CAP 003.

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De todas as possibilidades para estarem batendo na porta dela sem aviso, Cragen era a última que lhe passaria pela cabeça. Ela nem sabia que ele estava na cidade! Achava que ele e a mulher estavam viajando ainda. Abriu passagem pra ele, que antes de cruzar a porta deu um abraço apertado e finalizou o gesto com o beijo na testa dela. Olivia sorriu. Sabia que ele estava preocupado porque isso era claro no olhar dele, mas antes que os dois pudessem sonhar em começar uma conversa foram interrompidos pela criança que veio correndo quando ouviu a campainha.

"Capitão, você veio!"

"Oi Noah. É claro que eu vim, eu estava com saudades de você!"

"É verdade. Faz muito tempo que você não vem aqui ver a gente."

Eles não se viam pessoalmente desde o aniversário dela em Janeiro, o que dava quase um ano. Não que não se falassem constantemente, mas é que com Eileen e o Capitão morando em outra cidade essa parte ficava difícil. Olivia achou engraçado como, de todos os apelidos possíveis, Noah preferia e adorava chamar o homem de Capitão. Todos eles que o conhecem ainda o chamavam assim, mesmo anos depois da aposentadoria.

"Você veio jantar com a gente porque a mamãe tá triste?"

"Noah... a mamãe não tá triste, filho."

"Tá sim. Você me deixa dormir na sua cama junto com você, e às vezes você acorda de noite. E hoje você tava tomando vinho sozinha na sala. Você só faz isso quando você está triste."

Olivia estava surpresa com a percepção tão afiada do menino, mesmo com a pouca idade dele. Ela olhou da criança para o homem, que não disse nada porque não queria ultrapassar os limites dela, que era a mãe, e dizer algo que não deveria. Era surreal como todos respeitavam esse espaço ao mesmo tempo em que andaram junto com ela nesses mais de quatro anos desde que ela adotou Noah com poucos meses de vida.

"Ok filho, talvez a mamãe esteja um pouco triste. Você lembra que eu te contei sobre o Mike e a Karen?"

"Lembro. Mas você também me disse que eles já estavam no hospital pra ficarem bons. Isso não é verdade, mamãe?"

"Claro que é, filho. A mamãe não ia mentir pra você sobre isso! Eu só tô triste... pelo que aconteceu com eles, é isso."

Cragen olhava de um para o outro, e percebeu claramente o que Fin tinha lhe dito ao telefone quando soube que ele estava na cidade com a esposa para passar alguns dias com a família dela antes do Natal. "Ela não está lidando nada bem tudo o que aconteceu, ela se culpa quase como se ela tivesse atirado nos dois, e eu sei que ela não está dormindo direito porque ela tirou uns dias de folga. Voluntariamente. A Olivia que nós conhecemos não tira folga voluntariamente." O mais velho podia ouvir claramente a voz do outro policial na sua mente, e juntando à conversa que estava presenciando, teve a certeza de que a insônia e os pesadelos dela tinham voltado. Só não sabia qual era a origem exata ainda.

"A gente pode chamar o Capitão pra jantar com a gente, mamãe?"

"Você tem tempo?"

"A noite toda."

Foi tudo o que o homem respondeu, e ficou difícil decidir quem tinha aberto o maior sorriso, se foi Olivia ou se foi o filho dela. Os dois caminharam para dentro com o garoto conversando animadamente com o homem. Ele e Liv combinaram de conversar melhor sobre o que o tinha levado ali depois que Noah estivesse na cama, e que os dois estivessem a sós. Os 'rapazes' sentaram do outro lado da bancada, enquanto Olivia ficou do lado de dentro da cozinha andando pra lá e pra cá e preparando o jantar. Depois que os três comeram, a mãe deixou o filho passar alguns minutos aproveitando para encher o... avô, na falta de alguém para ser essa figura Cragen tinha assumido esse posto na mente da criança, de perguntas. Finalmente ela foi colocar o garoto na cama, e enquanto ela não voltava Cragen aproveitou pra arrumar a cozinha para ela depois do jantar.

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