Capítulo 3

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Na família Jonas, o domingo não tinha outra programação senão reunir a família toda para o almoço. Paul e Denise Jonas sempre trabalharam muito, por isso o domingo era sagrado.

Paul Jonas era CEO de um discreto, porém profícuo, banco de investimentos. Um gordinho amigável e dono de misteriosos olhos verde escuros. Já Denise era uma linda e respeitada médica pediatra.

Como a boa mãe italiana que sempre fora, Denise preparou um delicioso spaghetti à puttanesca para sua família: seu marido e seus filhos, Kevin, Demetria e Nicholas (sendo os mais novos, gêmeos fraternos).

- Mãe, cheguei com o vinho - Gritou Kevin, da porta do elevador, que dava para a sala de estar da cobertura dos Jonas na Park Avenue.

- Bonito! Não apareceu nem ligou pra mamãe a semana toda! - Denise abraçou o primogênito, não deixando o drama materno de lado.

- E aí, não vai dar um abraço no seu velho? - Disse Paul, levantando-se de sua poltrona.

- Você fala como se tivesse uns 75 anos, pops - Resmungou Kevin, abraçando o pai, que tinha 53 anos. - Cadê o resto do povo dessa casa?

- Seus irmãos estão nos respectivos quartos. Aliás, você não quer tirar o Nicky da cama? - Sugeriu a matriarca.

- O Nicky não tá dormindo - Disse Demetria, descendo as escadas do apartamento. - Ele nem jogou ontem à noite.

Demetria, ou melhor, Demi Jonas, era uma típica patricinha de 15 anos do Upper East Side. Ou quase. Que adorava uma grife, era mimada e conseguia tudo o que queria era fato, mas a morena enfiara na cabeça que queria ser médica cardiologista desde a primeira infância. E trabalhava duro para isso.

- Kevin, pega a Sandy pra mim! - Gritou Demi ao ver sua cadelinha biewer terrier correndo escada abaixo.

- Vem aqui, garota - o dentista prontamente pegou Sandy no colo. E teve o rosto todo lambido por ela.

- Não sei como ela consegue gostar de você - Provocou Demi, pegando sua bolinha de pelos longos de volta e recebendo olhares repreensivos dos pais.

O motivo da birra de Demi com seu irmão mais velho era um só: o aparelho ortodôntico. Não que os motivos normais de irmão mais velho x irmã mais nova não existissem, mas Demi odiava igualmente o aparelho e o fato de ser irmã mais nova de seu ortodontista, com doze anos, nove meses e quinze dias de diferença. Afinal de contas, custava por Invisalign?

Nicholas, ou melhor, Nick Jonas desceu as escadas também correndo atrás de seu golden retriever, Elvis. O jovem de quinze anos, cachos castanhos e carinha de anjo era o xodó das meninas da Dalton School, embora não se prendesse a ninguém. Sua rusga com o irmão mais velho era consideravelmente menor do que a de sua irmã gêmea (que era, literalmente, sua outra metade), mas não deixava de acontecer quando tinha manutenção do aparelho.

- Oi Kev - Cumprimentou Nick sem grande entusiasmo. Ele só queria o almoço.

Não muito tempo depois, a família sentou-se à mesa, com os cachorros brincando debaixo dela. Denise serviu o macarrão, satisfeita em ver a família aprovando o prato.

- Kevy, você está pensando no quê? - Indagou a matriarca.

A resposta era simples: Giulianna Stewart. Kevin passou as noites pós academia revirando o Google, o Facebook, o Instagram e o Twitter atrás de informações sobre a morena.

- Num... caso, de quarta. Canino incluso no palato - Kevin saiu pela tangente e Demi revirou os olhos. Quando o pai e o irmão resolviam falar sobre os respectivos trabalhos, eles não paravam.

- Parece difícil - Comentou Paul. - Você viu que o bitcoin tá subindo vertiginosamente?

- Vi. Mas ainda não sinto confiança como investimento. É muito arriscado pra mim - Respondeu Kevin, com a habitual cautela nos investimentos de alto risco. Odiava perder dinheiro.

Nick, por sua vez, comia quase que rezando. Nada dava a ele mais prazer que a gastronomia, mesmo que não soubesse fritar um ovo. "Meu filho comendo com tanto gosto é lindo de ver", pensou sua mãe.

Demi, por outro lado, não via a hora de levantar, para falar com sua melhor amiga, Miley, sobre o não saía de sua mente: o crush, o veterinário de sua cachorrinha, Joe Parker. Apesar de ter apenas 1,70m, Joe era um deus grego de topete preto, olhos verdes e mandíbula quadrada.

Acabada a refeição, devido à combinação de massa e vinho, todo mundo desmaiou em um canto da casa. Os pais nos sofás da sala de estar e os irmãos em seus respectivos quartos. Apesar de morar sozinho desde o primeiro ano na Harvard School of Dental Medicine, Kevin ainda tinha seu quarto preservado no enorme apartamento dos pais, mas com uma cama consideravelmente menor que a king-size de seu próprio apartamento.

A tarefa de acordar seu tio humano coube a Sandy, que não parava de pular e lamber a mão do dentista querendo brincar, para decepção de sua mãe humana, Demi, que não parava de tagarelar com Miley a respeito do tal Joe Parker.

- O que foi, princesa? Você quer passear? - Gemeu Kevin, sonolento.

Sandy, em resposta, abanou o rabinho. Kevin vestiu o casaco, pegou a cachorra no colo e foi atrás da coleira. Louis Vuitton, evidentemente.

Bad MedicineOnde histórias criam vida. Descubra agora