the neighbor || 𝑪𝒉𝒂𝒓𝒍𝒆𝒔 𝑳𝒆𝒄𝒍𝒆𝒓𝒄

06.

Maria's Pov

20/10/2021

"Não venda seu coração por um baixo preço"

───── Eu não sei o que fazer, Bia! Não sei se devo dar uma segunda chance para alguém que me machucou tanto no passado ─ desabafo para minha irmã e seguro o choro, ela me encara pela tela de seu computador e suspira.

Estamos em uma chamada de vídeo, após o acontecimento de ontem fiquei um pouco perdida em um mar de sentimentos, raiva, rancor, calor, saudades, duvida de tudo que eu sentia, entrei no meu apartamento e chorei por algumas horas, depois sai e fui em algum pub aqui perto, tomei alguns drinks - dos mais fortes, porque fui estupida para pedir dos mais fortes mais de cinco vezes, acho que provei todos os do cardápio - e isso me fez ficar animada o suficiente para dançar pelas próximas horas. Voltei para casa e apaguei, completamente, acordei hoje sem ter noção de onde estava e com uma ressaca do caralho.

───── Maria, você sabe que, depois que ele te machucou tanto, eu passei a odiar ele não é? ─ eu concordo e a observo gesticular enquanto fala. ───── Mas se você quiser tentar novamente com ele e dar uma segunda chance, é escolha sua, irei lhe apoiar sempre, não importa que decisão você tome. Só espero que saiba, ele pode ter mudado, mas também pode continuar o mesmo Jordan do passado. Eu te amo, maninha, só, por favor, não cometa o mesmo erro de antes, tenha certeza do que está fazendo.

Eu suspiro e ela sorri para mim.

───── Obrigada, Bia, eu também te amo. Queria que estivesse aqui agora para eu poder te abraçar ─ sinto meu rosto molhar e seco algumas lágrimas que caem.

───── Eu também, preciso ir, vou sair com o pessoal. ─ nos despedimos e então eu desligo a chamada, deito na cama e fecho os olhos, querendo um pouco de paz, mas é um pouco impossível com o vizinho que tenho. Mais uma vez com o som alto, parece que não aprendeu da primeira vez.

Dessa vez calço minha pantufa da Minnie e meu cabelo está solto. Saio do meu apartamento e cruzo o corredor, parando em frente a sua porta. Toco a campainha e um Charles com um sorriso brincalhão no rosto aparece, parece até que sabia que eu viria aqui reclamar do som.

───── Até que você demorou mais dessa vez ─ ele deixa a porta aberta, como se quisesse que eu entrasse. ───── Tá me devendo 100 Euros, Daniel.

Escuto o garoto falar e entro em seu apartamento com um ponto de interrogação em meu rosto.

───── Vocês apostaram se eu viria aqui reclamar do som? ─ pergunto indignada, Pierre faz um sinal de joinha com a mão e eu reviro os olhos. Não vou dar esse gosto para Charles, sorrio inocente. ───── Não vim reclamar do som, queria um pouco de açúcar para fazer um bolo. Foi por isso que vim aqui, dizem que coisas doces acabam com a ressaca né?