A pequena Sophia estava sentada na varanda de casa, na propriedade de sua família, quando viu as nuvens brancas como algodão se formarem no céu que outrora estava pintado de azul anil dando lugar ao vermelho-vivo do entardecer.
Ela segura em suas mãos um pequeno urso de pelúcia marrom, com pequenos laços e fitas a enfeitá-lo.
A garotinha observa atentamente o movimento de uma das nuvens, a maior delas, a se aproximar do solo, refletindo em seus olhinhos castanhos, o brilho, a cor e a dimensão daquela estranha forma.
De repente uma estranha luz parece atravessar as nuvens que estão logo atrás, e, numa fração de segundos, o céu é coberto por pontos luminosos que saem de todas as direções caindo de encontro a Terra, sobre o solo da plantação de café, numa velocidade arrebatadora.
Assustada, a menina abraça o ursinho com força, fechando os olhos em seguida, seu medo impedindo-a de abri-los e se deparar com algo terrível à sua frente.
― Mãe! ― ela grita enquanto caminha em direção a porta de casa.
Preocupada, a mulher corre apressada saindo de dentro da casa.
― Querida, o que aconteceu? ― ela perguntou, ajoelhando-se de encontro à garotinha. ― O que você tem?
Ainda assustada, a menina diz apontando para o céu:
― As nuvens, elas estão chovendo luzinhas.
― Chovendo? ― a mulher pergunta olhando em direção às nuvens habituais para um fim de tarde. ― Sophia, está tudo bem. Veja, não está chovendo ― ela continua, sorrindo da situação, ― Devem ser os vaga-lumes! ― ela diz enquanto um pequeno vaga-lume sobrevoa a varanda da casa.
Em seguida, inúmeros bichinhos aparecem no quintal, suas luzinhas piscando em meio ao crepúsculo que inicia sua mágica transformação no horizonte.
Sophia olha para os insetos com um olhar de admiração, porém sem medo.
― Verdade! ― ela diz animada. Ergue a mão em direção ao inseto que parece voar em sua direção.
― Bom, acho que já podemos entrar em casa ― a mulher diz levantando-se e arrumando o vestido amarelo em seu corpo. ― O tempo está começando a esfriar.
― Está bem mamãe ― Sophia diz assim que o pequeno inseto sobrevoa sua cabeça indo em direção à janela mais próxima adentrando o interior da casa.
Então, mãe e filha caminham apressadas em direção à porta de entrada que nem percebem a movimentação seguinte. Fora dos limites do pequeno quintal que antecede a varanda, duas criaturas observam a casa, atentos e preocupados.
― Acha que ela nos viu? ― uma das criaturas pergunta. É um ser pequeno, de olhos negros, cabeça achatada, nariz adunco, corpo estreito e pés peludos.
― Duvido muito ― a outra criatura diz, suas características idênticas ao parceiro de conversa. ― É um filhote humano. Mesmo que ele tenha nos visto, não acreditarão nele.
― Mas e as outras criaturas? Em outros lugares? ― pergunta a primeira criatura, assustada.
― Não seja bobo. Perdemos o tele-sinal somente por alguns segundos. Segundos esses que apenas as luzes das nossas naves foram vistas. As criaturas humanas não são tão espertas quanto pensam ― a segunda criatura diz, esboçando um ar de confiança. Ele caminha por entre a plantação de café, seus pezinhos se arrastando pelo chão de terra, deixando-o desconfortável.
― Bom, se isso é verdade ou não, tudo o que sei é que por pouco não descobrem a gente ― o outro diz, suspirando enquanto o segue pelo caminho.
― Não se preocupe. O experimento irá continuar e logo poderemos estar entres as criaturas humanas sem corrermos o risco de sermos atacados. Agora por favor pare de falar e deixe-me caminhar até a nave. Estou louco para lavar os pés.
Os dois seres desaparecem em meio a plantação de café deixando para trás apenas pegadas sobre o chão. Mais um dia de estudos sobre a raça humana havia se passado.
Apenas mais um dia...
VOCÊ ESTÁ LENDO
9 Contos - Alienígenas Entre Nós - Vol. 1
Science FictionO Universo está cheio de mistérios e segredos que jamais conseguiremos decifrar. Diante disso, nosso imaginário tende a nos mostrar variadas formas de nos convencer de que não estamos sozinhos num mundo onde tudo e todos estão em constante transform...