V
A luz da lua ilumina o quarto da enfermaria, já estava de noite quando em uma olhada aos lados do cômodo, quase vazio de pessoas com poucas presentes que dormiam. Kai se levanta, seus dois braços estavam já enfaixados em volta dos cortes, sua cabeça doía levemente por conta do remédio viscoso que havia tomado para a dor e regeneração de seus pequenos hematomas.
Uma nuvem passa cobrindo a lua fazendo com que o quarto voltasse a uma rápida escuridão, nesse momento, Kai começa a devagar pisar com o cuidado para não esbarrar entre as camas em direção a porta. Seu objetivo era sair rápido dali e fugir, a voz da Senhorita Erin ecoava em sua mente repetidas vezes dizendo o que havia falado horas antes: "Por que diabos vocês dois brigaram? Que tipo de criança é você Rulio? Tentando matar um de seus colegas depois de o provocar!".
Os gritos que havia dado a Kai também foram bem assustadores, o beliscão em sua bochecha antes de o mandar repousar-se na cama da enfermaria quando não quis engolir do remédio. Aquilo até poderia ser cômico por um segundo se Sarah tivesse presente.
Um susto faz com que o garoto se desequilibrasse entre um leve passo e outro, o ronco de Rulio que dormia profundamente feito uma grande rocha em uma das camas próximas o fez cair com a mão e pés de uma criança que dormia naquela cama. Em uma rápida levantada, Kai olha assustado para o pequeno menino que se levantava coçando o olho esquerdo com as costas da mão fechada.
- Hm? Quem me acordou? - perguntou o menino olhando com o outro olho sonolento. Ele não parecia ter mais do que 5 o 6 anos, também tinha um cabelo tigela liso escuro, Kai sabia sem certeza alguma que o nome dele era algo como Austin. Um menino frágil que vivia doente de resfriados.
Kai fez questão de por seu indicador verticalmente nos lábio e pedir com um shiu o silêncio ou fala baixa da criança. O garoto logo levanta um sorriso percebendo ser Kai, ele olha para os lados percebendo que todos dormiam.
- O que você está fazendo? - perguntou baixo novamente o olhando.
- Nada, volte a dormir - respondeu um pouco apreensivo.
- Não sei não, você está indo a algum lugar que eu sei, eu vou contar a senhorita Erin.
- Não - falou ainda baixo de modo agressivo olhando ao arredores do quarto - você vai ficar quieto e voltar a dormir.
- Senão vai me bater? - perguntou a criança segurando seu fino cobertor demonstrando um leve medo misturado a uma ponta de coragem - como fez com Rulio?
- Não, não, quero dizer.... Ah, não te devo explicações, irei sair sim, Austin.
- Austino, Aus-ti-no - corrigiu o pequeno.
- Irei sair... Austino. Prometo trazer algo pra você - Kai da outro passo de modo cuidadoso girando sua face em direção a porta olhando atentamente a maçaneta.
- Espere! - disse um pouco alto demais logo já conferindo se havia acordado outro que ali descansavam - você vai sair para fora?
- Sim, você não havia percebido? - perguntou novamente parado.
- Eu achei que... Que você iria para algum outro lugar daqui da casa.
- Não, eu pretendo sair para depois do bosque. Quero pegar flores para dar de presente pela manhã a senhorita Erin, ela está... - Kai rapidamente pensa que talvez não devesse contar, sobre o que ouviu mais cedo da conversa entre Erin e o Barão Kaiser a Austino - com dor de barriga e eu quero ajudá-la presenteando com flores para que beba do chá dessas flores, assim ela melhore.
- Ela não me parecia doente - falou em uma careta pensativa em direção ao teto.
- Pois sabe esconder. Preciso ir logo, por favor peço que não conte a ninguém - ele novamente começa a andar afastando-se aos poucos. Com sua mão direita ele segura a maçaneta esférica e a gira abrindo a porta levemente com um pequeno ranger.
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O Choro dos Órfãos
Fantasy[Aviso de Gatilho] Kai. Um nome curto, mas em compensação, cheio de aventuras e desventuras. Sendo um sobrevivente da Queda de Nidila, foi criado junto com outras crianças Nidilianas em um medíocre orfanato ao oeste de North Lorfic. Certa manhã, apó...