CAP 001.

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Investigar um caso que envolvia policiais corruptos nunca era fácil, por mais evidências e provas que eles tivessem. No curso da investigação deles, ainda bem no início, Olívia e a delegacia descobriram que a adolescente desorientada que eles encontraram na rua era mais do que somente a menina que tinha sido drogada e abusada que eles inicialmente cogitaram. Tudo começou na noite de halloween e ela se lembrava de estar na rua com Noah e William quando o telefone tocou.


"Benson. Oi Fin. Não, nós estamos pegando alguns doces na vizinhança do apartamento. O que? Quantos anos? 16? Eu vou encontrar a Lucy e chego aí assim que possível."

"O que houve?"

"Uma garota, 16 anos, encontrada na rua com uma conversa completamente incoerente de que ela tinha saído pra uma festa."

"Ela foi abusada."

"Aparentemente. E pelo tom da conversa dela, ela foi drogada também."

"Eu te levo até lá. Onde eles estão?"

"Karen está acompanhando ela ao hospital, Mike e Fin estão fazendo perguntas pela vizinhança do parque onde ela foi encontrada."

"Liga pra Lucy. Eu deixo você com eles, depois levo o Noah até ela."

"Você tem certeza?"

"Por favor. Vocês são a minha família, você sabe disso."


Olivia não queria incomodá-lo naquela noite, e no entanto acabou dando muito mais trabalho a ele do que pretendia. Quando Lucy não foi localizada, porque afinal de contas era a folga dela, eles discutiram no carro o caminho todo enquanto o menino dormia na cadeirinha do banco de trás. Depois de ele insistir muito, aquela foi a primeira noite inteira em que William e Noah ficaram sozinhos sem ela por perto, depois dos quase quatro anos de relacionamento deles dois. Enquanto ele a deixou na frente do hospital onde Karen estava com a garota, Olívia se perguntou inconscientemente o que tinha feito para ganhar um presente desses. Os próximos dias seriam bastante atribulados, tanto porque os casos novos não paravam de chegar quanto porque esse da garota os estava perturbando cada vez mais.


"Eu acho que eu descobri algo perturbador..."

"Pelo que a gente apurou com as pessoas que moravam na vizinhança onde a garota foi encontrada, ela nunca tinha sido vista lá até fugir."

"É como se ela tivesse vivido ali durante os quase quatro meses desde que desapareceu de casa sem dar nenhuma pista disso."

"Nos falamos com a mãe algumas vezes. A mulher é uma bagunça... em todas as vezes que nós fomos vê-la, parecia que ela estava bêbada. E não é como se ela se preocupasse tanto com o abuso ou com o sumiço da filha meses atrás."

"Pelo que eu e Karen conseguimos extrair dela, essa era a mãe dela mesmo. Um lar completamente tóxico."

"Foi muito fácil atrair uma garota como ela pra uma armadilha. Quando você tem dezesseis anos e um lar abusivo, você faz qualquer negócio pra fugir dali."


Olivia, Fin e Mike discutiam as primeiras conclusões do caso, e Olívia engoliu em seco ao final da conversa deles. Não podia ignorar as semelhanças entre as vidas das duas, e Fin sabia muito bem o que ela estava pensando. Descobriram depois dos primeiros dias que havia essa quadrilha que atraía e sequestrava meninas na mesma faixa de idade da garota que eles haviam resgatado, e que as usava para compartilhar pornografia infantil e para o uso pessoal das pessoas que movimentavam esse esquema. Pelo que a menina disse ela não era a única, no apartamento em que ela tinha estado confinada havia pelo menos outras três garotas. Só que ela estava tão desorientada quando escapou da guarda dos bandidos que não conseguia nem ao menos apontar exatamente qual era o endereço.


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