Te Chamei Pro Risco

1K 99 113
                                    

— Ei, bando de otários! — vociferava Yeonjun. — Que merda estão fazendo agora?

No mesmo segundo, os alfas interromperam a balbúrdia que preenchia o pátio e voltaram os olhos para ele. Quando enfim compreenderam que Choi Yeonjun acelerava em sua direção, as expressões transfiguraram em horror. Engoliram a seco, aos poucos recuando e desfazendo o círculo no qual prendiam uma ômega sentada no chão.

— É o Yeonjun! — berrou um dos brutamontes.

— Vamos sair daqui! — exasperou-se outro.

— Corre, cara, corre!

Grande parcela debandou a medida em que Choi avançava. Os remanescentes aguardavam ao lado do líder da turba, Kyong, cuja expressão tensionava a cada passo do rapaz.

— Yeonjun — iniciou ele, tentando soar autoritário. — Não fizemos nada, estávamos tentando ajudar. Pode perguntar a ela! — Apontou para a menina.

O ato, todavia, provocou efeito contrário, pois ela pranteava cabisbaixa e desamparada, segurando o vestido com força dentre as mãos trêmulas. Yeonjun vacilou por breves segundos logo que a viu. Pensou na pior das hipóteses e, imediatamente, moldou os traços já antipáticos numa raiva impetuosa.

— N-não é o que parece! Nós só... — Kyong tentou se explicar.

— Nada do que disser vai diminuir minha vontade de te dar um soco! — Alcançara o diminuto grupo de alfas, pondo-se face a face com o líder. — Se querem mesmo ajudar, saiam da minha frente.

Sob o olhar cortante e inflamado, um calafrio modorrento percorreu a espinha deles. Todos recuaram uma pernada generosa, distanciando-se o máximo possível do adversário e liberando caminho até a ômega chorosa.

Não tardou a deduzir óbvio: Ela estava no cio. Os bloqueadores de odor se encontravam corretamente posicionados acima das glândulas odoríferas no pescoço e punhos, mas sua fragrância ainda sobressaía. Além disso, ao redor de seus quadris pregados ao piso havia uma poça discreta de líquido incolor.

— Vamos! — ordenou Kyong aos outros alfas, aproveitando-se de sua distração para fugir.

Pouco surpreso com a covardia, Yeonjun os ignorou enquanto agachava próximo a menina, que se encolheu hesitosa e envergonhada, apertando mais o vestido nas mãos pequeninas.

— Oi — cumprimentou brandamente. Ela o espiou sob o emaranhado loiro de cabelo. — Meu nome é Yeonjun. Quero te ajudar.

Ele sorriu com gentileza e, como resultado, ela desviou os olhos automaticamente, o rostinho lavado de choro enrubesceu mais, tal qual seu cheiro intensificou. Apesar disso, não o repeliu quando ajoelhou ao seu lado.

— Pode me dizer seu nome?

Engolindo com dificuldade, a ômega murmurou:

— M-minji.

— Obrigado, Minji. — Alargou o sorriso. — Não precisa me contar o que aconteceu se não quiser.

Após deliberar por algum tempo, a mocinha balançou a cabeça.

— Tudo bem, só quero ajudar você. Posso? — Mordendo o lábio, ela acenou positivo. — Não vou te machucar, não se preocupe. Vou te erguer e preciso que segure em mim, ok?

Voltou a olhá-lo muito surpresa, embaraço tingiu de vermelho seu pescoço ao escalpo, mesmo assim, concordou. Estendeu os braços, rodeando os amplos ombros de seu salvador conforme ele a pegava, de modo respeitoso, abaixo dos joelhos e na lombar.

Atraíam curiosos desde o conflito inicial com os alfas e, àquela altura, já reuniam uma multidão de expectadores. Alguns puseram-se a filmar, outros trataram de auxiliar, carregando os materiais de Minji pelo campus, rumo ao banheiro mais perto. Como numa procissão, seguiam Yeonjun aos suspiros, admirados com seu cavalheirismo.

Já Deitei No Seu Sorriso (Só Você Não Sabe) • YeonBinOnde histórias criam vida. Descubra agora