eu odeio pessoas.
Bem, isso parece irônico de se dizer neste momento, já que estou em uma festa qualquer, em meio a uma multidão de pessoas que, felizmente, não conheço ou sequer vi na minha vida.
O ponto é: não gosto de lidar com elas ou com as atitudes idiotas que cometem. Isso vale a mim, supondo que não sou alguém agradável de se viver. Veja bem, não é que eu seja difícil, apenas não sei o que fazer em certos momentos. Não sou a melhor com minhas próprias emoções.
Dou um último gole na minha bebida e vou para o meio das pessoas, tentando chegar ao banheiro e respirar um pouco. Tenho certeza de que o cheiro de suor, álcool e maconha misturado não é dos mais agradáveis. Ando e finalmente chego, dando um empurrão na porta e entro. Era espaçoso e com cinco cabines, um grande espelho na parede e cerâmicas brancas impressionante limpas. Dou uma boa olhada em mim no enorme espelho. Eu estava aceitável. Ligo a torneira e levo a água ao meu rosto, limpando e tentando me manter sóbria. 03:07 da manhã e música alta não deve ser uma das melhores coisas para alguém com dor de cabeça e uma certa quantidade de álcool no sangue.
Continuo encarando meu reflexo até ouvir um barulho vindo das cabines. Alguém estava chorando.
Me aproximo de onde vinha o som e encosto minha orelha na porta, dando uma leve batida.
- Hm... Oi, está tudo bem? - Uma pergunta idiota. Se estivesse tudo bem a pessoa não estaria chorando. Espero alguns segundos e não recebo resposta.
- Ei... Pode falar comigo. Sou uma completa estranha, não vou ver você nunca mais. Deixe-me te ajudar. - Falo em um tom mais suave. Não sei o motivo de estar tão preocupada, provavelmente não estou no meu estado de espírito. Escuto a porta da cabine destrancar e em seguida se abrindo, me levando a quase cair lá dentro. Me equilibro e olho para a mulher na minha frente. Seus olhos, de uma pessoa asiática, estavam vermelhos e seu nariz escorria. Seu cabelo escuro caia sobre seus ombros e suas sobrancelhas eram tão belas. Ela estava encostada no vaso e com as pernas encostadas ao peito.
- Olá. - Ela disse em voz baixa.
Tranco a porta e me sento a frente dela. A cabine era pequena, mas o espaço não estava apertado. Estava ideal para nós duas.
- Por que você está chorando? - Cuidadosamente digo, olhando diretamente em seus olhos chorosos.
- Terminei um relacionamento. - Ouço sua voz baixa e trêmula. - Ele terminou comigo. Por mensagem.
- Sinto muito. - Desvio meu olhar, genuinamente me sentindo mal por ela.
- Não sinta. - Ela me olha, dando um sorriso triste e colocando sua mão sobre a minha.
- Como você se sente sobre isso? - Talvez falar sobre os sentimentos a faça sentir melhor.
- Eu não sei bem. Era sempre eu e ele, juntos. Eu não sei o que fazer sem ele. - Seu olhar me deu arrepios. Parecia ser tão sincera e expressiva sobre os próprios sentimentos, eu invejava isso. - Eu sinto falta dele mais do que tudo.
- Eu imagino... - Dou uma pausa e continuo. - Não sei como te ajudar realmente, mas estou aqui essa noite. Pode conversar comigo, me abraçar, chorar, vou dar meu máximo para te consolar. Podemos não falar sobre isso se você quiser... - Divago, um pouco nervosa. Lembra do que eu disse? Não sei lidar com pessoas.
Saio dos meus pensamentos ao ouvir sua risada. Era tão doce.
- Tudo bem, tudo bem. Sou Mitski, e você é..? - Diz ao terminar de rir.
- (S/N). Seu nome é bonito.
- Obrigada, posso dizer o mesmo do seu.
- Então... Quer beber alguma coisa? Eu pago pra você.
