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Dois meses depois
Nolan e Blake conversavam via Skype, em pleno sábado a noite, enquanto trabalhavam no caso do traficante e líder de um grupo terrorista, o caso que fez o Nolan ser afastado do seu emprego no FBI.
— Cara, eu acho que você devia largar um pouco isso, e aproveitar esse tempo sabático pra fazer outras coisas. ― Recomendou Blake, após quase quatro horas de trabalho.
— Não vou largar nada, sinto que estou bem perto de encontrá-lo... ― Respondeu Nolan, digitando freneticamente em seu notebook.
— Meu amigo, faz três semanas que não temos notícias, nem pistas, nem nada do nosso cara, acho que já está na hora de você voltar pra casa. ― Blake disse, calmo e preocupado.
— Só volto pra casa quando eu encontrá-lo. ― Nolan disse, sério, o encarando, assim que parou de digitar.
— Então procure outra forma de se entreter, você anda muito tenso, e a gente está trabalhando num fim de semana, porra... ― Blake disse, bufando.
— Não posso me distrair com futilidades. ― Nolan resmungou, começando a fazer anotações em seu caderno.
— Esse é o ponto cara, você precisa sim... ― Blake disse, sorrindo de leve, e Nolan ficou em silêncio o ignorando. — Ah qual é cara, uma distraçãozinha não vai lhe fazer mal, e...
— Não posso perder o foco, Blake. ― Disse Nolan, o interrompendo, sério.
— Aff, você não tem jeito, cê precisa dar uma, cara. ― Resmungou Blake.
— Eu preciso encontrar esse desgraçado, e você precisa focar na missão, Blake. ― Disse Nolan, rude.
— Eu vou me divertir, por que é sábado e eu quero curtir com a minha mulher, se você quer ficar aí sentado até o dia raiar, fique, eu vou sair. ― Disse Blake, sério, e um silêncio se instalou. — Ei, eu estou fazendo tudo que posso pra limpar tua imagem amigão, se você não se lembra é por sua causa que fui excluído da equipe e rebaixado pra porra de um telemarketing. Também tô na mesma merda que você.
— Desculpa cara, você tá certo, e eu vou sempre ser grato por tudo que cê fez e faz por mim e pra mim. ― Disse Nolan, sério, o encarando.
— Ah cara, assim eu choro. Então faça pelo menos uma coisa pra mim... ― Blake começou a dizer, o encarando, sorrindo.
— Diga. ― Nolan pediu.
— Vai dar uma volta pela cidade, vai jantar fora, arruma essa casa, toma um banho, você está nojento, cara. Hoje é sábado, vai curtir um pouco essa cidade aí. ― Disse Blake, sorrindo.
— Tá bom, mamãe. ― Nolan disse, bufando.

Após desligar a chamada, Nolan jogou a cabeça pra trás, bufando, se endireitou na poltrona, olhou para todos os lados, observou a pequena kitnet em que se instalara e suspirou. O pequeno lugar estava silencioso, cheio de embalagens de delivery espalhados pelos cantos e roupas pelo chão. Ele inspirou fundo, se levantou e resolveu arrumar o local.

Já era uma dez da noite quando ele terminou de limpar a pequena kitnet, estava faminto, e resolveu seguir o conselho do seu melhor amigo, de ir conhecer a cidade. Ele entrou no elevador do prédio, segurando dois sacos de lixos, e aguardou a porta se fechar, quando estava prestes a fechar completamente, uma mão surgiu e a porta se abriu. Era uma rapaz, no auge dos seus 28 anos, vestido para sair, Nolan o encarou de soslaio, mas não moveu um músculo para cumprimentá-lo, o que não impediu do vizinho fazer.
— Oi, você deve ser o novo vizinho. ― O rapaz disse, sorrindo, e Nolan só moveu levemente a cabeça afirmando. — Sou Roman, seu vizinho de porta. ― O rapaz disse, estendendo uma mão na direção de Nolan, que lhe mostrou as mãos ocupadas com os sacos de lixo. — Ah, não tinha reparado, deixa que eu te ajudo. ― Roman disse, já puxando um dos sacos da mão de Nolan, o deixando sem reação.
— O-obrigado. ― Nolan respondeu, após alguns segundos em um silêncio constrangedor. — Me chamo Nolan...
— Oi Nolan, sábado a noite, quais são seus planos? ― Roman perguntou, sorrindo, enquanto o elevador parava no térreo.
— Na verdade... Bom, nenhum... ― Nolan respondeu, pensativo, saindo do elevador.
— Como assim, nenhum? Está tendo o maior evento anual da cidade, você tem que ir... ― Disse Roman, animado, o seguindo.
— Ah não, eu acho que vou trabalhar ou... ― Nolan começou a dizer, desinteressado.
— Não, não, ninguém pode perder esse evento, é tradição da cidade. FlorenceVille inteira vai estar lá, e você vai comigo. ― Roman disse, animado.
— Quê? ― Nolan perguntou, receoso, após jogar seu lixo fora, e o encarando de soslaio.
— Não de casal, relaxa, apesar que tu é bem gatinho, bem musculoso, e tem essa barriga de tanquinho, essa boca... Ui, enfim, eu já tenho o meu boy magia como companhia. ― Roman disse, sorrindo malicioso, após medi-lo de cima a baixo, o devorando com os olhos. — Eu só vou te levar até lá, vamos como amigos. Pode ser? Não aceito não como resposta. ― Disse Roman, dando seu sorriso cativante.
— Somos amigos? ― Nolan perguntou, o encarando.
— Claro, todo mundo é amigo de todo mundo por aqui, você está na cidade mais amistosa do mundo. ― Disse Roman, sorrindo.
— Hum, tá... Ér... Eu acho que é melhor eu ir pra casa... ― Nolan disse, sério, antes de começar a caminhar em direção ao elevador.
— Sem essa, vamos. ― Roman disse, sorrindo, enquanto o puxava de leve pelo braço.
— Mas eu nem... ― Nolan disse, parando bruscamente e mostrando seu look, uma camiseta simples e calça de moletom.
— Aí minha nossa, verdade, vamos achar um look bafônico pra você sair está noite. ― Disse Roman, animado, antes de entrarem novamente no elevador.

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