oito.

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Assim que Chaerin nos liberou da detenção — não sem antes rezar a mesma missa de "violência não leva a nada" para nós mais uma vez — eu fui correndo para o meu armário, afim de pegar meus pertences e chegar em casa o mais rápido possível, pois eu tinha um balaio de coisas para contar a Jimin e Tae. Saí do prédio espaçoso completamente radiante, quase saltitando até minha residência de tanta alegria e, acima de tudo, alívio, tanto por ter me resolvido com o Min, quanto pelo o que ele me contou há pouco tempo atrás.

Era bom demais saber que, de certa forma, Yoongi também estava enganando minha gêmea, e melhor ainda era o pensamento de que eu ainda tinha alguma chance com o capitão.

Inevitavelmente, me lembrei das suas ações de hoje, já sentindo uma vontade enorme de dar risadinhas e balançar os pés no ar. Os dedos de Yoongi são um pouco mais longos que os meus, dando a impressão de que minhas mãos são menores que as deles, e eu não sei o que fazer além de sorrir como um bobo com esta informação. Não sei explicar, mas algo sobre nossas mãos entrelaçadas simplesmente parece certo, como se elas tivessem sido criadas para isso.

Logo, a cena do garoto encarando cada e qualquer pedaço do meu rosto, principalmente a minha boca, invadiu meus pensamentos. Uma sensação engraçada tomou conta do meu estômago e senti minhas bochechas arderem como o Sol quando eu me lembrei do som de seu suspiro depois de eu ter, acidentalmente, umedecido meus lábios. Mordisquei o inferior, começando a me sentir nervoso só de pensar nisso, tamanha é a coleira que Yoongi me tem preso. Inferno de garoto!

Perdido em meus pensamentos apaixonadinhos, nem percebi quando cheguei na esquina de casa. Quando eu estava de frente a porta, minha ficha caiu: o diretor, provavelmente, já tinha comunicado a minha mãe sobre os eventos de hoje.

Merda.

Olhei 'pra garagem e, para o meu azar, o carro de Tiffany estava ali, indicando que ela já tinha chegado.

Porra.

Apelei 'pra todas as entidades possíveis, rezando internamente para que ela estivesse descansando (lê-se babando no travesseiro), já que, noite passada, minha mãe estava de plantão e deve estar xoxa, capenga, manca, anêmica, frágil e inconsistente. Abri a porta com a lentidão de um bicho preguiça, me arrependendo de ter saído daquele colégio no momento em que ouvi a voz de minha amada mãe. Tiffany falava ao telefone e parecia estar muito bem acordada e disposta a me dar um safanão na orelha assim que eu aparecesse na sua frente.

Mas que caralho!

Já aceitando que meu fim era hoje, entrei em meu lar, guardando meus tênis no canto de sempre e torcendo 'pra passar despercebido pela matriarca da casa. Apressei o passo, quase correndo quando vi Tiffany sentada na mesa de jantar com seu celular já desligado. Soltei a respiração assim que cheguei na escadaria, planejando começar a correr naquele mesmo instante.

— Oi, filho. - tarde demais. Apertei os olhos, pronto para implorar de joelhos que ela não me matasse, ou pior, me devolvesse 'pro orfanato.

— Oi, mãe. - dei meia volta, forçando um sorriso quando fiquei cara a cara com a mulher. Analisando sua expressão (ou melhor, a falta dela), não notei nenhum vestígio de nada. Só que isso não me tranquilizou nem um pouco. — Uau, seu cabelo está lindo! A senhora cortou? - tentei a bajular para a minha pena ser menor.

— Obrigada. Eu lavei. - engoli em seco, notando que Tiffany riu nasalmente. - Eu comprei kimbap, lave as mãos e venha almoçar.

Comprimi os lábios, assentindo e indo até o meu quarto rapidamente. Guardei minha bolsa, lavei as mãos e desci, vendo três tigelas preenchidas com os rolinhos de arroz, alguns molhos e três copos dispostos na mesa. Jiwoo também estava lá, mas ela não era nem de longe minha maior preocupação do momento, então apenas sentei no lado oposto ao seu em silêncio. Porém, minha irmã me encarou com um sorriso irritante no rosto, e eu sabia exatamente como ela iria me provocar hoje:

Switch To Me┊SOPE.Onde histórias criam vida. Descubra agora