Capítulo Único

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nota inicial: a doença citada aqui é realista só até certo ponto, eu mudo um pouco pra ficar mais triste :)

tw: ataque de pânico (implícito), suicídio (implícito), pensamentos intrusivos (semi-explícito), me avisem se faltar algum aviso!

obs: essa história possui um tempo semi-psicológico e elementos de reencarnação, então é muito fácil se perder

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"Deixa de ser pessimista, Aether!"

O dia de Aether havia começado da mesma forma que sempre. Era um dia ensolarado, os pássaros já estavam cantando e tudo lá fora parecia incrível, mas ele não sorri. O ambiente estava tão cinza quanto costuma ser. As únicas coisas que traziam um pouco de cor e luz ao seu mundo eram seus irmãos, Dains, Lumi e Paimon.

Sua irmãzinha de dez anos, Paimon, insistia que deveria parar de ser pessimista e começar a acreditar que voltaria a viver. (Porque isso não é vida - Sussurrava uma voz em sua cabeça) Mas o loiro não estava sendo pessimista, ele estava sendo realista. Mas, claro, ele não seria o único a quebrar a expectativa da garotinha. Insensível da parte dele dizer isso, mas seus irmãos que se virem para explicar para Paimon que o mundo não é um mar de rosas. Ou melhor, um mar de dandelions.

Aether se distanciou um pouco da realidade, se sentindo triste com o pensamento, sabendo que jamais seria capaz de soprar dandelions novamente. Ele teve vários sonhos durante o período que esteve (está) internado. Entre eles, um de seus mais queridos sonhos é o que ele está em "A Raposa no Mar de Dandelions". Ele era uma raposa, carregada pelas dandelions que ele mesmo soprara, sem preocupações. Sentia a brisa calmante roçando sua pelagem, sempre sorrindo com uma paz imensurável. Ele não consegue se lembrar de como o sonho termina, mas certamente é um ótimo final, já que sempre há a sensação de conforto remanescente quando acorda.

O loiro voltou a si quando sentiu uma bandeja ser depositada em seu colo. Ele olhou para cima e viu Lumi olhando para ele com olhos preocupados. Era uma refeição leve, desde que não podia comer nada pesado: um ensopado de gemas - provavelmente feito por Lumine -, água e um suco natural de uva. No canto da bandeja, havia um pequeno cartão que desejava melhoras. O cartão havia sido assinado por todos os seus amigos. "Fiz isso para você" – Disse ela, comprovando sua suposição.

Lumine exigiu que Dains se levantasse da cadeira ao lado de Aether para poder conversar com ele. O loiro mais velho concordou imediatamente, se levantando e indo em direção a uma Paimon agitada que tentava roubar pedaços da comida.

Sua irmã gêmea começou a o atualizar sobre tudo que aconteceu nos últimos meses em que esteve fora, e, embora quisesse prestar atenção, Aether se distanciou de novo.

Meses. Já fazem meses que está no hospital. (Uma parte sombria dele o faz pensar que talvez teria sido melhor ter morrido no início.) Ele havia acabado de fazer dezenove anos, havia acabado de entrar na faculdade cursando Desing Gráfico e foi obrigado a parar no meio do caminho. (Ele está ouvindo seus batimentos cardíacos muito alto, ou o monitor cardíaco está quebrado?). Aether não quer morrer. (Ele está cansado.). Aether não quer morrer, mas ele não consegue respirar. (Quando os pássaros pararam de cantar?). Ele não percebe o olhar de pânico que Lumine e Dains trocam, enquanto Paimon o sacode.

Incapaz de compreender todo o movimento ao seu redor, a última coisa que o loiro vê antes de apagar são os olhos lacrimejantes de sua irmãzinha.

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Quando acordou, horas depois, Aether foi cumprimentado por uma enfermeira ajeitando o soro. "Olá, hoje de manhã você teve uma crise de pânico, seus irmãos tiveram que sair pouco depois. Mas não se preocupe, sua saúde não foi afetada e seus irmãos voltarão mais tarde. Mas temo que teremos que marcar uma consulta com um terapeuta para você, se concordar." – Ela lhe deu um sorriso caloroso enquanto falava.

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