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**Valérie narrando**

—  Aqui não adianta chorar, coisinha! ― Disse uma mulher, bonita, negra de olhos claros e com um belo corpo de lingerie azul escuro, me encarando com cara de nojo.
Após me torturarem naquela sala escura, colocando piercings em meu nariz e nos meus dois mamilos, me jogaram em uma outra sala totalmente nua e descabelada, só com um pano velho pra estancar o sangue que saiu do meu nariz e o meu celular que consegui pegar escondido. A nova sala parecia ser um camarim improvisado, com penteadeiras, espelhos enormes, e figurinos um tanto vulgares, além de algumas mulheres que se arrumavam para o tal leilão do velho maldito.
— E é melhor, começar a se arrumar logo, você está fedendo. ― Disse a mulher negra, rude.
Me levantei do chão, tímida por estar nua, as mulheres me ignoravam ou me olhavam com nojo e desdém, e me sentei na única cadeira vazia na frente de um pequeno espelho. Após um tempinho cabisbaixa, tive coragem de olhar o meu reflexo no pequeno espelho, senti vontade de chorar, estava totalmente acabada, sem contar esses piercings no meu corpo, mas consegui me controlar e inspirar fundo.
— Quer ajuda? ― Perguntou uma moça morena, de lingerie rosa, sorrindo fraco, que aparentava ter a mesma idade que eu, ao meu lado.
—  Só se não for te atrapalhar... ― Eu respondi, baixinho, devolvendo o meio sorriso, ela me estendeu sua mão gentilmente, e eu a peguei.
A moça me levou até um banheiro minúsculo, onde só tinha um chuveiro e uma privada simples.
—  Não é um banheiro de luxo ou o melhor do mundo, mas pelo menos tem água quente. ― Ela disse, meiga, me encarando.
—  Você também vai ser leiloada? ― Eu perguntei, séria, após ligar o chuveiro pra água esquentar.
—  Todas nós vamos... ― Ela disse, tristinha. — Aliás, me chamo Bethany.
—   Me chamo Valérie... ― Eu disse, entrando debaixo do chuveiro e deixando a água correr pelo meu corpo. — Aí. ― Resmunguei, de dor nos meus seios, que estavam sensíveis.
— É normal nos primeiros dias ficarem doloridos, quando furaram meu umbigo foi a mesma coisa, depois te passo alguns cuidados para não inflamar. ― Ela disse, sorrindo, me encarando, e eu agradeci me controlando para não chorar. — Não fica com vergonha de ficar pelada na frente dos outros? ― Perguntou Bethany, curiosa.
—  Não me importo, eu moro sozinha a muito tempo, então tô acostumada a andar pelada pela casa. ― Eu disse, sorrindo.
—  Eu morro de vergonha, sou muito tímida. ― Ela disse, sorrindo.
— Se tiver constrangida, eu fecho a porta. ― Eu disse, procurando a porta.
—  Fica tranquila, por que nem porta esse buraco tem. ― Bethany disse, e caímos na gargalhada. — Eu posso te fazer uma pergunta? ― Perguntou Bethany.
—  Sim. ― Eu disse, lavando meu cabelo com sabonete.
—  Você foi sequestrada ou forçada a vir pra cá? ― Perguntou Bethany, me encarando.
—   Por que? Você foi? ― Perguntei, séria.
—  É difícil dizer, mas desconfio que fui enganada, porém tiraram meu celular pra eu poder confirmar essa hipótese. ― Bethany disse, pensativa.
—  Como assim? ― Eu perguntei, desligando o chuveiro.
—  Eu já passei por esse processo uma vez, de leilão, mas isso é história pra outra hora, eu fui levada por um Dom, e me tornei a Submissa dele, e agora depois de anos, Sr. Greene me chamou de volta dizendo que fui devolvida, mas o Luke nunca disse nada pra mim, pensei que tínhamos algo sério, que ele me amasse... Agora não sei mais o que pensar... ― Ela disse, triste, eu a puxei para um abraço e ela não se importou de eu estar pelada e molhada, e me abraçou de volta, escutei que ela soluçava e a abracei com mais força lhe dando conforto.
—  O que é Dom e Submissa? ― Perguntei, curiosa, assim que ela se afastou mais calma.
