Capítulo 7

32 0 0
                                    

Sexta-feira, 4 e 15 da tarde

Depois de processar todo o material dos atendimentos, levando a sério a máxima do "que se quer algo bem feito, faça você mesmo", Kevin olhou para o Tag Heuer do pulso e lembrou da obrigação do fim de semana, que começaria naquela hora. Então, rapidamente se desfez do equipamento de proteção individual, pegou a chave do carro e foi pegar os irmãos na escola.

"Cheguei. Vem pra fora", disse o dentista, por mensagem enviada aos irmãos mais novos, que acompanhados de Miley, rapidamente entraram no Range Rover.

— Doc, você não se importa de eu vir junto, né?
— Não, até porque minha próxima paciente é você.

Demi pegou o celular do irmão no console do carro e não segurou a risada, ao ver o que tocava no iTunes: o Greatest Hits do *NSYNC.

— Me fala, Kevy, como eu te levo a sério?
— Te respondo daqui a pouco, Demetria.

Demi lançou um olhar maroto para a melhor amiga, que estava sentada no banco de trás, que entendeu a mensagem silenciosa. Kevin também entendeu, mas não disse nada. Escorpianos destilam sua fúria na hora certa.

Momentos depois, com Miley Cyrus já na cadeira, Kevin lembrou porque preferia trabalhar com pacientes adultos: os menores de idade raramente colaboram com o tratamento.

— Você não tá usando os elásticos.
— Não, eu tô, sim.
— Não mente pra mim, Cyrus. Tá na sua cara, ou melhor, na sua boca que você não tá usando os elásticos. — O doutor manteve o tom sério e o olhar congelante. “Tenho dó dos futuros filhos dele”, pensou Miley. - Aliás, vou ter que te encaminhar pro perio de qualquer forma.

Depois de Miley, o paciente seguinte foi Nick. O menos pior entre os três, na classificação do dentista. “Daqui a uns 3 meses já dá pra começar a intercuspidação… Aliás, eu mereço um caso que não dê trabalho, né?”, pensou.

A última, era a paciente “preferida” do Dr. Jonas: Demetria Jonas! A relação de cão e gato de Kevin e Demi se intensificava entre as quatro paredes do consultório. Sempre rolava um dedo mordido, uma gengiva cutucada, ofensas pueris e ameaças como tratamento de canal sem anestesia e “vou contar pro papai”.

— O que você mordeu pra quebrar o tubo do aparelho? - Perguntou o doutor, batendo no dente em questão com o espelho clínico. — Não minta pra mim.
Demi revirou os olhos e respondeu:
— Um milho de pipoca, ok?
— O que eu faço com você?! — Suspirou Kevin num tom quase paternal.
— Tira essa porra da minha boca, põe um Invisalign e me deixa ser feliz?
— Mas nem fudendo! — Kevin nunca ia deixar os irmãos passarem pela adolescência sem o rito de passagem ortodôntico.

Depois de colar um novo tubo ao dente, o dentista jogou todo o instrumental das últimas três consultas na cuba ultrassônica, atirou os descartáveis no lixo e tirou as lupas, reclamando internamente do embaçamento das lentes por causa da máscara.

Ao final das consultas, os irmãos Jonas e Miley acabaram pegando o elevador com ninguém mais, ninguém menos, que Giulianna Stewart, que cumprimentou os presentes com a simpatia costumeira.

— E aí, são esses os donos do seu fim de semana? — Perguntou, lembrando do choramingo do dia anterior na cobertura do prédio.
— Os próprios — Respondeu Kevin, sem conseguir tirar os olhos da boca e dos peitos da morena.
— Vocês viram o jeito que eles estão se olhando? — Comentou Nick, aos sussurros.
— O Kevin tá comendo a mina com os olhos — Respondeu Demi, no mesmo tom.
— Também, pudera! Uma gostosa dessas! — Miley enalteceu a médica.

Giulianna e Kevin olharam os adolescentes, depois um para o outro, e deram um meio sorriso, como cúmplices de um crime perfeito.

Ao chegarem na garagem, todos se despediram, entraram nos respectivos carros e seguiram para seus destinos. Dessa vez, Nick foi no banco da frente.

Bad MedicineOnde histórias criam vida. Descubra agora