Capítulo 1 - "Quebra"

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Narrador

08:50 p.m.

- Vamos meninos! Vão chegar atrasados! – Gritou pela quarta vez Luana, uma mulher alta, loira e de corpo atlético, seus olhos verdes-claros aflitos com o atraso fitavam as lancheiras acabadas de preparar.

- Mamã a Matilde não ajuda eu a calçar os sapatos. – Queixou se um menino loiro de olhos iguais a mãe.

- Ah Carlos! Eu ajudo-te e não é "a Matilde ajuda eu", é a Matilde não me ajuda.

- Luana, onde está a minha pasta?

A mulher respirou fundo enquanto enfiava os sapatos nos pés do menino impaciente.

- Na nossa cômoda António. – Luana respondeu se levantando e ajeitando o cabelo num rabo-de-cavalo perfeito pela decima vez só naquela manhã.

- Mãe, vamos chegar atrasados. – Afirmou uma menina de olhos escuros, mas de cabelo loiro como a mãe.

- Não me digas Matilde! Estou-vos a chamar à mais de meia hora!

- Vamos meninos, hoje sou eu que vos levo à escola, a vossa mãe parece muito stressada. – Disse António já de pasta na mão e com um sorriso no rosto.

- Se me ouvissem talvez eu não estivesse tão stressada!

Luana agarrou cada um dos filhos para um abraço, deu um leve beijo no marido e viu os descer a escadas do prédio enquanto gritava:

- Amo-vos muito, até logo!

As crianças responderam de volta enquanto desciam as escadas a saltitar.

A família Silva era uma família típica portuguesa, composta pelo pai António de trinta e quatro anos que trabalhava num banco, pela mãe Luana de trinta anos que trabalhava numa empresa de advogados como secretária e por dois filhos, a Matilde de dez e o Carlos de quatro, ambos estudavam na mesma escola. Viviam em Lisboa num apartamento, numa zona perto do rio Tejo chamada Vasco da Gama.

A escola das crianças ficava perto de casa, o trabalho da Luana era no centro de Lisboa e ainda lhe restava uns dez minutos de condução até chegar. O telemóvel tocou uma música especifica e ela soube que era a melhor amiga.

- Bom dia, amiga. Como estás?

- Bom-dia, cá estou como sempre e tu? Os miúdos hoje chegaram a horas?

- Achas mesmo Diana? Claro que não, estou presa no trânsito e atrasada também. O meu chefe deve estar prestes a despedir-me... - Lamentou-se Luana.

Diana riu do outro lado da linha. As duas eram amigas desde os catorze anos.

- Não sejas pessimista, pelo menos sais de casa, vês pessoas e coisas, já eu... é da cama direta para a secretária. – A voz de Diana parecia arrastada.

- Tens mesmo de procurar outra coisa amiga, já chega disso.

Diana trabalhava remotamente para uma empresa estrangeira a alguns anos e sentia-se frustrada, vivia numa aldeia a uns trinta quilometro de Lisboa o que dificultava o encontro das amigas mais frequentemente.

- É... bem vou te deixar conduzir em paz, logo falamos, quando chegares a casa liga se puderes.

- Combinado! Prometo que te ligo. Tem uma bom dia amiga beijinhos.

Renascer das CinzasOnde histórias criam vida. Descubra agora