Capítulo 11

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Kurata não precisou fazer nenhuma pergunta assim que chegou ao Castelo, o olhar perdido na face de seu amigo de longa data enquanto segurava a mão da pequena raposa já lhe dizia tudo, em silêncio se aproximou da cama e observou a imagem impressionantemente bela a sua frente, a pequena raposa dormia tranquilamente, seus cabelos longos espalhados pelo travesseiros, e mesmo que sua pele estivesse mais pálida que o normal e seus lábios já não tivessem uma cor viva, nada poderia mudar o fato de aquela ser uma imagem única, nunca em toda sua vida havia conhecido uma raposa de perto, toda a espécie tinha sido extinta e não teve muito oportunidades de conhecê-las, mas agora diante de seus olhos tinha a últimas delas infelizmente desacordada e em um estado lamentável, tudo era muito surpreendente para ela porém precisava se concentrar e ajudá-la, vagarosamente suas mãos moveram-se até sua testa checando sua temperatura que estava alta por causa de uma possível febre, o que tornava tudo mais preocupante ainda.

— Eu preciso que o vire de bruços — disse a Yibo — Preciso ver a marca.

Yibo lhe fez o que foi pedido virando delicadamente Zhan sobre a cama, Kurata puxou a camisa para fora do corpo pequeno, seus olhos abrindo-se em espanto e suas mãos cessando qualquer movimento, um arquejo escapou de sua boca e assim como da boca daqueles que estavam no quarto, o maior tinha seus rosto coberto por uma expressão de surpresa e um misto de dor e raiva.

— Meu Deus — Kurata foi a primeira a quebrar o silêncio que se fez presente — Por onde esse homem esteve? Essas cicatrizes são de correntes e chicotes de couro com espinhos. Torturas como essas foram banidas a mais de 800 anos.

A costas de Zhan estavam cobertas por cicatrizes, algumas até mesmo pareciam recentes por causa da cicatrização não completa que podia-se notar, as marcas variam de tamanho e espessura mas a mais impressionante descia por toda extensão de suas costas, com se tivesse sido feita com correntes que tinham pequenas pontas de cacos de vidros colocada sobre o ferro? Talvez, não tinha como saber o que exatamente tinha feito aquela cicatriz. Yibo se abaixou até estar na altura do corpo de Zhan, suas mãos traçaram cada cicatriz com delicadeza e suavidade, lágrimas descendo por sua face enquanto percorria toda extensão de suas costas com seus dedos, a marca de sangue estava pouco centímetros abaixo de seus ombros, estava brilhando em vermelho queimando vagarosamente a pele ao redor.

— Uma marca de sangue? Estranho, faz muito tempo que não vejo algo como isso.

— Me diga que pode tirá-la — Jongin a encarou — Por favor, Kurata.

— Bem, eu posso removê-la — dá de ombros — Porém levará dias e até lá, ele permanecerá desacordado. Essas marcas são como uma maldição, quem as coloca tem a intenção destruir a vida de quem a carrega, seja por prazer ou para evitar que algo valioso escape.

— O que mais sabe sobre isso?

— Hum, sei que ela também impede o portador de gerar vida — toca a marca com as mãos — É como se ela matasse seu portador lentamente, um feto que fosse gerado não vingaria e acabaria morto por um aborto espontâneo, por isso seres que a tem tiram a própria vida.

Volta seus olhos a Yibo, era primeira vez que o via naquele estado, desde das mortes dos pais o alfa havia se tornado alguém mais distante e frio, um homem de poucas palavras mas que ainda carregava gentileza e honra em seu coração, quando casou-se com Narumi deixou o castelo para viver no povoado ao lado do esposa, a última notícia que teve era de que o maior estava a procura de sua alma gêmea, e vendo como a raposa parecia muito importante para ele, teve a certeza que Yibo tinha conseguido encontrar seu companheiro.

— Eu farei de tudo para que ele volte — toca o ombro de seu amigo — Apesar de não praticar alquimia a algum tempo, eu sei que posso salvá-lo.

— Eu confio em você, obrigada por vir Kurata.

— Você é como meu irmão Yibo — sorriu — Mas me diga, ele já sabe que são companheiros destinados? E me conte sobre isso de ter um dos seres mais raros como sua alma gêmea, como o encontrou?

— O nome dele é Zhan, eu encontrei caído sobre a neve sendo perseguido por alguns lobos dos lados distantes — sorri ao se lembrar — Ele estava machucado e assustado inicialmente, mas aos poucos se abriu e se aproximou de mim, eu ainda não sei sua história e o que aconteceu em seu passado, estou dando tempo a ele. E sobre contar que somos companheiros, ainda não fiz isso.

— Precisa dizer logo, o tempo está passando rápido, Yibo — o encara — Logo o conselho vai exigir que se case e tenha um herdeiro.

— Não é como se eles fossem aceitar um meia raça como herdeiro — ironiza — Eu lhe contarei quando acordar, mas antes preciso de apoio para passar por cima do conselho.

— E o que pretende fazer?

— Falar com ele, afinal de contas é ele quem tem a palavra final em tudo aqui — acaricia os cabelos de Zhan — Eu o deixarei sob seus cuidados enquanto vou até seu reino, tentarei voltar o mais rápido possível.

— Acha mesmo que o Wang pode lhe ajudar? — se senta ao lado de Yibo na cama — Sabemos que ele tem a palavra final no conselho, mas raramente ele está envolvido nisso.

— Acredito que ele me entenda, afinal Wang Jiyang não é um lobo e sim um vampiro — suspira — Me lembro que houve uma enorme comoção quando eles decidiram se casar, porém ninguém iria contra a sua palavra. De qualquer forma, eu preciso tentar.

Deixa um beijo sobre os cabelos de Zhan antes de se levantar e seguir em direção a porta, olhando uma última vez para a pequena raposa antes de voltar seus olhos a Kurata.

— Cuide dele minha amiga, eu voltarei o mais rápido que puder.

— Vá em segurança, Yibo.

O maior assentiu antes de sair e fechar a porta, seu coração apertado enquanto seguia pelo longo corredor se afastando ainda mais de seu companheiro.

Sweater Weather - YiZhan.Onde histórias criam vida. Descubra agora