Tu não podias ter salvo nenhum dos dois, Rafael.

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10° Capítulo

[Rafael on]

O caminho de volta à vila foi tranquilo. O Gui caiu no meio das silvas, a Açucena foi picada por uma abelha, o Tiago foi cagar no mato e limpou se a uma ortiga, a Bárbara veio o caminho todo a espirrar, a Marta assustou se com um coelho porque achava que era um cão, a Marcela quase que perdeu no meio da mata, a Clara ficou o caminho todo a reclamar que não aguentava mais andar, a Daniela veio a rir se do Tiago e do Gui e a Inês e o Afonso ficaram a falar sobre o que ia cozinhar pro almoço.

Quando chegamos à aldeia onde o Afonso e a Inês viviam juntos, onde à rede, o meu telefone começa a vibrar várias vezes. Era o Dário em desespero porque tinha conseguido alta mais cedo então já tinha chegado aqui com o Hugo.

- Eia o Rafael é bué famoso. - Açucena

- É o Dário, deram-lhe alta mais cedo e ao que parece ele e o Hugo já chegaram. - Rafael

- Vamos lá ter com eles. Liga-lhes e pergunta onde estão. - Marta

Ia ligar quando ouço a voz do Dário ao longe.

- 'Tamos aqui!! - Dário

Fomos ter com eles

- Porquê que não me respondeste? - Dário

- Nós 'tavamos no meio do mato, Dário. - Clara

- E? - Dário

- Não há rede. - Marta

- Ah ok. - Dário

- Agora vais ter de usar moletas né? - Clara

- Ya. - Dário

- Qualquer duvida perguntas à Bárbara que ela é especialista nisso! - Açucena

- Vai ta fuder. - Bárbara

- Agora vamos fazer o quê? - Daniela

- Vamos para nossa casa, acho que temos várias histórias para contar. - Inês

E lá fomos. Entramos e sentamos nos na sala de estar e falamos sobre tudo e mais alguma coisa. Até que começamos a falar sobre amigos que nunca mais voltamos a ver.

- Agora é que estou a lembrar me, o Cristiano não tinha família aqui em Viseu? - Rafael

- Pois tinha... - Daniela

- Até podia visitá-lo! - Rafael

A sala fica toda em silêncio.

- O que foi? - Rafael

- Tu não te lembras o que aconteceu ao Cristiano? - Daniela

- Não?... - Rafael

- Tu sequer sabes o que lhe aconteceu?... - Marta

- Não faço a mínima. Nunca mais o vi lá na escola então pensei que ele tivesse mudado, ainda por cima nunca mais me respondeu às mensagens. - Rafael

- Rafael ele suicidou-se. - Marta

...

- O quê. - Rafael

- Espera lá. Tu realmente não sabias? - Daniela

- Ele... Há quanto tempo? - Rafael

- Foi nessa altura que ele parou de ir à escola. - Daniela

A atmosfera da sala ficou triste, calada. A Inês então dicidio quebrar a atmosfera.

- Está na hora de almoçar! Eu e o Afonso vamos preparar o vosso almoço! - Inês

Eles levantam se e vão para a cozinha, depois os outros também e sentam se na mesa.

Mas porquê. Porquê que nunca me disseram. Porquê que ele nunca me disse que tinha aquele tipo de pensamentos. Porquê. Nós éramos tão novos. Como é que eu deixei isso passar sem me aperceber. Eu era um bom amigo não era?...

[Guilherme on]

O Rafael parecia perdido, o última vez que o vi assim foi quando aconteceu aquele acidente com a Beatriz. A Marcela percebe isso e tenta reconfortar lo mas sem muito sucesso.

- Rafael, por favor... Tenta não pensar muito nisso ok?... - Marcela

- Aham. - Rafael

Ele estava claramente abalado. Eu só queria abraçá lo s dizer que não vale apena sentir se assim. Não lhe disse nada e deixei o quieto pois não o queria chatear, fiquei na esperança que ao longo do dia ele animasse mas não. Depois do almoço fomos às festas das terras. Dançamos, rimos e fartamo-nos de comer. O Rafael apenas ficou longe de tudo e de todos.

[Rafael on]
Chegou a noite, estávamos a preparar para dormir. Aqueles pensamentos assombraram me o dia todo. Não consegui divertir me com outros. É como se eu tivesse voltado ao mesmo estado de anos atrás, quando o acidente com a Beatriz aconteceu. Eu não quero voltar aquele estado. Sou um homem adulto, eu já devia saber lidar bem com este tipo se situações. Já não sou um adolescente.

- Ei Rafa... - Guilherme

O Guilherme interrompe o meus pensamentos.

- Hm. - Rafael

- Eu sei que não queres falar sobre isto mas quero que saibas que caso queiras dizer, desabafar sobre alguma coisa, estarei sempre disponível. Sou teu amigo.

Amigo.

Não consigo controlar me e começo a chorar.

- Rafael?! - Guilherme

Ele corre senta se à minha frente.

- Ei, ei... Acalma te. Tu não tens culpa nenhuma. - Guilherme

- Tenho sim. Eu podia tê-lo ajudado, eu podia tê-lo ajudado salvado. Sinto me ta incompetente. - Rafael

- Porfavor não te culpes por algo que não fizeste. Tu não podias fazer nada. - Guilherme

- Podia sim. Tal comi podia ter salvo a Beatriz. Se eu não tivesse tido vergonha em perguntar se ela queria boleia para casa ela nunca teria sido atropelada. - Rafael

- Mas a morte da Beatriz foi um acidente, não era para ter acontecido, ela não queria que aquilo tivesse acontecido. O Cristiano é diferente, foi proposital, ele queria que aquilo acontecesse. - Guilherme

- Mas se eu tivesse falado com ele - Rafael

- Não ias mudar nada. Sabes, depois da morte dele encontraram cartas que o mesmo escrevia e que demonstram que ele já estava decidido a fazer aquilo. - Guilherme

Ele abraça me.

- Tu não podias ter salvo nenhum dos dois, Rafael. - Guilherme

Eu abraço o com força. Assim ficamos por um minuto. Depois separamos nos.

- Foi um longo dia. Descansa. - Guilherme

- Sim... - Rafael

Eu só queria dizer lhe o quão grato estou por este momento mas acho que já foram muitas emoções por hoje.

- Obrigado Gui. - Rafael

- Estarei sempre aqui. - Guilherme


Fim do 10° capítulo

Teu por uma hora...Onde histórias criam vida. Descubra agora