Capítulo 2 - Matrimônio

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-Vai fazer o quê? - Chuchuca debochou - Contar pra mamãe? Ah, é. Ela tá morta!

Estava à beira das lágrimas enquanto Chuchuca ria de mim com suas amigas. Felizmente, Shrek Jorge apareceu e pediu para que ela parasse. Nem acredito que eu esqueci que estudávamos juntos! Ela obedeceu relutatantemente, indo embora com seu grupinho. Sabia que mesmo assim ela não ia me deixar em paz por um bom tempo, mas a intervenção era o suficiente por enquanto.

-Ela te fez alguma coisa? - ele me perguntou, preocupado

- Fisicamente não. - respondi, com raiva - Mas aquela doida destruiu a minha reputação! Eu vou ter a minha vingança!

-S/N, não sei se você sabe, mas a Chuchuca é a minha irmã gêmea.

Não pude acreditar. Irmãos? Como assim? É impossível que Shrek seja irmão de uma pessoa tão cruel.

-É a gêmea má. - Murmurei, sem pensar.

-Ela não é tão ruim assim, prometo. Não sei por que ela implicou com você. Bem, nós podemos lanchar juntos se você quiser.

-Eu não estou com fome, mas posso fazer companhia pra você.

Nos sentamos em um banco e eu coloquei a mão no bolso e achei uma antiga foto de família que eu costumava guardar aí. Todos os dias inconscientemente eu botava essa foto no bolso para me lembrar da minha antiga vida. 

Olhei nela, que tinha meus pais comigo. Lágrimas caíram sobre ela. Nós éramos tão felizes! Porém tudo acabou-se quando a máfia envolveu meu pai. Ele era membro da própria e traiu ela tentando fugir conosco. Uma vez, chutaram a porta até arrombá-la e mataram meus pais. Tinha seis anos. Chorei até os vizinhos me acharem.

Fui mandada para o Conselho Tutelar e depois de anos no limbo me levaram para a casa da minha tia. O horror se mantinha na minha cabeça. Não consegui comer e nem dormir por semanas. Foi aí que eu começei com a auto mutilação e com a anorexia. A dor era maior que eu. A única que sabia disso era a minha amiga da época, mas depois da amnésia não consigo me lembrar quem era.

Shrek apenas me observou enquanto devaneava. Ele não fez nenhuma pergunta desconfortável, o que me deixou muito feliz e ainda mais encantada com o seu charme. Apenas guardei a foto e voltamos a conversar sobre assuntos agradáveis.

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O último desejo da minha mãe era de que me casasse com Lord Farquaad. O gnomo monarquista, esse mesmo. Ouvi dizer que é famoso. Nunca o amei, de qualquer jeito, mas o seu coração pertence a mim. Não posso o rejeitar. Seria rejeitar os desejos finais de mamãe. Continuei comprometida a ele, contra minha vontade. Quando voltei do meu primeiro dia de aula, descobri que ele veio me visitar, trazendo flores. As cheirei, sem animação.

- Quando eu e esta bela moça vamos nos casar - ele perguntou para minha tia.

Odiava quando falavam de mim em terceira pessoa mesmo se estivesse perto da pessoa.

- Se depender de mim, nunca.

Sorri. Acho que a minha tia não me odeia tanto assim. Ela sabe que detesto Lorde Farquaad. Resumidamente, ninguém na casa o queria por perto.

Quando finalmente ele parou de explicar da monarquia que ele restauraria se estivesse no poder, disse que tinha que lavar as vasilhas do lanche. A pia estava vazia. Ele me acompanhou até a cozinha, e quase deu tempo para que ele visse a pia.

-Ô, Tampinha, caça seu rumo para fora daqui - minha tia o levou até a porta à força.

Suspirei aliviada e voltei à sala. Pouco tempo depois, ouço a porta da frente ser batida.

-Se for o anão de novo... Eu piso nele. - minha tia ameaçou, com sangue nos olhos, enquanto abria a porta. - Olha só, é a sua nova amiga, S/N.

Era Chuchuca, que sem vergonha alguma estava parada no tapete de entrada.

- O que você está fazendo aqui? - perguntei, chocada

- Vim conversar, amiga. - ela discretamente me mostrou uma foto que estava em sua mão.

- De quem é essa foto?

-Vamos conversar em particular, S/N.

Fomos até o meu quarto. Chuchuca tinha um sorriso de escárnio no rosto, o que me irritava profundamente. Sabia que ela me detestava, mas não porque. Ela sacou a foto do bolso do casaco.

-Luvinha, Luvinha - ela tinha inventado esse apelido horroroso pra mim na escola - Eu acho que você não tem noção de quem você está se metendo com.

Chuchuca me mostrou a fotografia de um casamento, claramente. Eu reconheceria aquela face verde linda de longe.

O amor é verdeOnde histórias criam vida. Descubra agora