Fortaleçam os Punhos jovens guerreiros! Parte I

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Faz poucos minutos que Daichi despertou e sentando numa cama aquecida ele encara sereno as mãos enfaixadas, após contrair e retrair os dedos relaxando as articulações eleva o rosto fitando o ambiente em torno de si. Quarto simples, sem muitos móveis e com a agradável surpresa dos raios solares surgindo pela janela "O brilho do sol chega nessa região? Esquisito..." desconfiado vai tentando deduzir os eventos que o levaram até aquele local. Antes de concluir sente a aproximação de um cosmo na porta, quando iria se mover para interceptar quem quer que fosse, parou de imediato reconhecendo a dona do cosmo.
A porta se abre e a amazona vai adentrando o local - Ajeite as costas na cama, não vai conseguir se alimentar direito assim. - Hanna aconselha se aproximando.
Deixa a bandeja de café sobre ele, nela uma vasilha com arroz fresco, ovos fritos e um jarro com chá meio amargo se encontra.
- Obrigado pela refeição - Unindo as mãos na forma de prece o rapaz então inicia a refeição, já a parceira se senta na cadeira ao lado da cama. A vasilha se encontra vazia assim como o jarro, com um bom período de tempo passado o rapaz segura firme o cobertor - Jormungandr... - No período que se alimentava, Hanna relatou todos os últimos eventos.
- Não só ela deve ter chegado, sendo a irmã de Fenrir ele provavelmente despertou - Na mente da amazona a representação de cada criatura mitológica banhada em cosmo divino surge, um colossal lobo que poderia engolir um planeta cercado pelo corpo da serpente que abraça os nove reinos nórdicos. Hanna segura firme os braços, temendo o que está por vir. - A reunião deles pode estar incompleta... A não ser que...
- Que? - O cavaleiro nota a onda de preocupações banhar o olhar da líder.
- Que Hella desperte! - Aquela voz feminina ecoa na mente dos dois, surpresos eles olham em volta até que algo surge na coberta do cavaleiro e de lá surge a kitsune deitada sobre o mestre. - Três pilares, os três lados do triângulo herdeiro de Loki.
- Hella... - Hanna tenta puxar na memória algo sobre a deusa mas, é em vão já que nem mesmo era retratada em escrituras apenas citada.
- Ela é a pior dos três? - Daichi estava avulso no assunto.
- Boa pergunta, ninguém sabe ao certo quais suas intenções. Se colocar no tabuleiro o sangue dela... Como eu disse, filha de Loki. - A raposa insiste no conceito.
- Para alguém de terras japonesas, conhece bastante sobre eles, não é? - A amazona muda o olhar para a mesma.
- Kitsunes dividem as memórias, é o que nos previne de ser enganadas por quaisquer intruso ou traição. Um dia, a deusa Amaterasu desejou fazer as pazes com os Youkais, se tornando uma de nós. E nas memórias dela, o encontro entre os deuses de inúmeros lugares era aparentemente agradável entretanto, quando o assunto era Loki... - Ela ainda falava e como Daichi estava com a mão sobre seu corpo notou seus pelos arrepiando. - Era ardiloso e macabro, nem mesmo Odin tinha interesse em convidá-lo a essas reuniões. Pra vocês, ele é como Hades, não tem o menor interesse em paz.
A sutil presença do sol foi bloqueada pelo toque das nuvens cinzentas, e o clima agradável é sufocado pela angústia. Lembrar da lenda de Hades estremece todo o espírito dos cavaleiros presentes, só de existir alguém tão perverso quanto os fazem embrulhar o estômago.
- Compreendo - Com a voz seca e sem permitir se abalar, Hanna levanta, encarando o parceiro o avisa. - Tome um banho e venha, em breve vamos iniciar um treino. A partir de agora, se fortalecer é essencial.
- Sim, senhora - Ele acena positivamente, no momento que ela estava pra sair ele indaga. - Líder, uma coisa me incomoda. Onde estamos?
