Pov's: Any Gabrielly
Quando não se conhece os sentimentos é mais difícil sentir medo, quando o seu maior desejo é sentir seus olhos fechando e não ter forças para abri-los nunca mais. Pessoas entram e sai mais nenhuma para me ajudar.
Eu me arrependo por não seguir as palavras do papai a risca, "não fale com entranho, querida", " Não aceite nada de ninguém. Se quiser algo peça a mim ou a sua mãe".
Mesmo que minhas ações contrariava as palavras do Papai, eu adoraria voltar no tempo e repensar-las.
Então o que restou foi correr, lógico que sentir o chão cortar meu pé, os capim altos chicotear minhas pernas, meu corpo magro e anoréxico não tinha tanta força e agilidade assim para correr.
Eu ainda ouvia seus paços atrás de mim, ainda conseguia ouvir sua voz alta gritando que iria me achar.
Eu pedia ao céus para que isso não acontecesse, eu precisava de paz, pelo menos nos meus últimos dias.
Tropeçar não era uma opção, desistir é suicídio e correr pode ser minha salvação.
A adrenalina no meu corpo me fazia não me importa com todos aqueles machucados que os matos e coisas no chão me fazia sentir.
Mas os sentia sangrar e pingar no chão, a dor não era maior que minha vontade com a salvação. Até ouvir sua voz tão perto.
- NÃO FUJA DE MIM GAROTA, EU VOU TE ACHAR.
Foram anos sobrevivendo, e eu já não aguentava mais. Foram anos fazendo o que foi mandado, mesmo não querendo.
Por isso corria contra o vento, mesmo sentindo meus pés reclamarem de dor, eu não podia parar. Sabia que estava perto, ouvia barulhos de carros e precisava sair daqui.
Não sei meu nome, não sei minha idade, não sei se tenho uma família ou se sou uma pessoa que existe dentro dessa sociedade. Não me lembro ao certo o dia em que vim parar nesse lugar.
" Bonequinha, sua inocência me excita."
Sua voz me assustava
" Não feche querida, daqui a pouco não vai doer mais."
" CALADA. shiii"
" minha, somente minha."
Eu lembrava de cada frase que ele dizia, lembro da forma de como ele me tocava, de como me olhava, das risadas maléficas e assustadora, das mãos sujas a me tocar, do dedos entre os lábios fazendo o sinal de silêncio, dos gritos altos.
Se correr for o único jeito de me safar de tudo isso, eu o faria com maestria, correria como se fosse uma maratona e meu troféu seria minha liberdade.
Eu já ouvir dizer de um homem, as pessoas o chama de pai, diziam que ele era bom e atendia seus filhos. Me disseram também que eu era sua filha, dizem ser seu amigo e confidente. Será que se eu o chamasse ele me ouviria.
Se eu pedisse para me ajudar será que teria minha resposta. Ele ajudaria uma pessoa tão quebrada como eu?
Enquanto não tinha minha resposta resolvi tentar, pedi para que ele me ajudasse. Olhei para o céu e gotas de água caiam. Foi aí que percebi que estava chovendo. Então foi nessa distração que o maior erro foi cometido.
Havia um tronco caído, me fez tropeçar e cair. Meu pé latejava agora, senti meus olhos lacrimejando, mais sabia que não podia gritar por socorro.
Se realmente existe um Senhor, que tenha mais força que eu acima de minha cabeça, eu o peço ajuda, o imploro por socorro.
Minhas pernas já não aguenta, meu corpo clama por descanso e eu não tenho o que oferecer, pai em mim ainda existe vida e eu preciso de sua ajuda.
Faça por mim o que aquelas pessoas disseram-me, que é capaz de fazer. Me salve.
Então me levantei, não podia parar de eu ainda quisesse viver, com o pé latejando e as lágrimas banhando meu rosto, além da chuva.
Voltei a andar, dessa vez com menos velocidade, o barulho da chuva me fazia temer a mata escura, e não ouvir nenhum passo.
Continuei a andar mais rápido, foram mais duas horas de caminhada e minhas pernas estavam bambas e minha visão embaçada.
Ouvi barulho de carros então seguir pela direção, estava conseguindo e por isso permite dar lhe um sorriso.
A estrada era vazia, eram poucos carros que pelo menos eu conseguia ver.
E então seguir, agora estava tonta e então dei batidas no meu rosto, precisa reagir.
Ainda andando fechei os olhos, minhas pernas cambaleia e então ouvir um carro derrapando na porta e um tombo me fez apagar de vez.
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SILENCE || BEAUANY
Fanfictionᵇᵉᵃᵘ + ᵃⁿʸ = ᵇᵉᵃᵘᵃⁿʸ Eu lembrava de cada frase que ele dizia, lembro da forma de como ele me tocava, de como me olhava, das risadas maléficas e assustadora, das mãos sujas a me tocar, do dedos entre os lábios fazendo o sinal de silêncio, dos gritos...