim relaxando depois de uma longa noite. Assim que as portas do elevador se abriram, ele viu o longo e espaçoso corredor diante de si e em uma das janelas, Law estava apoiado, virado para fora.

Luffy foi até ele de maneira silenciosa e encostou na parede do lado do outro, na tentativa de anunciar de que estava ali sem assustar o outro – Luffy não costumava a ser silencioso ou delicado, mas tinha recebido ameaças demais da parte de Nami antes de fazerem o check-in.

— Moleque. — Law disse de um jeito arrastado, inicialmente o garoto achou que era por conta da bebida, mas quando encarou o mais velho, ele tinha um cigarro na boca.

— De onde saiu essa merda?

— Eu encontrei com o Sanji lá fora, ele me ofereceu e eu aceitei. — seus lábios deixaram a fumaça escapar enquanto ele dizia. A luz do Sol nascente estava iluminando o rosto de Law. Luffy não conseguia apagar as palavras dele, elas queimavam dentro da sua mente como uma lâmpada queima a própria imagem em olhos fechados. Não havia escapatória. E o coração do garoto martelando dentro do seu peito era a maior constatação daquilo.

— Não vai pro quarto? — Luffy queria escapar desesperadamente daqueles sentimentos que estavam fugiam da gaiola que era o seu coração, como pássaros desesperados para voar em liberdade.

Ao mesmo tempo, ele também queria se sentir livre e aqueles sentimentos pareciam ser a própria liberdade.

— Eu queria te ver antes de ir dormir. — a voz rouca de Law era um castigo, mas Luffy vivia de castigo, então ela era ótimo para os seus ouvidos. — E eu também perdi minha chave. Na verdade, eu tava pensando em a gente sair e ir dançar de novo.

Law jogou a bituca pela janela, provando que ainda não estava em suas plenas faculdades mentais – afinal quando ele viu Sanji jogar a bituca daquela forma, Trafalgar quase fez o loiro ir buscar com a boca.

Ele também fez questão de começar a cantarolar num tom mais alto do que seria socialmente aceitável às cinco da manhã, tudo isso enquanto dançava no meio do corredor.

Uma voz no fundo da cabeça de Luffy – alguns chamariam de razão, outras de impulsividade, mas Luffy chamaria de "Não-estou-pronto-para-morrer-nas-mãos-da-Nami" – fez ele agarrar Law pelo pulso e arrasta-lo para dentro do quarto antes que alguém tivesse chance de fazer uma ligação para reclamar para a portaria.

— Isso é um flerte, moleque? — a voz tremendamente sugestiva fez Luffy repensar duas vezes antes de responder aquela pergunta.

— Você tá fedendo, precisa de um banho. — um sorriso travesso apareceu nos lábios de Trafalgar. — Deixa a porta destrancada, vou ficar por perto caso você precise de algo.

— Você quer deixar a porta para poder ter livre acesso ao meu corpo?

— Você tá muito bêbado, em duas horas você vai se arrepender tanto.

Trafalgar riu, mas não discutiu. Ele andou pelo quarto que estava escuro por conta das pesadas cortinas fechadas, tirou a camisa no processo de caminhar até o banheiro da suíte.

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