- Está é a casa da minha mestra, pode ficar tranquilo. - Diz por fim fechando a porta

Na cozinha, Naomi já se encontra sentada próxima a mesa no deleite de uma caneca completa com chocolate quente acompanhada dos biscoitos no prato a sua frente, já Hanna permanece atenta ao livro em mãos tomando café preto encostado na pia.
- Bom dia meu povo... - Bocejando, Carlos surge saindo do seu quarto. Ele se senta ao lado da amiga roubando um de seus biscoitos. Naomi o encara um tanto incrédula, confuso ele indaga. - To com o hálito porco ainda? Aquela pasta de dentes é...
- Não é isso, é... Como você consegue? - Observando a vestimenta do rapaz era inevitável segurar o susto.
Calça e sapatos simples, porém usando apenas uma camiseta roxa uva sem toucas ou qualquer proteção extra contra o frio.
- Apesar do clima nessa área ser mais agradável, ainda estamos em terras congeladas. - Hanna acrescenta fitando o amigo.
- Assim, tá trezentas vezes melhor que naquele congelador de base da última vez. Além do que, eu sou um forno ambulante e venho de uma região com um calor da desgraça! - Carlos evita lembrar demais, sente logo a camada de ar quente vindo com tudo no seu rosto. Ele rouba mais um biscoito antes de prosseguir fazendo uma expressão triste. - Só tem um ponto real negativo aqui, fui no banheiro e tive pena do meu garoto, quase não reconheço...
- Garoto? Você tem filhos? - A amazona de prata é lançada em dúvidas.
Quando ele abre os lábios a mão da Naomi segura seu braço - Não explica por favor, não explica! - Notando a vermelhidão surgindo no rosto dela, o rapaz logo libera um sorriso malicioso que só a fazer cair num caldeirão de vergonha tendo que cobrir o rosto com as mãos.
Hanna chega a coçar sutil a bochecha sem compreender nada. Enquanto estavam distraídos o som do ranger de porta ecoa, ali surge uma figura a fechando em seguida.
- Existe gratificação maior que colher lírios nessa área? - A mulher pergunta contente.
E desta vez quem é atingido pela vergonha é Carlos, pós o sorriso desenhado na face da mulher o atingiu em cheio. Além do corpo atlético da mesma, ela ainda tem um longo cabelo loiro como uma cachoeira de ouro, destacando o par de olhos ametistas facilmente ressaltados no tom marfim da pele, a blusa de lã apesar de grande ainda se torna pequena perto da física muscular e do busto da moça.
"Danos em excesso! Danos em excesso!" Carlos é obrigado a desviar o olhar "Tá gênio, você não pode ver mas vai tapar os ouvidos também?" O som melódico na voz da mesma ainda gera abalos no rapaz.
- Mestra Yuna, seja bem-vinda. - Com uma breve reverência, Hanna a cumprimenta. Naomi ergue-se e faz o mesmo, Carlos notando a saudação quase derruba a mesa ao se levantar e repetir o ato.
- Não precisam ficar tão tensos, gosto de companhia - Ela sorri mais uma vez aos jovens. Deixando o jarro com os lírios numa bancada, a loira vai a pia limpar as mãos da terra úmida. - Digam, todos já estão estão de barriga cheia? E seus ferimentos?
- Sim e estamos melhorando - Naomi explica tranquila, enquanto ao amigo só se senta em silêncio para evitar mais vergonha gratuita. - Yuna... Seu nome é familiar.
- Você é a aprendiz de Shina, correto? - Ao virasse pode pegar o rosto surpreso dela no mesmo instante. - Naomi de Andrômeda, ela vivia dizendo que você seria uma ótima amazona desta constelação. Como sempre, a sabedoria dela é inquestionável.
- O-O-Obrigada... - Tocando a ponta dos dedos, retorna a parecer um tomate de tão vermelha que ficou.
Daichi surge do quarto, um pouco confuso ao fitar os amigos tímidos. No momento que observa a mulher ali presente, ele a saúda em reverência. - Agradeço, pelo acolhimento.
