Joe

16 0 0
                                    

Antoni Matricardi abre seus olhos verdes vendo o teto de madeira do seu quarto. Na sua cama, 2 mulheres que ele pagou, dormem tranquilamente. Ser afilhado de Don Matricardi trás regalias.

Ele levanta da cama e se olha no espelho sujo. Antoni é um italiano alto de ombros largos, cabelos pretos que chegam no ombro, bem volumosos e um bigode bem aparado que realça seu maxilar.

Coloca sua camisa vermelha, ajeita o coldre no cinto. Cobre a camisa com uma jaqueta de camurça preta, calça também preta, botas de couro preto e esporas de couro vermelho. Se admira no espelho e finalmente coloca o chapéu branco.

Já no bar do salloon da família, pede um bourbon e se escora no balcão olhando os clientes entrarem. Giovani, o barman atrás do balcão puxa a conversa.

— Buongiorno capo Antoni, já sabe do trabalho de hoje? — Cumprimenta o jovem Matricardi que olha pra ele sem entender direito.

— Scusa, qual è el lavoro? — pergunta com uma cara de espanto.

— O Don mandou todos irem roubar algo, não importa o que for ou com quem você vai roubar. Aparentemente ele quer comprar mais um salloon. — Disse calmamente enquanto esfregava um pano no copo o limpando.

— Que diabo homem, por que não foi me acordar no quero mesmo? — Falou olhando prós olhos do Giovani. É um homem de estatura média, cabelo bem aparado num degradê e um volumoso bigode grosso. — Vou chamar Mateo e Antoni para irmos roubar juntos em alguma outra cidade. Buena Vista não pode perder dinheiro, vou levar eles pra região de Aspen, Buongiorno e grazie.

— Certo chefe, vou deixar os outros avisados da sua saída. — Enquanto falava isso Antoni já estava no batente da porta, trompando apressado num cliente.

Os 3 já em seus cavalos, e devidamente armados, partem em direção a Aspen. Pensaram em fazer alguns roubos pela estrada. Com a informação sobre o caminho das diligências que levam dinheiro do banco, resolveram atacar uma delas, que é bem protegida.

Roubaram e mataram viajantes pelo caminho. É um trio de bandidos bem treinados e experientes no roubo. Hora Mateo se arrasta pela estrada gritando de dor, exclamando que foi picado por uma cobra. Quando o viajante desce do cavalo, os outros dois surgem da pastagem com a arma apontada pra cabeça do infeliz.

Eles são arruaceiros sem honra que brincam com a segurança dos cidadãos. Os poucos que tentam reagir ou correr levam disparos inconsequentes. Numa dessas, depois de já terem tirado o homem do cavalo e atirado nele, Antoni disparou 3 vezes no peito do cadáver fazendo os outros dois se assustarem.

— Que porra é essa Antoni? Quer me matar do coração caralho? — Vincenzo grita, virando pra ele irado.

— Tá ficando louco porra? Eu já tinha atirado nele. — Mateo também virou pra ele.

—Eu vi ele se mexer. — Disse com uma voz séria  depois soltou uma gargalhada que foi acompanhada por seus amigos.

São assassinos que matam a sangue frio sem nenhum remorso. Conseguiram juntar 50 dólares durante o caminho até a encruzilhada que iria passar a diligência.

Na encruzilhada, preso na placa que indica que Aspen fica a leste, um cartaz de recompensa pela cabeça de Antoni Matricardi, Mateo desce do cavalo e pega o cartaz.

— Olha tá valendo muita coisa em?! — entregou pro Antoni e foi procurar um mirante pra ver a diligência vindo. — 150 dólares, vivo ou morto, não é pra qualquer um. Felizmente ninguém conseguiria chegar perto de você.

— Talvez o máscara branca conseguiria. — Vincenzo murmurou olhando pra placa.

— Quem é esse tal de máscara branca? — Antoni perguntou se ajeitando no cavalo.

— Vincenzo stai zitto, não é nada Toni. É só uma lenda que forasteiros contam. — Subindo no cavalo e puxando a rédea pra um lugar que seria bom.