- Bom, acho que não posso recusar uma bebida grátis. - Ela ri. Me levanto e estendo minha mão pra ela, que agarra e se levanta também. Destranco a cabine e saio de lá, puxando-a para fora do banheiro em direção ao bar, ainda segurando a mão dela. Puxo uma cadeira e espero ela sentar. Quando o faz, puxo uma pra mim e sento também, ao seu lado.
- A música aqui é bem alta, não é? - Mitski diz, tampando um lado do ouvido.
- Quer sair? Podemos pegar a bebida e sair.
- Por mim tudo bem! - Sorri. Peço dois copos de Vodka. Quando recebo, dou um a ela e rapidamente bebo o meu, engolindo de uma vez.
- Vejo que alguém gosta de beber. - Fala em um tom brincalhão e eu sorrio.
- Podemos dizer que sim. - Pego sua mão novamente e a puxo para fora da festa. Paramos do lado de fora. Uma brisa fria bateu em minha pele, me arrepiando. Apesar de estar com um casaco, não pude deixar de sentir um frio leve subir a minha espinha.
- Está frio. - A escuto dizer ao meu lado. Sinto sua mão soltar a minha e olho para o lado. Ela estava com mais frio que eu, com toda certeza. Tiro meu casaco ligeiramente, não me importando de ficar exposta ao vento gelado.
- Toma. - A ofereço.
- O que? Não posso aceitar. Você vai ficar com frio. - Exclama surpresa.
- Pega logo, eu não me importo. - Dou um sorriso e ela pega, hesitante. Quando vestiu, tive um leve pressentimento que aquilo não era mais meu. Ficava muito melhor nela.
- Ficou muito bom em você.
- Obrigada. - Ela olha ao redor e franze a testa. - Que horas são? - Pergunta. Tiro meu celular do bolso e olho.
03:19
- Já está tarde, preciso ir.
- Você quer uma carona? Meu carro está ali. - Ofereço.
- Não irá incomodar? Você já fez muito por mim essa madrugada. - Solta baixo, como se estivesse envergonhada.
- Claro que não! Não é incômodo.
- Eu adoraria então.
Andamos até o meu carro e eu abro a porta para ela. Ela coloca o endereço no GPS, indicando onde era sua casa. Dirijo até lá, as janelas abertas, o som baixo, um clima confortável.
Chegamos a sua casa e paro lá, logo direciono meu olhar pra ela.
- Foi legal ficar esta noite com você, Mitski. - Digo baixinho, quase não dando pra ouvir.
- Sim, foi ótimo ficar com você, (S/N)- Ela sorri. Olha por todo lugar até encontrar uma caneta no banco de trás. Pega minha mão e escreve alguma coisa.
- Vejo você depois, (S/N). - Acena e sai, sem me dar tempo de responder. Olho na minha mão e vejo o que é.
" XX-XXXXXX
me liga
-mitski "O número dela.
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𝙇𝙖𝙩𝙚 𝙎𝙥𝙧𝙞𝙣𝙜 (𝙈𝙞𝙩𝙨𝙠𝙞/𝙮𝙤𝙪)
Romance"𝙒𝙞𝙡𝙙 𝙬𝙤𝙢𝙚𝙣 𝙙𝙤𝙣'𝙩 𝙜𝙚𝙩 𝙩𝙝𝙚 𝙗𝙡𝙪𝙚𝙨 𝙗𝙪𝙩 𝙄 𝙛𝙞𝙣𝙙 𝙩𝙝𝙖𝙩 𝙡𝙖𝙩𝙚𝙡𝙮 𝙞'𝙫𝙚 𝙗𝙚𝙚𝙣 𝙘𝙧𝙮𝙞𝙣𝙜 𝙡𝙞𝙠𝙚 𝙖 𝙩𝙖𝙡𝙡 𝙘𝙝𝙞𝙡𝙙" Apesar de ir para muitas festas, (S/N) nunca tivera encontrado uma garota tão linda chor...