Perfeito - joesar au

Querer

Joui estava nervoso. Suas mãos suavam e o coração acelerado eram sintomas do quanto estava ansioso. Seu namorado estava demorando para chegar, ou talvez ele mesmo estivesse adiantado demais por conta da ansiedade em ter aquela conversa com o mais velho. Nunca, em toda a sua vida, imaginou que teriam essa conversa, ainda mais com a iniciativa partindo de si mesmo.

Batucava os dedos na mesa da cafeteria em que o esperava, o cappuccino que havia pedido já estava frio, e ele não tomou um gole sequer. Seu olhar não parava quieto, desviando-se vez ou outra para a porta do estabelecimento, esperando-o entrar por ali a qualquer momento.

Sentia-se envergonhado só de imaginar o modo que teria que iniciar aquela conversa tão íntima e constrangedora. Imaginava o quanto poderia ser metralhado com as brincadeiras e provocações do mais velho quando contasse.

Porém, por mais que aquilo o constrangesse, sentia que precisava dar o próximo passo naquela relação. E já que a iniciativa não partia de César, o jeito era fazer aquilo ele mesmo.

Sentiu seu coração quase sair pela boca quando ouviu o barulho do sininho da porta tocando mais uma vez, indicando a chegada de mais um cliente. Mas, qual não foi a sua surpresa quando avistou o garoto de cabelos negros e bochechas fofas na porta do local, vasculhando-o com o olhar, à sua procura.

Se Joui já estava nervoso antes, agora estava dez vezes mais. Agora não tinha mais como fugir.

Assim que César encontrou o namorado sentado em uma das mesas da parede, sorriu grande e foi em sua direção, o andar desleixado que fazia Joui suspirar.

Como fez agora.

Sentou-se na cadeira de frente ao mais novo, ainda mantendo o contato visual e o sorriso que não saia de seu rosto desde que entrou ali, fazendo Jouki engolir em seco, as mãos suadas e inquietas sobre a mesa, tentando manter aquele contato por mais difícil que estivesse sendo.

— Pensei que não viria mais — disse com um tom levemente chateado, porém aliviado.

— Ah...— César soprou um riso — Desculpe o atraso, tive que ficar até mais tarde no trabalho hoje — explicou.

— N-não, tudo bem. Eu entendo — respondeu de imediato, acabando por abaixar o olhar quando o Cohen apoiou a cabeça em uma das mãos e passou a encará-lo fixamente.

— Tudo bem. Mas, acho que não me chamou aqui para falarmos sobre o meu trabalho, não é? — questionou, enquanto fazia seu pedido à garçonete que estava o atendendo.

Joui engoliu em seco mais uma vez.

— Sim... quer dizer, não. — Confundiu-se, acabando por se desesperar com a gafe. César riu, achando-o ainda mais adorável. — Ah, desculpa por isso. Mas, agora, entrando no assunto, eu acho que...— Fez uma pequena pausa, tentando formular a frase de um jeito que César entendesse de primeira aonde queria chegar. — Sabe, já tem um bom tempo que nós estamos juntos, eu amo você, tu sabe, mas...— Suspirou. — Eu acho que já tá na hora de, sabe... dar o próximo passo — concluiu, com as bochechas queimando de vergonha, esperando alguma reação do namorado.

Não o levem a mal, Joui é um garoto tímido que não teve mais do que um relacionamento em todos os seus vinte e cinco anos, ainda em sua adolescência, assim como também não teve muitas experiências sexuais durante esse. Já César era um cara seis anos mais velho, formado, trabalhava como fotógrafo em uma revista conceituada, além de, é claro, ser muito mais sexualmente ativo do que Joui, que era só mais um zero à esquerda que cursava Educação Física.

Apesar disso, César parecia só ter olhos para ele.

Foi realmente muito difícil para o mais novo juntar toda a sua vontade e coragem para dizer aquilo. Já estavam juntos a mais de nove meses e não passavam de algumas mãos bobas. César estava quase subindo pelas paredes por causa da abstinência, já que antes de começarem a namorar sério, ele sempre tinha alguém para transar.