Capítulo VII - CAMILLE

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Eu não acredito no que acabou de acontecer. Elliot sempre sendo inconveniente, já está me dando nos nervos. Agora eu vou ter que arrumar uma desculpa para explicar ao Gabriel que o meu irmão não sofre com problemas de raiva. Mas nem eu tenho mais tanta certeza disso.

- Gabriel, me desculpa - digo, constrangida. - Meu irmão é um completo idiota, não liga.

Vou até a estante de livros que tenho em meu quarto e pego o livro de matemática na prateleira de baixo. As prateleiras vão de acordo com minhas prioridades, se gosto de um livro, eu o guardo no topo da estante. Obviamente, todos os livros da escola estão na última prateleira. Porque apesar de eu ser boa com os estudos, não é uma coisa que eu goste de fazer.

- Não é sua culpa, Cami. - ele diz, depois de um tempo - Tem uma razão para ele ter agido daquela forma. Eu fiz alg...

Eu o interrompo e o puxo até a cama onde nos sentamos, já que não tenho cadeiras suficientes na escrivaninha.

- Você não precisa me contar, Gabriel, - digo, abrindo o livro de matemática. - seja lá o que for que aconteceu entre vocês dois, não é da minha conta.

Gabriel parece estar mais aliviado agora que eu disse isso. Então começamos a estudar. Ele me diz quais são as suas dúvidas e eu respondo a todas elas com facilidade. O tempo passa e quando percebo nem estamos mais falando sobre a matéria. Estamos rindo, contando piadas sobre nossos piores momentos no ensino fundamental, que agora nem parecem tão ruins.

- Sabe, - ele diz, parando de rir - você não mudou nada. Ainda é a menina mais inteligente da escola e continua linda.

Percebo que estamos mais perto. Perto até demais. Ele mexe em meus cabelos enquanto aproxima seu rosto do meu, tentando me beijar, mas, por alguma razão, não consigo retribuir e então viro o rosto.

- O que foi?

- Nada, é só que... - digo, me levantando da cama. - Eu pensei que nós fossemos estudar, só isso.

- Sim, mas já estudamos. - ele diz. Agora ele está em pé e se aproxima novamente - Pode me perguntar qualquer coisa, e eu vou responder fácil, fácil.

Ele me puxa pela cintura e me beija. E na mesma hora sinto algo no meu estômago. Mas não é algo que uma garota deveria sentir quando o garoto que ela gosta a beija. Me sinto enjoada, como se estivesse prestes a passar mal. Tento me soltar mas ele me segura forte.

Quando percebo, estou deitada na cama e ele está em cima de mim. Eu o empurro, mas não obtenho nenhum sucesso. Estou apavorada. Ele levanta meu vestido enquanto beija meu pescoço e é então que junto forças e consigo tirá-lo de cima de mim. Ele cai da cama, e bate com a cabeça no criado-mudo.

- Ai! - ele grita - qual o seu problema?

- Eu é que devia te perguntar isso! - digo, me levantando da cama apressada e arrumando o vestido - Eu disse não!

Na mesma hora a porta se abre e Elliot e Nicolas entram no quarto.

- O que ta acontecendo?! - Elliot chega, já gritando.

- Nada. - Gabriel é o primeiro a se pronunciar. E, de repente, sinto ainda mais nojo dele.

Eu o olho com desprezo e Nicolas percebe. Ele segura meu ombro me olhando nos olhos e eu me sinto segura, na mesma hora.

- Ele fez alguma coisa com você?

Não respondo de imediato. Primeiro olho para Gabriel e depois para Elliot. Acho que já tivemos problemas demais para um dia só. Não quero causar mais nenhuma confusão, então minto.

- Não - digo, desviando o olhar. Sinto que se encarasse Nicolas agora, ele saberia que estou mentindo. - Ta tudo bem, ele já estava de saída.

Gabriel se levanta do chão e sai do quarto com a mão na parte de trás de sua cabeça, provavelmente onde atingiu o criado-mudo.

- Eu te acompanho - diz Elliot num tom desagradável, e sai em seguida.

Estamos eu e Nicolas no quarto agora. E ele me olha da mesma forma que me olhava há alguns segundos. Como se estivesse esperando uma resposta. Mas também está inquieto, e começa a andar de um lado para o outro.

Não consigo encará-lo, ele sabe que menti. Vou até a cama e me sento. Nicolas se senta ao meu lado, em seguida.

- Cami, eu quero que você saiba que você pode me contar qualquer coisa. Se ele fez alguma coisa com você eu quero que você me conte. - A respiração dele está ofegante e então olho para ele, mas não consigo dizer nada e nem preciso. Meus olhos estão lacrimejados.

- Eu sabia! Eu sabia... - ele diz, voltando a andar de um lado para o outro - Eu avisei a Elliot para não deixar vocês dois sozinhos. Eu avisei.

- Nicolas... - Tento interrompê-lo. - Não foi nada demais, eu juro, ele não fez nada demais...

- Não interessa, Cami! Ele não tem o direito de tocar em você ou em qualquer outra garota!

- Eu sei... - Não consigo mais segurar, então eu choro.

- Aquele filho da mãe vai pagar por isso, Cami...

Ele percebe que estou chorando. Sei disso porque ele parou de andar de repente. Sinto seus braços em volta de mim, enquanto me abraça.

- Ta tudo bem... Você vai ficar bem.

- Nicolas, você não vai atrás dele. E nem vai contar ao Elliot sobre isso. - digo, ainda chorando. Mas ele não me responde, apenas me encara e percebo que está com raiva. - Promete?

- Você não pode me pedir isso, Cami. - ele me responde enquanto enxuga minhas lágrimas.

- Eu já pedi, Nicolas. Promete?

Ele não responde de imediato. Fica me olhando como se lhe tivesse pedido algo impossível, até que, enfim, diz:

- Ta bem! Prometo.

- Obrigada. - Agradeço, enxugando o resto das lágrimas, não percebi que estava chorando tanto. Nem sei se devia estar chorando tanto. Já não sei mais de nada.

Vou até a cama e pego os livros. Depois os coloco no lugar em que estavam antes disso tudo. Elliot está aqui agora. Ele não diz nada, mas sei que está magoado. Porque eu estou magoada. Então tento sorrir.

- Só eu que estou com fome? - digo, tentando soar animada. - Ah, acabei de lembrar que tem pizza para assar na geladeira.

- Acho que vou passar essa, preciso voltar para casa, já ta ficando tarde. - Nicolas diz. - Fica para a próxima.

Nós três descemos e nos dirigimos a porta. Elliot e Nicolas se despedem e depois meu irmão vai para a cozinha preparar a pizza.

- Você vai ficar bem? - Nicolas me pergunta, antes de sair da casa.

- Vou sim. - respondo. - Obrigada, de novo.

Ele me responde com um aceno de cabeça que retribuo com um sorriso tímido, e então ele vai embora.

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⏰ Última atualização: Jun 11, 2015 ⏰

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