Soldados do Amanhã

Os escolhidos

Depois de quase 5 anos no laboratório pensei que jamais iria sair de lá, mas quando me falaram a um mês atrás que os testes tinham acabado e que eu ia juntos com os outros 14 garotos e garotas pra uma base secreta em que íamos treinar nossos "dons" fiquei muito ansioso. Não tive contato com os outros escolhidos, no máximo os via quando cruzavamos na saida do laboratório da doutora Lídia. Quando pequeno perguntava pra doutora quando ia poder brincar com as outras crianças, e ela sempre respondia que na hora certa. Bem, a hora certa chegou. Acordei com roupas no meu quarto, mas eram roupas diferentes das habituais. Em vez das roupas beges e do sapato de flanela, hj estavam na comoda uma calça jeans, uma camisa preta e um tênis estilo all star vermelho. Meu coração estava acelerado, não sabia o que esperar, ou então o que dizer quando finalmente encontrasse alguém da minha idade.

- Luke? Está pronto? - a voz do doutor Samuel pergunta do outro lado da porta do meu quarto.

- Um momento doutor, já irei me vestir. - respondo tirando o pijama e vestindo as roupas separadas pra mim. Ficaram surpreendentemente bem confortáveis e do tamanho perfeito. Arrumei meu cabelo e bato 2 vezes na porta, que se abre revelando o Dr. Samuel, um homem alto de cabelos cacheados que lhe davam um ar jovem, mesmo tenho mais de 40 anos. Ele sorria pra mim e seus olhos por trás dos óculos de hastes metálicas demonstravam excitação.

- Bom dia Luke, preparado pra a sua nova vida? - ele me pergunta com um ânimo além do comum.

- Estou nervoso Dr. Nunca interagi com eles, não sei o que eles vão achar de mim.

- Te garanto que eles estão tão nervosos quanto você Luke, não se preocupe. - a voz da doutora Lídia fala atrás de nós. Ela é uma mulher estupendamente bela, com sua cabeleira loira e seus olhos azuis. Sempre enxerguei os dois cientistas principais como figuras paternas. - Quanto ao que vão achar de você, basta ser você mesmo que todos vão gostar de você meu anjo. - ela bagunça meu cabelo de um modo carinhoso enquanto sorri pra mim.

Vamos caminhando pelos corredores das instalações falando sobre o que pode acontecer dali pra frente. Não que eu não goste das vozes deles, mas por ser a 18° que aquelas informações eram passadas pra mim acho que me desliguei do assunto. Fiquei imaginando minha vida cercada de novos amigos da minha idade, treinado pra nosso objetivo comum, ganhar uma guerra que parecia eminente. As histórias que me eram contadas todas as noite, logo quando cheguei no projeto Soldados do amanhã, ainda estavam frescas na minha cabeça. Um conflito armado que ficou conhecido como PseudoGuerra mundial abalou o mundo uns 3 anos antes do projeto começar. Como medida pra uma nova PseudoGuerra países começaram projetos pra garantir seu triunfo no conflito. Nosso governo decidiu criar 15 super soldados com habilidades únicas através de aprimoramento genético. Não sabemos como foi feita a seleção, mas todos os candidatos eram órfãos vindos de diversas partes do Brasil. Eu vim de Sergipe. Fui deixado em um orfanato aos 11 meses depois que meus pais morreram. Aos 6 anos fui recrutado pro projeto. E ali estava eu, com quase 11 anos finalmente pronto pra usar o dom que os inúmeros testes me deram, manipulação magnetica. Sei que cada um dos 15 escolhidos tem dons diferentes e que vamos ter que nos adaptar às habilidades uns dos outros pra trabalhar bem em equipe. No meio dos meus pensamentos a voz da doutora Lídia me puxa de volta pra realidade.

- Luke, vc ouviu algo do que nos estamos falando? - ela pergunta indignada.

- Ah qual é Lid, o garoto vem ouvido esse mesmo discurso a semanas. "É uma grande responsabilidade." " Dê o seu melhor que tudo dará certo." . Ele está empolgado pra conhecer os garotos. - O Dr Samuel me defende piscando pra mim.

- Ah Sam, ele tem que lembrar que ele não vai pra uma colônia de férias. Ele vai treinar duro o seu dom. É importantr pro futuro do mundo que ele consiga controlar...

- Eu sei controlar meu dom. - interrompi a doutora. - Semana passada eu consegui desmontar a caneta 15 segundos mais rápido. - Os meus poderes me permitiam mover e controlar objetos feitos ou que tenham em seus componentes partes metálicas. Os testes feitos nos laboratórios eram pra testar até onde eu conseguia ir.

- Sim Luke, mas isso está muito longe de ser o seu potencial máximo. Você é capaz de manipular as moléculas do metal e molda-lo a sua vontade. Desmontar canetas não está nem perto disso. - diz a doutora Lídia com um tom encorajador, mas ao mesmo tempo crítico.

- Lid, o garoto é um dos melhores que nos temos. Poucos dos outros tem o controle dos poderes tão bom quanto o do Luke. - o Dr Samuel vem em minha defesa novamente.

- Sim, eu sei que ele tá a frente dos outros no quesito controle, mas comparado a Tom e Lucy ele está atrás no quesito potencial.

Nesse momento encontrava-mos na frente do elevador, que se abriu e revelou um homem corpulento de terno preto e gravata vermelha, com cabelo de corte militar e um ar de autoridade incontestável. Ao notar a presença dele, os dois doutores se ajeitaram.

- General Lopes, bom dia. - cumprimenta o Dr Samuel.

- Bom dia Samuel. Dra Lídia. - cumprimenta o General Lopes com um aceno cordial de cabeça que é retribuído pela doutora. - E esse deve ser o Luke. - Diz ele voltando-se pra mim. - Vc tem um potencial muito grande rapaz. Irei observar seus treinos com atenção. - ele sorri. Um sorriso verdadeiro e percebo que ele realmente tem fé em mim.

Entramos no elevador junto com o General e descemos ao piso térreo, onde ficava o refeitório central. Fazia muito tempo desde que estive ali pela última vez. Foi no meu aniversário de 7 anos. Tinha ganhado uma festa organizada pela Dra. que reuniu toda a equipe. Ele não tinha mudado nada. A não ser pelo fato de ter 14 crianças espalhadas por ele.

- Bem Luke, pode ir se sentar em algum lugar. - Me diz o General. E em voz alta pra todos ele pronuncia: - Bem vindos, escolhidos. A parti de agora daremos início a segunda fase do Projeto Soldados do Amanhã.