Capítulo I

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(POV: Flávia)

Louca. Impulsiva. Perdida.
Assim descreviam os poucos amores que Flávia teve em sua vida. A verdade é que ela não se importava. De fato, sentia que era um pouco de cada uma dessas palavras.

As pessoas geralmente possuem os mesmos desejos e ambições, elas desejam se casar, formar uma família, ter filhos bonitos... elas anseiam dinheiro. Mas poucas realmente procuram o amor em seu sentido mais filtrado, sem segundas intenções por trás. Foi o que a jovem buscou durante algum tempo de sua vida, até perceber que talvez ele não exista. Foi quando passou a procurar o mesmo que os demais, um final feliz.

Ulisses se aproximou do seu rosto, deixando um beijo em seus lábios e tirando Flávia do seu estado reflexivo. Ainda desestabilizada com a sensação que o garoto acabara de lhe proporcionar. Ela inverte suas posições, ficando por cima dessa vez, seus dedos percorrem levemente pelo peitoral dele até chegar ao local desejado por ela.

- Sua vez. - Diz com a voz manhosa que ela sabia que ele tanto gostava ouvir.

♡°♡°♡

Flávia sentia que realmente poderia ter algo mais sério com o rapaz, talvez um dia. Talvez quanto estivesse pronta e livre para assumir algo.
- Pensei que não vinha mais - diz Ulisses, um pouco desconfiado, ao entregar um copo com água, sentando-se na cama logo em seguida - até pensei em te ligar, mas achei melhor esperar você me procurar.
- Precisava desse tempo, tinha algumas coisas para resolver.

- E resolveu? - Flávia notou a segunda intenção escondida na pergunta do rapaz. Se ele ao menos soubesse na roubada que se meteria se ficassem juntos de verdade...

- Importa? - a garota encosta a cabeça na cabeçeira da cama enquanto estica seus pés para alcançar o peitoral do rapaz, lançando um olhar que sempre funcionava quando almejava uma "segunda função". Se tem uma coisa que ela aprendeu com maestria em sua vida era como evitar temas indesejados.

(POV: Guilherme)
Guilherme avista pernas caminhando em sua direção antes de levantar sua vista e encontrar aquele rosto que ele já estava tão familiarizado, afinal, seus encontros com a Doutora Gilda estavam se tornando um hábito bem mais frequente do que deveria ser saudável.

- Doutor Guilherme, - o médico se levanta do sofá confortável da recepção para cumprimentar a analista - imagino que esteja aqui pelo mesmo motivo de sempre.

À essa altura estava claro que ela já havia se habituado aos seus "problemas" e, estava mais claro ainda, que isso a assustava um pouco.

Guilherme sentou na poltrona de sempre. Um pouco longe da analista, o que o deixava mais seguro para desabafar, como se estivesse sozinho e, ao mesmo tempo, de frente para a grande janela de vidro que ocupava quase toda parede da sala, onde podia observar muitas pessoas passando lá embaixo. A distração perfeita.

- As lembranças estão ficando cada vez mais vivas na minha mente. Estou ficando louco, não estou? - o médico falou com calma.

Ele repetiu esta última pergunta mil vezes para si mesmo nos últimos dias e, para ser sincero, sua resposta era não, ele não estava ficando louco.

- Sinceramente, Guilherme, vou quebrar meu protocolo e falar com você como amiga - Dra. Gilda, que parecia mais preocupada do que o habitual, se ajustou na cadeira, retirando seus óculos antes de continuar - Você diz que são lembranças, mas é impossível lembrar de algo que não aconteceu. Você estava sozinho nesse avião, teve um vôo tranquilo, o avião não caiu. Nos resta a opção que venho te falando nas últimas semanas. - ela fez uma pausa antes de continuar - Veja bem, uma garota aleatória, duas personalidades públicas que você possivelmente já viu na mídia, um vôo que você provavelmente sentiu receio em pegar... Gilherme, isso tudo é mero fruto do seu subconsciente, informações aleatórias e sem fundamento algum. Essas lembranças podem ser sonhos esquecidos e que estão vindo à tona.

Lobo Está? - FlaguiOnde histórias criam vida. Descubra agora