As palavras são uma carícia, murmuradas entre beijos em seu pescoço, ao longo de sua clavícula, dentes levemente roçando sua pele – apenas pelo prazer de ver você estremecer.
“… Tão linda pra caralho.”
O manto de seda escorrega para o chão, se acumulando aos seus pés, e você é forçado a ficar de pé e olhar para seu reflexo no espelho enquanto aqueles olhos – pupilas tão escuras que podem ser pretas – preguiçosamente bebem cada centímetro de carne exposta .
Kokonoi tinha escolhido a lingerie também; retalhos de renda escarlate que provavelmente não sobreviverão à noite. Pouco importa, você sabe que haverá outro set amanhã à noite, e na noite depois disso, e o seguinte também. O fato de serem designers e provavelmente custarem mais do que algumas pessoas gastam com aluguel por um mês inteiro não parece preocupá-lo.
E por que deveria, quando as finas correntes de ouro que circundam sua garganta são cravejadas de diamantes?
Tudo o que a Koko te dá, da lingerie às joias, aos perfumes raros e delicados e aos cremes para a pele que você passa à noite, tudo é opulento. Nada além do melhor, mais bonito, mais caro e luxuoso.
Você se pergunta, enquanto observa suas mãos longas e ágeis percorrerem sua pele, deixando um rastro de arrepios em seu rastro, se ele acha que isso faz diferença – comprar o amor que você não lhe dará por sua própria vontade.
"Você disse que iríamos sair hoje à noite", você murmura em vez disso.
No espelho, uma sobrancelha solitária se ergue. Kokonoi cantarola, pressionando-se mais perto, deixando seus braços envolverem você, seu queixo cai para descansar em seu ombro. "Você quer sair vestido assim?"
Seus lábios se curvam em um sorriso felino, um único dedo arrastando ao longo da alça do sutiã. Com um movimento ocioso de seu pulso, ele desliza para o seu ombro.
“Eu sei que em sua antiga profissão, você estava acostumado a desfilar com menos.”
Uma escavação mesquinha e indireta na vida da qual ele praticamente arrancou você. Qualquer outra noite, e talvez tivesse atingido sua marca.
“Mas se você acha que eu permitiria que qualquer outra pessoa colocasse os olhos em você assim…” Koko não termina a frase. Ele não precisa.
Você viu o que aconteceu com o subalterno que apenas algumas semanas atrás tinha invadido vocês dois no meio do Koko fodendo você contra as janelas – um lembrete não é necessário.
E, no entanto, você não pode negar a sensação esmagadora de decepção com suas palavras.
Ele havia prometido. Você foi bom, e Koko prometeu que levaria você para jantar e depois para algum lugar divertido. Uma noite de encontro, das sortes.
Ele lhe disse que a levaria aonde você quisesse ir – dentro do razoável – se você se comportasse. Se você fosse bom para ele. Mas, assim como nas inúmeras outras vezes em que ele balançou uma noite de alívio desta gaiola dourada sobre você, isso não significa nada.
O que, na verdade, você deveria saber desde o momento em que saiu do banheiro para encontrar o conjunto de lingerie esperando por você em vez de um vestido.
Quando foi a última vez que você teve permissão para sair, a última vez que colocou os olhos em alguém que não funcionava para ele?
Ele nunca vai deixar você ir, não é?
Você nunca vai sair daqui, e ele vai continuar empurrando presentes e afeição forçada em seu caminho até que você se dobre, se curve e quebre... e aceite.
Ou enfrentar as punições por agir novamente.
Você não consegue reunir palavras, pois a amarga desesperança cresce dentro de você. Kokonoi olha, totalmente cativado enquanto as lágrimas brilham e brilham em seus olhos, e quando as primeiras derramam ele não perde tempo em lambê-las com um pequeno suspiro de satisfação.
Mas você não luta com ele enquanto ele abre mão de seu aperto por tempo suficiente para desabotoar o fecho do seu sutiã e retirá-lo de você. Você mal percebe o tecido batendo no chão.
"Você é de tirar o fôlego", diz ele, finalmente virando você do espelho. Um braço desliza ao redor de sua cintura, puxando você de volta para ele enquanto ele segura seu rosto cheio de lágrimas. “Sua beleza precisa ser valorizada.”
Ele disse algo semelhante meses atrás, quando encontrou você em um de seus clubes e insistiu em comprar sua dívida. Estimado.
Acumulado, mais como.
Um lindo passarinho mantido em uma gaiola, para não abrir as asas e sonhar em voar para longe.