— Dom é dominador, o cara que domina, que comanda, independentemente da situação, e submissa é quem se submete, quem faz os gostos do seu Dom. Cê sabe que aqui é um Club de BDSM, né?! ― Bethany perguntou, séria, procurando um figurino adequado para mim.
—  Não, o que significa? ― Perguntei, confusa, enquanto me secava.
—  BDSM, é uma sigla que representa várias práticas e expressões eróticas, por exemplo: Bondage e Disciplina (B/D), Dominação e Submissão (D/S) e Sadismo e Masoquismo (S/M). ― Ela disse, séria, mas eu continuei confusa, e ela reparou que fiquei ao me encarar, segurando duas lingeries bem bonitas nas mãos. — É muito complexo para explicar assim, mas basicamente são práticas, e fantasias sexuais, só que com mais intensidade, podendo haver penetração ou não. ― Ela disse, e eu arregalei os olhos, por ainda ser virgem. — E relaxa, nada é obrigatório, temos o conceito de “SSC”, que significa são, seguro e consensual, que quer dizer que só são aceitáveis práticas sãs, que não apresentam riscos permanentes à integridade física dos participantes e com o consentimento de todos os envolvidos. E pode ficar tranquila, na teoria é muita informação, mas na prática é bem mais tranquilo, e seu Dom irá te explicar melhor... ― Ela disse, sorrindo, me entregando um conjunto de lingerie muito lindo e vermelho, com uma calcinha fio dental tailandesa, um soutien com uma abertura na lateral, cinta-liga, meia arrastão fina vermelha e um salto fino vermelho.
— Que bom gosto você tem. ― Eu disse, sorrindo, a encarando.
— Achei a sua cara, linda e poderosa. ― Bethany disse, sorrindo pra mim.
—  Já vai sair do banheiro ou vai ficar aí o ano todo querida? ― Perguntou a mulher, que havia me destratado inicialmente.
—  Já estou saindo. ― Eu disse, séria, a encarando.
— Demoro. ― Ela resmungou, antes de sair rebolando sua bunda enorme.
— Folgada. ― Resmungou Bethany, e a encarei sem entender. — Essa é a Julien, ela se acha, era Sub do Sr. Morrison, mas ele a largou, e ela é completamente apaixonada por ele ainda, e pelo que eu soube ele não curte mulheres assim, sabe, que se apaixonam. ― Ela disse, me ajudando a colocar a lingerie.
—   Tem que comprar um robô então. ― Eu disse, sorrindo e ela gargalhou.
— Você é engraçada, gostei de você! ― Ela disse, e eu disse o mesmo, terminando de me vestir, e colocando o salto alto.
Bethany me levou para fazer a make na sala, a maioria das garotas já estavam arrumadas, me sentei na cadeira de frente ao meu espelho minúsculo, e ela começou a arrumar meu cabelo, assim que ela terminou e eu fui começar a fazer uma make básica, a tal Julien subiu na sua cadeira, sorrindo.
—  Olá novatas, e largadas. ― Ela disse, olhando diretamente para mim e para Bethany. —  Vou logo avisando, qualquer biscate que for comprada pelo Sr. Morrison, se não voltar em três dias, vão se ver comigo, farei da sua vida um inferno. ― Julien disse, alto.
—   Mas se é uma escolha dele, nós não temos nada a ver com as neuras dela. ― Eu disse, baixo.
—  O que disse ninfeta fedida? ― Perguntou Julien, rude.
—  Querida, eu só tô falando que quem escolhe é ele, não você. ― Eu disse, debochando.
"Mulher folgada", pensei.
—  Pois fique sabendo querida, que quem atravessa o meu caminho não sobrevive pra contar história, ELE É MEU, TÁ ME OUVINDO?! SÓ MEU! E aí dele, se ele te escolher, eu vou acabar com sua vida. ― Gritou Julien, irritada, me fuzilando com o olhar.
—   Problema é seu, louca, devia se tratar isso sim! ― Eu disse, séria, e a tal Julien veio pra cima de mim, furiosa, sendo contida por dois brutamontes.

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⏰ Última atualização: Jun 07, 2022 ⏰

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