Capítulo Bônus

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O resto da viagem fora tranquila, uma se aconchegava na outra esperando chegar ao destino final. Paula, apesar de relaxada e confortável com a situação, visto que a mão de Carmem estava entrelaçada à sua enquanto a loira cochilava em sua poltrona, permanecia confusa com seus sentimentos.

A coisa é que a conta não fechava em sua mente. Quando passara a necessitar tanto aquele contato? Quando passara a olhar para a cascavel alemã com tanto carinho, respeito e... O que era pior... LASCÍVIA.

Ao olhar para a imagem tão serena da mulher à sua frente, não pôde evitar que sua mente pervertida imaginasse como seria acordar ao lado da empresária após uma tórrida noite de sexo.

Tentou afastar esse pensamento porque a própria Terrare se viu afetada com o fogo que começava a subir por suas entranhas.
Questionou-se se Carmem havia feito algum tipo de amarração quando se encontrava com a cartomante. Só podia estar sob feitiço! Não tinha outra explicação, afinal, como poderia, do dia para noite, imaginar as mãos da mais velha passeando pelo seu corpo? Como poderia imaginar o corpo de Carmem encaixado ao seu em uma dança em busca do mais sublime dos prazeres humanos? Como poderia imaginar os lábios de Carmem explorando os recônditos de sua pele? E, pior... Como poderia imaginar a si mesma atirando Carmem na cama e fazendo coisas inenarráveis com a motoqueira?

Santo Deus, haveria enlouquecido?

Paula, Paula... Você nunca sentiu tudo isso. Nem pelo Nenêm. Pensou ela.

De repente, como era típico de sua personalidade, ficara tão irada com a loucura que presumia ter adquirido diante daqueles pensamentos insanos que recriminou-se e encarou a Carmem soltando-lhe a mão.

Chamou-a de cobra, baixinho, em tom de sussurro, para que ela não escutasse. Mas sua ira era tanta que mesmo em tom ameno, Carmem despertou e a encarou sorrindo.

— Que houve, Paulinha? – acariciou um dos braços na morena com ternura.

— Você me enfeitiçou, cobra. – disse, emburrada.

Carmem riu alto. Lhe parecia divertida a expressão da morena. Amava aquela mulher, sem dúvidas. Seria ela última romântica do mundo?

– Eu diria que eu tenho borogodó, como dizem no Brasil. – piscou para a mais nova. – Ou você não me acha um charme? – questionou a mais velha, subindo os dedos  sorrateiramente pela blusa de Paula, abrindo alguns dos botões.

Não é preciso dizer que a pele de Paula começou a eriçar em resposta à ousadia de Carmem. Quem já se viu? Agir assim dentro de um avião.
Se bem que o voo era praticamente particular, mas... Aquela proximidade, aquele contato.
Não pôde suportar a tensão que se formara em seu íntimo e agarrou Carmem, beijando-a com todo o ímpeto que possuía. Se ela era uma serpente, Paula desejava sugar cada gota do veneno que a platinada poderia lhe oferecer.

Como nunca percebera que a diferença entre remédio e veneno era a dose? E as que eram oferecidas por Carmem só serviam para curar o que fora rompido em Paula.

Amava a Cascacu. Não tinha como negar. Pelo menos não mais.
Já deveria ter notado isso quando, ao voltar para o seu corpo, o seu primeiro pensamento ter sido Carmem.

O beijo tornou-se mais intenso quando a mão ágil de Carmem agarrou a nuca da morena, causando-lhe arrepios. Ela, desejosa como estava, sorveu dos lábios de Paula o gosto cítrico que ela tinha a oferecer.
A língua de ambas estavam entrelaçadas, brigando por espaço, afinal, elas não seriam elas se não houvesse uma dose de competição.

Quando nenhuma das duas suportou a necessidade aguda de respirar, Paula encerrou o beijo dando-lhe uma mordida leve nos lábios rosados da platinada.

Santo Deus, como precisava daquela mulher em sua vida. Ela era como uma nova necessidade básica da qual não poderia abrir mão. Seria aquela uma nova dependência, como a que tinha por Nenêm?

Paris para duas Onde histórias criam vida. Descubra agora