Lados Opostos

~ 01 ~

— Você vai devolver o dinheiro da minha empresa seu moleque, não te coloquei lá pra me foder não. ― Disse Jason, bravo, batendo no volante.
—  Já te falei que não tô com a porra do dinheiro ainda, e outra coisa, a empresa é trilionária irmão, o que são alguns milhões a menos, Jay? ― Rebateu Tomáz, sorrindo.
—  Eu não tô ouvindo isso não cara, vou te matar seu filho da puta. Eu não passo noites e noites naquela empresa pra você fazer o que der na telha não, seu desgraçado. ― Disse Jason, furioso, tentando enforcar seu irmão mais novo, enquanto dirigia.
—  Olha a rua, cê tá maluco, vai nos matar! ― Disse Tomáz, assustado, vendo Jason desviar de um caminhão, saindo às pressas da contramão.
—   Tá com medo de morrer? Pois deveria agradecer, já que vai morrer de qualquer jeito. ― Disse Jason, furioso, e os dois ficaram em silêncio por apenas alguns segundos.
—  Eu também perdi meu apartamento. ― Disse Tomáz, retomando o assunto.
— Não tô acreditando nisso. ― Bufou Jason, bravo, batendo no volante. — O que cê tem na cabeça hein?
— Ela me deu um golpe cara, o que posso fazer? ― Perguntou Tomáz, cínico.
— Não sair com qualquer uma que aparece por aí, já é um bom começo. ― Disse Jason, rude.
—  Qual é, não tenho culpa que você não conhece ninguém desde... ― Tomáz começou a dizer, mas foi interrompido.
—  É melhor cê ficar quieto, pelo seu próprio bem. ― Pediu Jason, frio, apertando o volante de raiva, e o silêncio se instalou por alguns segundos novamente.
— Vou poder ir morar na sua casa? ― Pediu Tomáz, sorrindo.
—   Não. ― Disse Jason, rude.
—   Mas eu não tenho pra onde ir, e o papai não voltou de viagem ainda. ― Disse Tomáz, na defensiva.
—   Não quero saber, você é irresponsável, fez suas merdas, agora aprenda com as consequências. ― Jason disse, furioso, batendo no volante.
— Vou arrumar um jeito de devolver todo o dinheiro cara, relaxa! ― Disse Tomáz, sério.
—  Que jeito, seu infeliz? Cê não tem onde cair morto. Eu tentei te ajudar, mas você só gosta de fazer merda, vá se foder então, cara. ― Disse Jason, irritado, ultrapassando os veículos a frente em alta velocidade.
— Ei, vai devagar. ― Pediu Tomáz, se segurando no banco.
—  Vai se foder, quer dirigir essa porra por acaso? Então dirigi. ― Perguntou Jason, furioso, soltando o volante, e olhando para o seu irmão.
—  JASON!! ― Gritou Tomáz, antes do carro bater na mureta, capotar do viaduto e cair no rio.

Meia hora depois, em outro ponto próximo dali
—  Ei motô, por que parou? — Perguntou um homem, no fundo do ônibus.
—  Certeza que é acidente lá na frente, ó as ambulâncias, e os bombeiros. ― Disse o cobrador, olhando pela janela.
— Vishi, tem até helicóptero, vai demorar hein, pessoal. ― Disse o motorista, alto.
—  Aí meu Deus, não posso esperar, vou chegar atrasada. ― Disse Marina, ansiosa, se levantando.
— Onde você vai, doida? ― Perguntou Melanie, sua irmã mais nova.
— Vou ir andando né, não posso perder essa entrevista de jeito nenhum. ― Disse Marina, séria.
— Oh motorista, vai descer aqui. ― Disse Melanie, alto, e o motorista abriu a porta, as duas saltaram, e foram a pé o restante do caminho.

— Olha Mari, tá mostrando aqui no Insta, que o acidente foi com os donos daquela construtora famosa, que tem perto da facul, o carro capotou, e caiu no rio. ― Disse Melanie, lhe mostrando a tela do celular com a notícia.
— Que tragédia, nem tem fotos dos caras, deve ter sido fatal. ― Disse Marina, séria e pensativa.
—   É verdade, só do carro boiando no rio, credo. Mas eles estão vivos, diz aqui no ig de fofoca. ― Melanie disse, séria, olhando para o celular, e rolando o dedo no feed de notícias.
— Isso é bom então, eu acho. ― Marina disse, séria, e Melanie concordou, antes de guardar o celular no bolso da calça.
— Bom, chegamos no seu destino, mas agora vou correndo para o meu. ― Disse Melanie, na porta da agência.
— Bom estudo, Mél, se cuida! ― Disse Marina, sorrindo, antes de puxar sua irmã para um abraço.
—  Boa sorte irmã, te amo! ― Disse Melanie, antes de se soltar do abraço, e atravessar a rua, para pegar o ônibus da universidade.
— Também te amo, me manda mensagem quando chegar. ― Disse Marina, irmã coruja, antes de entrar na agência de empregos.