Capítulo 1 - Coque frouxo e café preto

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Acordei de madrugada como de costume e fiz um coque frouxo. Me arrumei com a minha blusa de frio e a minha calça básica para sair. Tentei atravessar a casa de fininho, mas a minha tia me pegou enquanto ela enrolava um baseado.

-Fumando de novo? Por favor, para! - Eu implorei.

-Para de se meter nos meus assuntos, eu faço o que eu bem entender. Pra onde que você vai, garota?

-Eu ia pra um café.

-Vaza logo, porra.

Fui embora correndo e conti minhas lágrimas. Eu odiava ver a minha tia sendo grossa comigo e fumando, mas não podia fazer nada. Chorar era inútil, um sinal de fraqueza. Cheguei na cafeteria e pedi um café preto forte, porque eu sou diferente das outras garotas. Eu não peço nada cheio de frescurinhas tipo creme sem glúten ou confeti. O barista me olhou surpreso.

Quando fui pegar o café voltei depressa para a minha mesa e como estava encarada em um livro esbarrei em alguém e deixei cair café na camisa dele. Já ia perguntar se ele era cego quando nossos olhos se encontraram. Era um homem alto e sexy. E era verde, ainda por cima.

-Q-Quem é você? - Gaguejei, perdida em seu olhar.

-Shrek Jorge. E o seu nome, baby girl?

O sobrenome Jorge era muito famoso em Seoul. Eles eram os donos da máfia local.

-S/N Jenner.

-Que nome lindo. Passa o insta.

Eu corei. Shrek era bem direto. E apaixonante ao mesmo tempo. Ele parecia interessado em mim, surpreendendtemente. @snjenner. Passei. Já tinha caído no carisma estonteante daquele moço. Ele parecia ter reparado no café preto na sua camisa branca só agora e a retirou. Admirei seus músculos verdes. Era o calor que me deixava tonta?

-Deixa eu te pagar um outro café. - Shrek disse gentilmente.

-Não precisa.

-Eu insisto

Tive que aceitar. Tomei meu novo café enquanto conversávamos. Ele até me perguntou se eu era solteira. Foi uma conversa muito agradável.

Nos despedimos. Ainda tinha que trabalhar em casa para minha tia. Faxinei tudo animadamente, movida pela lembrança das orbes marrons de Shrek. No dia seguinte, seria minha primeira aula na escola nova. Não estava muito feliz, mas ainda assim fiz meu coque bagunçado e fui à escola.

Imediatamente, vi outras meninas sussurando sobre mim. Fiquei morrendo de vergonha. A "abelha rainha" do terceiro ano era Chuchuca, que logo não foi com a minha cara. Me olhou torto e espalhou boatos que eu auto mutilava e tinha anorexia, por isso estava de luvas e blusas de manga longa. 

Como ela descobriu? Ninguém sabia, e de repente, a escola inteira ria de mim, me chamando de fraca e doente mental. Queria afundar em uma poça de vergonha e nunca mais voltar. Que horror!

O amor é verdeOnde histórias criam vida. Descubra agora