— Toni, eu acredito no nosso Deus mas esse máscara branca só pode ser o Diabo. — Vincenzo disse e cuspiu no chão. — Ele só pega as recompensas mais caras e nunca entrega eles vivos.

— Questa è storia Vincenzo, nós os Matricardi. Ninguém nunca vai encostar na gente. Aliás ele precisaria existir primeiro, eu nunca ouvi falar dele. — Antoni também saiu seguindo Mateo.

— Andiamo Vincenzo, não podemos voltar de bolsos baixos, já estou vendo eles chegando. — Mateo gritou de uma parte mais alta com melhor visão pro extenso vale, já mascarado.

É uma carruagem de ferro, puxada por dois cavalos fortes guiado por um guarda. São 4 homens em cavalos distintos, dois à frente e dois atrás. Quando eles chegam na posição marcada pelos jovens ladrões, uma dinamite explode a frente jogando terra pra cima, fazendo os guardas pararem.

De dentro da carruagem saem 3 homens armados procurando ajudar seus colegas. Não sabendo de onde nem como, um tiro acerta e mata o cocheiro que se debruça nas travas das rodas. Mateo e Vincenzo cruzam a trilha por trás da carruagem, cada um matando dois guardas e logo voltando pra mata pra se esconder. Os guardas restantes entram em choque vendo a morte em sua direção. Antoni mata os três restantes e estoura o cofre com um tiro.

Encontram 650 dólares em espécie, munição e algumas jóias que devem valer em torno de 100 dólares com o cara certo. O roubo total deles fica 800 dólares, Antoni separa e guarda 400 dólares pra família e o restante divide entre os três. Antoni fica com 150, Mateo com 125 e Vincenzo com 125 também.

Pra comemorar o roubo bem sucedido eles continuam pra Aspen, chegando algumas horas antes do por do sol. Eles procuram um hotel bom, tomam banho e vão para o salloon da cidade. Gastam com bebida, meretrizes e jogos de azar. No meio da partida de poker, perto da noite chegar, eles percebem a música parar e a barulheira das conversas cessarem.

Ele está ali na frente deles, a lenda não é só uma lenda, é de carne e osso. Ele está bem na frente deles, eles ficam com medo por suas vidas e com razão.

— Toni, eu não quero morrer, vamos embora desse lugar porra. — Vincenzo segurou o braço do Antoni e começou a levantar.

— Vincenzo, smettere di urlare ! É melhor a gente ficar escondido aqui. — Mateo disse puxando o Antoni de volta pra mesa.

— I tuoi animali , nós estamos numa  cidade desconhecida para nós. Aqui você só é uma cabeça a prêmio Antoni, Andiamo  caralho. — Vincenzo puxa os dois pra levantar.

Antoni concorda, os três saem do bar sobem em seus cavalos e rumam em disparada para Buena Vista, cidade que a base da família fica.

Ele correm assustados mas não é o suficiente, eles atiram no homem os alcançando mas aquela porra de máscara branca parece intocável.

O homem mata os três e rouba todo seu dinheiro. Seu nome é Joe Mac Miller. Pra muitos ele não existe, dizem que é só uma fantasia que atormenta bandidos mas ele é um ser de carne e osso que faz seu trabalho com calma e eficiência. Rastreou Antoni desde Buena Vista e pelo rastro de sangue e morte que eles deixaram.

Joe pega o corpo de Antoni e o joga no lombo de seu cavalo. Diamante sempre fiel, ganha uma bela escovada e duas cenouras pela correria. Deixa uma lembrancinha nos corpos dos dois homens e segue viagem.

Ele leva o corpo de Antoni pro sheriff com o cartaz de recompensa em mãos. Já no sheriff, ele entra deixa o corpo numa carroça dos fundos, como de praxe. Pega seu pagamento na mesa do sheriff sem falar uma palavra e vai pro acampamento improvisado que fica próximo a cidade.

Você leu todos os capítulos publicados.

⏰ Última atualização: May 26, 2022 ⏰

Adicione esta história à sua Biblioteca e seja notificado quando novos capítulos chegarem!

O OesteOnde histórias criam vida. Descubra agora