Capítulo 15 - Casa

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Dois dias haviam se passado desde a première de Forever Autumn, e Wai encarava Chang na varanda do seu apartamento. Trocaram mensagens, e marcaram de se encontrar no dia anterior, mas os planos não deram certo. Então, de surpresa, Chang se convidou para tomar um vinho no apartamento de Wai e o modelo aceitou.

Chang possuía um charme que havia desarmado totalmente Wai, um charme que o fazia lembrar de Pat. A forma que os dois expressavam esse charme, no entanto, era muito diferente. Chang sabia exatamente quais palavras usar, na hora certa, envolvendo Wai em um jogo de bate e volta interessante. O charme de Pat, por sua vez, vinha de seu jeito brincalhão e espontaneidade de seus atos.

— Você está divagando novamente — Chang disse.

— Acho que essa segunda taça de vinho já está fazendo efeito — Wai sorriu.

Chang estava encostado no parapeito de vidro, de costas para o céu azul de Bangkok. Ele era uns dez centímetros mais alto que Wai e possuía pelo menos vinte quilos a mais. Chang era encorpado, pernas grossas, costas largas e braços grossos. Não era malhado, ele só era grande.

A coloração saturada do azul do céu e o amarelo do sol faziam um ótimo contraste com os cabelos pretos e ondulados de Chang que caíam em uma franja sobre sua testa. Wai não podia deixar de notar em como ele era bonito.

— Bem, se essa for sua última taça de vinho, pelo menos sobra mais para mim — Chang saiu da varanda e sentou-se na mesa de jantar onde Wai estava. — Alguém já te disse que você tem um olhar onde parece que está sempre à beira do choro?

— Já — suspirou.

— E por que seus olhos são tão tristes?

Wai levantou uma sobrancelha. — O Chang jornalista está vindo à tona.

— Oh — Chang sorriu. — Me desculpe, acho que é um costume meu sempre ficar perguntando e perguntando sobre tudo.

— Então fale qualquer coisa que não seja uma pergunta.

A ideia pareceu interessar Chang. Wai percebeu os olhos de Chang percorrer toda a parte do corpo dele que não estava coberta pela mesa, e então se sentiu um pouco envergonhado. Wai tentou não transparecer, mas desconfiava que suas bochechas estavam coradas.

— Você tem as mãos pequenas.

— Só isso? — Wai questionou. — Parece mais um jornalista falando um fato que qualquer outra coisa.

— Então entramos em um impasse, eu não posso nem fazer uma afirmação nem um questionamento, o que nos resta a fazer?

Wai sabia exatamente onde Chang queria chegar. E pela primeira vez em meses ele queria continuar o flerte.

— Você sabe dançar?

Wai não se surpreendeu nem um pouco quando Chang respondeu que não. Isso não impediu, no entanto, do modelo levantar-se e estender sua mão na frente de Chang. Wai aumentou um pouco o volume da música que estava presente no fundo durante toda a conversa dos dois.

Não sabia se podia caracterizar que o que estavam fazendo como dançar, mas com certeza estavam se movendo juntos. Wai se sentia confortável em dançar sem ninguém o olhando, fechou os olhos e lentamente se movia de um lado para o outro, com as mãos apoiadas nos ombros de Chang que o seguia com dificuldade.

— Se eu soubesse que iria passar vergonha, eu tinha treinado um pouco em casa — Chang disse.

— Você realmente se preocupa sobre o que eu penso sobre você?

Wai interpretou o breve sorriso de Chang como um "não". O espaço entre eles estava cada vez menor. As duas mãos de Chang pousavam levemente na cintura de Wai, mas era o modelo que conduzia a dança.

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