Capítulo 2 - "Renascimento"

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Narrador

A estrada estava completamente intransitável, Luana chorava de desespero, largava ali o carro e ia a pé? Ainda eram alguns quilómetros. Se olhasse pela janela do pendura conseguia ver uma das pernas do dragão entre os prédios, ele não se tinha movido, apenas rugia de tempos em tempos, aquele som perturbador.

Não podia esperar mais, saiu do carro, deixou-o a trabalhar, descalçou os sapatos de salto alto, pegou apenas no telemóvel e começou a correr. Foi contra várias pessoas desesperadas como ela que corriam em todas as direções.

A escola começou a ficar visível depois de muita correria, Luana suava como nunca suou na vida, tinha os pés em ferida e sentia os pulmões em tal esforço que lhe doía o peito, mas nada importava, ela só queria chegar ao seu destino.

Estava a apenas a alguns metros da escola quando começou a ver um aglomerado de crianças e adultos, a apenas a alguns metros do edifício estava a pata traseira do dragão de um vermelho tão vivido que custava a olhar e por obra do destino a escola não tinha sido engolida nem pisada por aquele monstro.

Por segundos um alívio tomou conta de Luana, mas apenas segundos porque um novo abalo começou, tão forte como o primeiro.

A mulher loira encolheu-se sobre si mesma, tapou a cabeça com os braços e esperou aquilo acabar.

Um novo dragão surgiu do rio, levantando com ele tanta água que todo o caudal se elevou com ele.

Luana não teve tempo de nada, quando olhou para o lado a água já estava ali, atingiu o seu corpo com tanta força que a fez perder o norte, não sabia o que era cima e baixo, esquerda ou direita, sentiu o seu corpo embater contra milhares de coisas e quando foi a vez da cabeça entregou-se de bom agrado a escuridão.

Luana POV

Era assim que era morrer?

Perdi os meus filhos... era o único pensamento que me assolava no mar de escuridão em que me encontrava. Não sentia mais dor nem calor nem frio, era um nada bem-vindo. Parecia mergulhar num abismo eterno, não ouvia nem via. Que fosse assim para sempre se eu não pudesse voltar a ver os meus filhos.

Mas o meu desejo não foi atendido, em algum momento, não sei se muito ou pouco, uma força vinda diretamente do centro do meu peito puxou-me com violência para a vida.

O ar encheu os meus pulmões me provocando tosse, a dor de cada tossida, que trazia sempre golfadas de água, parecia rasgar o meu peito. A dor que assolou o meu corpo era insuportável, doía-me cada canto dele, parecia que cada parte, cada membro, acordava conforme mais água eu expelia. Não tinha coragem nem força para abrir os olhos. Deixei-me ficar deitada sem mover um musculo por horas, ou assim me pareceu.

Junto da dor comecei a sentir frio, um frio que penetrava os ossos, sentia-me exausta, só queria dormir, mas já nem isso conseguia.

Aos poucos abri os olhos, o direito só abriu pela metade, sentia o inchaço e a dor. Seria ainda dia, ou já o dia seguinte? O meu rosto estava colado ao chão molhado, virado para o lado direito, a primeira coisa que vi foi a minha mão, estava ferida pois havia sangue nela. Tentei levantar o pescoço devagar e a dor fez-me gritar, respirei fundo várias vezes e fixei bem as mãos no chão fazendo força para pelo menos erguer o tronco, devagar e a tremer consegui sentar-me.

Depois de me acalmar com toda a dor que estava a sentir olhei em redor, estava tudo, tudo destruído, não havia um prédio completamente inteiro, o chão todo ele era pedaços de concreto, árvores, carros capotados, pedregulhos, terra e poças de água. Havia fumo no ar e um cheiro forte de enxofre. Aquele dragão que se ergueu do rio deve ter levantado todo o caudal de água provocando aquela destruição.

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⏰ Última atualização: Jun 07, 2022 ⏰

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