- Por Atena... Podem relaxar enquanto a isso! - Ela pede rindo. - São todos bem-vindos aqui, fiquem o quanto quiserem.
- A senhora não deveria falar tão alto, vai acabar o acordando. - A aluna comenta para que lembre, a mulher leva a mão à frente dos lábios de fato relembrando.
A quarta porta se abre com uma grande exclamação - Tarde demais! - Uma voz infantil adentra o local e um pequeno garoto em seu pijama dourado com listras azuis similar a um uniforme esportivo surge.
Os cavaleiros observam o pequeno que estufa o peito colocando os punhos na cintura, antes que alguém o questione, Yuna o questiona. - Dormiu bem meu anjo?
- Muito, acabei com tantos que nem vão voltar à vida depois disso! - Dando soquinhos no ar, o garoto de seis anos fala animado retratando o sonho que teve.
Yuna dá risadas breves e pede. - Ok ok, grande cavaleiro de Atena. Dirija-se ao banheiro tirar o traje de combate e retorne para restaurar suas forças!
- Sim, senhora! - Batendo continência ele brinca, só não sai antes de correr pros braços dela e segundos depois faz o que a mãe o pediu.
Naomi tem um brilho imenso no olhar completamente tragada pela fofura do pequeno, enquanto ao cavaleiro de unicórnio abaixa a cabeça sentindo que levou uma rasteira se dando conta da aliança no dedo da antiga amazona.
- Qual o nome dele? - Naomi não consegue mais conter a curiosidade.
- Souta. Já que com 9 meses na barriga da mãe sai a cópia do pai fui rendida a escolha dele. - Yuna revira os olhos, apesar de tentar demonstrar indignação o tom suave e o breve sorriso só desperdiça a ideia.
- Souta... - Os três cavaleiros começaram a murmurar em conjunto, o nome era muito familiar e a mente deles não conseguia descobrir o motivo.
Yuna dobra as mangas e acende o fogo colocando a frigideira ali e quebrando os ovos, preparando a omelete pro filho. Hanna notando a confusão na face dos amigos, compreende o motivo.
- Se é sobre o pai dele que estão desejando saber, ele era Souma. O guardião de ouro antecessor ao mestre Simba. - A amazona toma mais um gole do café ao encerrar a frase.
O estalo surge na mente dos três dizendo em coro. - O Cavaleiro de Leão?!
Carlos engole em seco, seu corpo estremeceu como nunca "Eu tava... Babando pela esposa do Souma de Leão?!" Mesmo sem está no local, a imagem do cavaleiro de ouro em meio às chamas retornando seu olhar severo sobre o rapaz o fez se sentir minúsculo.
Yuna acaba rindo um pouco. - Pelo visto, mesmo após sua partida meu marido deixou uma marca no Santuário.
- Com razão, antes da nova geração dos cavaleiros de ouro, apenas Leão e Libra tinham seus guardiões. - Daichi se recorda das histórias que o contavam.
- De fato, Souma e Ryhou são admiráveis - Com uma espátula, Yuna coloca a omelete no prato e completa com arroz juntos - Apesar dos danos que ficaram connosco, os dois assumiram o posto máximo entre os cavaleiros - Na memória da guerreira, poderia ver ambos de costas com suas armaduras resplandecentes ao toque do sol. Ela destampa a calda e despeja sutil sobre o prato, completando o café da manhã. Colocando sobre a mesa ela avisa. - Está pronto, Souta!
- Tô pronto! - Ele saiu rolando pelo chão simulando um dos espiões que assistiu em filmes. Após a pequena entrada e as palmas da mãe, ele corre para a cadeira e começa o café da manhã.
Naomi tem em memória algumas fotos dos antigos cavaleiros de bronze antes deles, e de fato o cabelo do Souta não só carrega a coloração alaranjada ardente semelhante a chamas estáticas, como também a própria forma dele é muito similar, o rosto e sorriso completam o combo de aparências, a única exceção é o par ametista no olhar que traz a essência da beleza de sua mãe.
