Me Beije no Fim de Mundo

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O azulado da cidade nunca se compara
À vermelhidão dos campos
Das minhas velhas ambições
Minhas verdades

Azuis

Seriam minhas mentiras
Azulada seria eu
Minhas curvas e mente traiçoeira

Azul como minha memória
Imparcial.
Irrelevante.
Imoral.
Imperdoável.

Cruel e ambígua
Minha mente turva e gélida 
Como minha cidadezinha

Fim de mundo se quiser saber.
Fim de mundo com finais de tarde azuis
Azuladissimos
Azulado e perverso
Azulado e corrompido.

Azul e finalmente esquecido ao chegar daquela manhã
A manhã que decidi não acabar com tudo
Que é clara, surrada pela neblina.
Tirando todo pensamento da rebeldia
Substituindo novamente pelo azulado, a frieza tomando conta
Tomando
Tornando
Encorporando

O pensamento impiedoso se repetindo
O dia se repetindo
A noite se repetindo
Todas as desculpas
As mesmas duas palavras ao final da noite
Enquanto estou sendo coberta naquela cama grande demais pra uma pessoa só
E as duas palavras
E as mentiras
E a cama me engole
Eles me engolem
Cuspindo negligências
Dando desculpas à mudança

Eu paraliso
E toda noite eu me deito
Digo todas as desculpas
Repito as duas palavras
Claustrofóbico
Tomado
Gelado
Morto.

Eu me matei

Eu fui a vermelhidão do campo
E fui o amaranhado daquelas flores azuis que te dediquei com tanto carinho.
E morri sozinho

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⏰ Última atualização: Jun 06, 2022 ⏰

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