Cáp.003~É errado querer os matar?~

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   *Porque eu me importava em fingir?*
uma pergunta na qual eu mesmo havia descoberto a resposta,os olhares,olhares de pena e compaixão eu os odiava quando olhavam para os ferimentos em todo meu corpo,eu era cercado por esses malditos olhares,me faziam sentir como uma vítima,uma vítima FRACA e IMPOTENTE o que me lembrava Sarah,alguém que eu não queria em hipótese nenhuma me assemelhar

Por isso passei a fingir,agir como uma criança da minha idade agiria escondendo minha patética situação familiar e nunca deixando que outras pessoas vissem meus machucados o que era particularmente muito difícil de se esconder no jardim de infância.

Estávamos todos escolhendo quem iria procurar á todos em nosso esconde-esconde quando ouço um forte choro
"por favor me deixem brincar com vocês!"
A garota falava e logo caia insistentemente no choro
"Não, você não vai brincar com a gente,minha mãe disse que ela não é uma boa influência,não vamos brincar com uma garota chata como você que não tem mãe"
O líder da nossa pequena sala no Jardim de infância falava e era notável seu ódio por aquela garota,fazendo com que automaticamente todos da sala à excluissem
"Sim, o Sam está certo não queremos brincar com uma garota sem mãe como você"
Fala um dos seguidores de Sam o líder,jogando uma das pedrinhas do chão na garota que não parava de chorar me fazendo estranhar que com todo esse barulho nenhum do professores havia vindo interferir

Mais e mais crianças se juntavam para jogar pequenas pedras na garota que chorava sentada no chão de areia em que brincávamos, as pedras mesmo com a pouca força aplicada à machucava,aquela era uma cena que eu não tinha o mínimo interrese de ver,se descobrissem um dos meus segredos poderia muito bem ser eu naquela situação mas a diferença entre eu e a garota aos prantos era que eu descontaria tudo que me fizessem batendo neles até que sangrassem sem me preocupar com nenhuma das consequências
" chega"
Me interponho a frente da garota fazendo com que ela me olhasse
"Parem de jogar as pedras não quero que chamem meus pais por causa dessas brincadeirinhas idiotas"

Eu geralmente me mantinha em uma posição neutra mas nem o líder queria ter que bater de frente afinal ele sabia que o que eu falei estava certo
Logo todos se dispersaram indo continuar com o esconde-esconde,me viro para a garota de nome Hana cuja nunca me interessei afinal chorava com facilidade e era fraca defeitos que eu odiava em uma pessoa

Não era cego então percebia que ela sempre sofria brincadeiras de mal gosto de toda a turma mas nunca achei que havia necessidade que eu interferisse afinal eu não me importava
"Você é burra?"
"Ah?"
Sua expressão mostrava exatamente o que ela pensava,estava confusa
"Porquê diabos não se defendeu?"
"E-eu...é..."
Hana estava prestes a chorar novamente quando Dyaron se aproxima
"Porquê você não interferiu mais cedo?"
Seus olhos castanhos me fitavam como se estivesse vendo tudo que eu escondia,não nos dávamos bem
"Ahm?você quer brigar é isso?"
Dyaron olha para Hana e ignorando minha fala volta seu olhar para mim
"Você estava pensando se interferia ou não,mas porque interferir se o apedrejamento público já estava para terminar?e os professores não iriam chegar a tempo de verem aquela cena,então,Porquê?
Dyaron olhava como se quisesse desvendar todas minha expressões
*Apedrejamento?uma palavra que eu não sabia o significado*
Essa era a diferença entre mim e o garoto mais inteligente da sala o mesmo sempre recebia elogios dos professores

"Ahn?cala a boca não é como se chorar fosse adiantar alguma coisa"
Os olhos de Hana brilhavam ao ouvir essa frase
"Você por acaso e burro?todo mundo sabe disso,e é você quem deveria se manter calado"
"O quê?quer brigar seu maldito?"
Eu me aproximava enraivecido
"C-calma p-pessoal"
Hana falava ainda indecisa como se não tivesse confiança de suas falas
Não nos suportavamos mais a partir desse dia sempre brincávamos,brigávamos e conversávamos.

Havíamos nos tornado bons amigos do nosso jeito,estar lá com eles me fazia esquecer de meu entorno caótico me dava a paz que eu não era mais capaz de sentir,eu podia ser eu mesmo sem julgamentos,mas uma parte de mim ainda tinha medo,medo de ser traído,medo de contar meus segredos e receber os mesmos olhares,suponho que aquela era a parte racional de mim mesmo o qual eu não queria que ninguém à visse pois ela estava PODRE e tinha medo de a libertar pois sabia que perderia o controle e enlouqueceria.

Minhas faltas de reação enquanto me espancava fizerá com que ele se cansasse de mim pois eu não mais chorava o que era algo extremamente difícil de fazer pois a dor me fazia querer correr dali o mais rápido possível mas isso fez com que as agressões diminuíssem me restando dezenas de cicatrizes permanentes sobre o corpo.Em casa minha relação com nenhum dos dois era boa,ele bebia e agredia a Sarah que provavelmente nem pensava em divórcio ou simplesmente fugir,ela vivia presa às boas memórias do passado às esperando que retornassem e o maldito LOOP continuou a se repetir com o passar dos poucos anos.

Até que em uma primavera calorosa Ryo nasceu,outra criança amaldiçoada a nascer em uma 'família' infeliz como a nossa se é que podíamos a chamar assim,geralmente caíamos nós três na mesma sala da escola,Hana mesmo que um pouco havia deixado sua personalidade chorona ganhando um pouco mais de confiança já Dyaron continuava com sua irritante personalidade como sempre
Estava a me trocar para a aula de educação física na enfermaria quando ouço um forte estalo provido da porta ao ser aberta,eu não havia terminado de por minha camisa consequentemente a pessoa que abrirá a porta avistará as cicatrizes em minhas costas e barriga e esse fato me fez estremecer
*alguém as viu!alguém as viu!deveria ameaça-lá?não,a pessoa ainda poderia falar,então,devo matá-la?*

Dirijo meu olhar para a pessoa que entrava me deparando com Dyaron para minha surpresa,e logo noto uma ferida em seu joelho explicando o porquê de estar na enfermaria
Dyaron não tinha expressão de pena ou compaixão em seu rosto o que me deu um breve e momentâneo alívio.

Tormenta De NeveOnde histórias criam vida. Descubra agora