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Era fácil saber todos os problemas que Arandelle passava, não era um segredo para nenhum dos seus habitantes que o reino estava como sempre bem dividido. 

Os nobres próximos a realeza e a mesma sempre estavam vivendo consumindo do bom e do melhor, enquanto vários de seu povo lutavam para conseguir arcar com um pão no jantar, mas verdade seja dita, com o príncipe próximo a completar dezoito anos e após seu aniversário, todo o foco era em ter a certeza de que ele estava pronto e preparado para assumir sua posição. 

Pablo nunca fora o mais centrado no que envolvia suas funções, sempre cumpriu com elas mas também sempre com o interesse de ir jogar futebol, seu esporte preferido, junto aos seus melhores amigos, claro, todos nobres. Era até fácil saber porque ninguém se inteirava dos problemas, todos estavam vivendo em uma bolha, e os que sabiam sobre, bom, não interferia em nada nas suas vidas. 

Isabella por sua vez, cresceu muito diferente de Pablo, plebeia e com uma família que vive da instabilidade financeira, é impossível entender como em certos meses o restaurante e o café lucram tão bem e em outros todos estão atrás de qualquer trabalho para ajudar o dinheiro a entrar, mas estava acostumada com sua rotina, escola, trabalho e repeti-la no dia seguinte. 

Nunca viveu com luxos ou com o conforto gigante durante todo o ano, na verdade, era difícil pensar em alguém que não fosse nobre e vivesse dessa forma, talvez fosse o fato de sua família sempre ter lhe ensinado sobre a empatia e sobre todas as dificuldades que enfrentavam e enfrentariam, mas nunca conseguiu entender como era normal e como as pessoas achavam lindo e aplaudiam um jantar com valor estrondoso da realeza, sempre que esses valores vazavam, pensava em quantas bocas conseguiriam alimentar com isso. 

Querendo ou não, sendo donos de restaurante e café ou não, os lucros não eram sempre, não era um local frequentes para nobres e o seu maior público nem sempre possuía os meios, eles mesmo já passaram por maus bocados, e apesar da fome, tirar comida do restaurante não era nem opção, para não fechar o mês no prejuízo, tudo estava em jogo. 

Pablo e seus amigos sempre souberam os locais para frequentar, os que deveriam ir e os que deveriam passar longe, de acordo com todos, não só por sua segurança, mas também porque não pertencia e nunca pertenceria a eles. 

Isabella e seus amigos também, sempre souberam e quando precisaram ir para realizar qualquer trabalho ou fazer parte de qualquer evento tapa buraco no palácio, entenderam o porque, os olhares eram gritantes. 



— Que imbecis! — Isabella falou para si mesma ao ver a bola de futebol batendo mais uma vez na barraca de Alberto, um senhor que a loira conhecia desde seu nascimento e trabalhava até hoje, quase completando seus 60 anos para ajudar a sustentar sua família. Isabella já prestou serviços de babá gratuitos para sua filha, toda ajuda que podia oferecer, oferecia.

Sabia que os garotos junto a bola não eram de lá, podia notar com facilidade pelas suas vestimentas e pela boa condição da bola, a bola de todos por aqui eram em péssimas condições, descascadas e caindo aos pedaços, não tinha ideia de como ainda conseguiam encher. 

Foi em direção a eles e com o conhecimento de futebol — graças aos seus amigos —, pegou a mesma com o pé e se abaixou para pega-la com a mão, deixando todos surpresos com a presença da desconhecida.

— Olha, seguinte, vocês engomadinhos voltem para o lugar de vocês e parem de causar caos aqui. Tá todo mundo tentando trabalhar, algo que com certeza vocês não devem saber nem o que é e eu já assisti vocês quase destruirem o estoque várias vezes. — Ela disse e jogou a bola para o de cabelo castanho que estava chocado com a fala — Bora, vazem! Tem campos de verdade de onde vocês vem. 

Deu as costas e deu um sorrisinho para os comerciantes que conhecia e sorriam em agradecimento para a menina, apesar de terem certeza que ela não fazia ideia que tinha acabado de peitar o futuro rei. Mas bem, o que importava era que ele tinha escutado e guiado seus amigos para irem embora. 

— Você endoidou?! — Arthur, um de seus melhores amigos, veio até ela chocado 

— O quê? Eles tem campos de verdade, podem ir perturbar por lá, sei nem porque estavam por aqui — Ela disse dando de ombros e ele passou as mãos pelo cabelo

— Isabella, aquele que você jogou a bola quase, era o Pablo Gavi, o futuro rei sua idiota. — Ele disse e a loira ficou parada em choque

— Ai meu Deus, eu vou morrer pagando dívida agora — Ela falou com os olhos esbugalhados — Eu posso ser presa??? 

— Claro que não sua louca, ele ainda não é rei. E acho que ele não vai fazer nada, torcemos pelo menos, né? Próxima vez se ninguém tiver reclamando, fica quieta, tem um motivo! 

— E por qual motivo você não me parou, ein?! — Ela chiou e ele riu irônico

— E como eu ia saber que você ia endoidar? Tá louca, achei que você sabia o básico. 

— Deus me proteja! 

I Love You | Pablo GaviOnde histórias criam vida. Descubra agora