- Todo esse tempo, tive uma dúvida que desejava tirar com um de vocês... - Daichi estava a dizer.
- Pode perguntar. - Yuna acena gentil ao jovem.
- Soubemos de Souma e Ryhou, porém não a mais nenhum dos antigos cavaleiros de bronze... Todos morreram? - O cavaleiro de lobo tentou ser o mais cuidadoso possível em sua indagação.
- Compreendo... Não parece que honramos nosso compromisso até o fim, não é?
- Não Não! É que... Poxa, a mestra Shina falou tanto sobre vocês... - Naomi adentra no assunto, até ela estava curiosa mas, não queria tocar em assuntos tão delicados.
Yuna ri serena, e mantendo o grau de gentileza os explica - Anos atrás, naquela guerra... Perdemos sim, alguns de nossos companheiros em combate. Três deles, sendo mais específica. O resto de nós, buscou seguir em frente mantendo os olhos voltados a Atena... Todavia, além do gosto amargo que aquelas perdas nos deixaram, nossos corpos já não eram os mesmos. Ryhou perdeu sua visão e olfato, roubados por um dos deuses. Já o Souma, teve o tímpano esquerdo... - Quando a mulher se recordou que seu filho ainda estava ali, mediu melhor as palavras - Danificado permanente, junto também a uma perca de 80% do seu pulmão esquerdo o deixando com muito mais dificuldade para respirar. - Apesar da explicação dura, o único que não aparentava ser atingido foi o próprio Souta que terminou a refeição e questiona a mãe.
- Posso ir lá fora? Posso ouvir a risada maligna dos meus inimigos! - Cheio de energia o pequeno levanta da cadeira, Yuna sorri e acena confirmando e assim ele faz.
Naomi estava com as mãos sobre a boca, Carlos fecha os dedos com força sentindo uma colossal fúria dentro de si, como se culpasse por não ter nascido antes e lutado ao lado dos cavaleiros.
- Entendo, a senhora também sofreu algo assim? - Daichi mesmo com o olhar sensibilizado, continua.
- Correto - Ela pousa a mão sobre a coxa esquerda, passando os dedos sobre a mesma como se sentisse algo ali - Fui atingida por uma flecha, da deusa Diana. Por mais que já tenha tirando, não consigo mais chutar como antes, o Grande Mestre acredita que o ataque não só atingiu minha carne como também minha alma a tornando quase inútil. Enfim, eu não me importava de certa forma, pretendida acompanhar os novatos e treiná-los, só que a gravidez veio e mantive longe de perigos maiores - Ela caminha até a aluna e pousa a mão no ombro dela. - No fim, a única que ensinei anos depois foi a Hanna. Fico contente que ela honre as asas que conduzem os ventos com tamanha destreza.
- É o um dos problemas que enfrentamos agora, enfrentar deuses sem está no nível da senhora. - Daichi acrescenta fitando o lado de fora pela janela.
Quando Naomi iria questionar começou a levar mais em consideração o clima do lugar e unindo a frase da Yuna a jovem deixa escapar uma gota de suor frio "Ela... Está dispersando os ventos frios nessa direção com seu cosmo?!" Quando a jovem fita sente melhor a energia em torno deles pode notar as ondas de ar esmeralda passando entre eles com a matriz de energia sendo o próprio corpo da Yuna como se ela fizesse parte de todo o ar naquele local.
Carlos arrasta a cadeira, ele caminha até ficar diante a antiga amazona, Daichi logo entende e faz o mesmo e ali ambos reverenciam sutis pedindo em conjunto. - Nos treine, por favor!
Yuna piscou algumas vezes, mas acena tranquila os dizendo. - Ok, vamos ao ponto mais alto da montanha. Vou só me preparar.
Naomi ficou ali estática, sem saber o que dizer ou se pedir para se juntar a eles, no fim apenas os amigos seguiram a Yuna.




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⏰ Última atualização: Jun 07, 2022 ⏰

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