𝐑𝐀𝐅𝐄 𝐂𝐀𝐌𝐄𝐑𝐎𝐍
Já sentiu a sensação de impotência? O paralisante veneno do choque. A reação que te trava e todo seu corpo não consegue mais reagir. Nada além do desgosto de não ter a possibilidade de reagir contra. O silêncio que não habita, o silêncio que se prolifera entre tudo que dói ao dizer. Dói ao fazer. Apenas dói.
Eu já.
De todas as formas de vida, a que menos se vive é a que tudo que é seu, é tirado à força. E o pior, é que foi uma escolha sua. Sua culpa. A não existência de carinho. Sua família.
Uma vez, Dostoiévski disse: "Aquele que tem sentimentos sofre reconhecendo o seu erro. É seu castigo, independentemente da prisão."
E isso não poderia estar mais fiél ao que penso e ao que agi.
A tinta cinza escorrega pelo quadro branco e se desvai do pincel fino, como se estivesse chorando a cor neutra. A brisa leve que entra logo seca o molhado da tela à minha frente, o dia entardece em tons de roxo e laranja e o sistema solar vai para mais uma de suas intermináveis voltas.
Limpo a secura da garganta com o vinho tinto que se apoia em cima da mesa criativa, que é como chamo onde deixo meus materiais artísticos. Me afasto do quadro para visualizar melhor minha ideia, quero fazer um céu nublado com um único girassol ao meio da metrópole norte–americana.
Simboliza na tela, a solitude. A paciência. A solidão existente pelas palavras que não definem tudo a ser dito, as sensações da vasta humanidade que não recebem nome. O arrepio da manhã. O susto da noite. O cansaço da tarde e toda sua vaidade inexplicável.
Como se a leveza da cor amarela das pétalas definisse a experiência de ser uma peça destacada na tediante e cômica sociedade. A peça que falta e não encaixa às outras.
Um toque diferente que você não sabia que precisava ver até a ver. Agradável ou não a imagem pouco abstrata?
Enfim, as coisas que ninguém fala sobre.
A música suave que toca é "It Had To Be You" de Frank Sinatra, ela ecoa pelas caixas de som espalhadas pelo apartamento. Encosto o vidro da janela pelo frio que agora faz, em questão de segundos o sol foi embora e a frieza da noite se espalhava pelos céus e ruas.
Passo a mão pelo cabelo ainda úmido pelo banho, o tirando dos olhos e me possibilitando melhor visão sobre o que faço.
Eu desde pequeno, nunca pensei que seria pintor aos 24. Nem ao menos cogitei, para ser sincero. Pensava que teria de trabalhar como homem de negócios, como meu pai era. Mas encontrei refúgio na arte, como eu nunca havia tido antes na vida. Um pedaço do mundo na qual apenas eu poderia degustar. O canto da paz. O pincel e os lados inexplorados da mente humana.
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𝐏𝐎𝐒𝐒𝐄𝐒𝐒𝐈𝐕𝐄.
Teen Fiction⤿ #𝖥𝖠𝖭𝖥𝖨𝖢 - 𝗥𝗔𝗙𝗘 𝗖𝗔𝗠𝗘𝗥𝗢𝗡. [━ Porque você é meu, garoto americano. Quer você queira ou não. Simplesmente eu anseio assim.] Onde o jovem artista Rafe Cameron decide expor uma de suas grandes obras no salão principal de Moscou, man...