07.

389 33 0
                                    

T.

Preciso de tudo dentro de mim para olhar para Sorn, que está sentada à minha frente à mesa. Ela está tagarelando sobre planos de orçamento e recursos do corpo docente, como sempre faz quando nos encontramos para falar de negócios, mas isso nunca me incomodou tanto quanto agora. Tudo o que quero fazer é enfiar um punhado daquela salada pela metade em sua boca, só para que ela pare de falar.

O que torna toda a situação ainda pior é saber que Jennie está sentada a três metros de distância. O que ela deve pensar ao me ver aqui com Sorn? Quero irromper ali e dizer a ela que Sorn e eu estamos discutindo as finanças da escola e nada mais, mas de que adianta? Não devo uma explicação a Jennie. Eu não sou dela e ela não é minha. Mesmo se fosse um encontro, não haveria nada de errado com isso. Minha cabeça sabe disso, mas meu peito dói e meu estômago se retorce de culpa. Eu sinto que a estou traindo.

Sorn pede licença para ir ao banheiro e eu aproveito o tempo sozinho para olhar para Jennie. Parece que ela acabou de rolar para fora da cama e tropeçou aqui, mas ela consegue ser a mulher mais bonita da sala. Ela não precisa de roupas extravagantes e uma camada de maquiagem para ficar deslumbrante.

Ela não olhou para trás desde que chegou aqui. Ela está tentando me ignorar, mas posso ver do outro lado da sala que tenho um efeito sobre ela, apenas por estar aqui, da mesma forma que ela me afeta. É sempre assim quando estamos próximos um do outro. Nossos corpos são como dois ímãs, constantemente sendo puxados um em direção ao outro. Podemos desviar o olhar, mas não podemos ignorar a atração gravitacional.

Uma corrente ondula entre nós como um fio elétrico invisível pendurado no espaço que nos separa. A questão é... como posso fazer isso parar? Como posso evitar de precisar do calor, o lampejo que seu toque traz? Quando ela me toca, me sinto vivo, meu coração batendo muito mais do que o funcionamento do meu próprio corpo.

— Você está bem, Taehyung? — Sorn pergunta, deslizando de volta para a cabine. Eu pisco para sair do transe que a presença de Jennie traz. — Você parece distraído hoje.

— Estou bem, apenas ocupado com todas as novas responsabilidades que vieram com o trabalho.

— Eu entendo totalmente. — ela balança a cabeça enquanto verifica a hora em seu relógio. — Urgh, eu tenho que ir. San pegou as crianças na creche, mas ele não consegue lidar com jantar e crianças. — Ela revira os olhos. — Homens, simplesmente não sabem fazer várias tarefas ao mesmo tempo.

— Está tudo bem, obrigado por me encontrar depois do expediente. — Pedi que ela viesse aqui porque achei que ficar sozinho com ela no escritório seria estranho, agora estou questionando minha decisão. Ter Jennie me vendo aqui com ela pode ser pior.

— A qualquer hora, Kim. Falo com você em breve. — diz ela, levantando de seu assento. Eu também deslizo para fora, dando um abraço rápido. Conheço Sorn e seu marido há muito tempo, trabalhamos juntos nos últimos anos e todos nos tornamos amigos em algum lugar ao longo do caminho.

Pegando duas notas de vinte dólares da minha carteira, coloco na mesa antes de ir para a porta. Eu olho para cima e pego Jennie atravessando o restaurante em direção ao banheiro. Antes que eu possa pensar no fato de que estou em um lugar público, e as pessoas podem muito bem me ver, eu a sigo.

Felizmente, o banheiro fica no fundo, e há um corredor que leva a ele, então, quando estou na frente da porta do banheiro feminino, ninguém na lanchonete pode me ver. Abro a porta e encontro Jennie encolhida sobre a pia, jogando água no rosto.

— O que você tem? — Eu pergunto como se não tivesse ideia do que a está incomodando.

Ela desliga a água e se endireita. Puxando dois pedaços de papel-toalha, ela começa a secar o rosto de costas para mim.

𝐉𝐎𝐏 - 𝐊𝐓𝐇+𝐉𝐍𝐊Onde histórias criam vida. Descubra agora