9 Contos - Alienígenas Entre Nós - Vol. 1

Capítulo 3 - Segunda-Feira

Segunda- Feira

O carro branco se encontra parado do outro lado da rua enquanto os faróis acessos projetam sobre o asfalto negro uma luz amarela cintilante que segue em linha reta até a faixa de pedestres à frente. Pessoas caminham apressadas enquanto observam o semáforo piscar rapidamente mudando de amarelo para vermelho.

Parada ao lado do portão de casa, Júlia remexe em sua bolsa procurando o aparelho celular que havia jogado dentro do acessório.

Ela está usando uma blusa amarela com pequenas flores brancas que decoram o tecido trazendo uma harmonia com sua calça bege e não muito justa. Seus cabelos negros e encaracolados estão comportados debaixo de uma discreta tiara branca, a sua preferida na segunda-feira.

Ao encontrar o aparelho celular, Júlia suspira e observa na tela as notificações que aguardam sua checagem assim que entrar em casa.

Ela sabe que precisa se controlar. Foi diagnosticada com sintomas graves de ansiedade devido ao uso exagerado das redes sociais.

Desligando o visor, Júlia coloca novamente o celular dentro da bolsa e quando se prepara para abrir o portão, algo lhe chama atenção.

Olhando em volta, Júlia percebe que está sozinha, as pessoas que transitavam pela rua desaparecem rapidamente, deixando-a assustada.

Ela caminha em direção à esquina, quatro casas depois da sua e olha para a rua seguinte: Não há ninguém.

Incomodada, Júlia olha o relógio em seu pulso. Os ponteiros marcam 19h00min.

''Estranho. Muito estranho!'', pensou Júlia.

Em um dia normal – numa segunda-feira normal –, certamente a rua estaria repleta de trabalhadores voltando para suas casas, exatamente como estivera minutos antes.

Carros estariam perambulando pelas ruas, o som característico de seus motores enchendo o ambiente de ruídos; vozes seriam ouvidas, passos e toda uma infinidade de movimentos naquele momento pareciam não existir.

Agora, tudo era silencioso e vazio.

''O que está acontecendo?'' Júlia se pergunta enquanto observa a sua frente algo que só agora percebe:

Um carro branco estacionado a poucos metros a frente.

Júlia caminha até ele enquanto observa os faróis acesos iluminarem a faixa de pedestres.

Seus sapatos emitem um som constante que se propaga pela rua silenciosa como se fosse um anúncio augurado.

─ Oi, com licença ─ Júlia diz ao se aproximar do carro. ─ Desculpe incomodar... Oi! ─ Ela bate levemente no vidro escuro do carro na esperança de encontrar alguém lá dentro.

De repente, o vidro emite um barulho mínimo ao ser abaixado, revelando um perfil másculo de um homem por volta de seus trinta e poucos anos. Ele esboça um sorriso tímido em contraste com a aparência brava que seu rosto transmite.

─ Desculpa, eu não queria incomodar, mas, você sabe o que está acontecendo? ─ Júlia pergunta, seus olhos vidrados naquele sorriso ingênuo.

─ Bom, é... Eu não sei! ─ o homem diz simplesmente, suas palavras soando baixa demais. Ele toca o volante com força, apertando acidentalmente a buzina que berra pela rua assustando a ambos.

─ Oh, me desculpe, eu não fiz por mal. ─ Ele se desculpa enquanto abre a porta e espera que Júlia se afaste para sair do carro.

─ Sem problemas ─ ela diz dando alguns passos para o lado. Ela observa mais uma vez a rua deserta notando o silêncio que insiste em continuar. ─ Eu estava voltando do trabalho, havia movimento nas ruas, o que é natural em uma segunda-feira, e, de repente tudo ficou assim...! ─ ela esboça um sorriso bobo notando sua narrativa sem freio, enquanto ergue o braço direito em direção à rua apontando o motivo de sua intriga.