The Anger: Academia de Vilões

História da Vilania

Uniformes à postos, bem passados, alinhados e pendurados em cabides esperavam os alunos novatos para a abertura da temporada. Aquela não passava de uma mera formalidade, pois embora fosse natural que cada aluno desse um jeito de deixar a vestimenta padrão com a sua cara, todos os anos os funcionários tinham esse dispêndio de tempo e trabalho para executar tal tarefa. E, para a tristeza da equipe que cuidava dessa função, eram 3 uniformes completos diferentes para cada um. Na realidade, esse era o protocolo para que o resto do mundo não soubesse da existência da The Anger. Não era o tipo de roupa que qualquer pessoa encontraria numa loja ou fábrica especializada em uniformes. Além disso, não correriam o risco de terem alunos circulando pelas ruas estampando o brasão da Academia. Assim como todos os outros materiais envolvidos na formação da nova geração de vilões.

Última checagem no quadro de horários. Os corredores da enorme academia estavam cheios de veteranos que olhavam os calouros com costumeiro desdém e escárnio. Mas nem mesmo isso foi capaz de tirar o ar de superioridade que Elleonora carregava consigo. Também, talvez simplesmente o sobrenome "Anger" que acompanhava seu nome fosse suficiente para lhe conferir um mínimo de respeito em meio aos demais. Isso e a temida reputação que construiu desde o AngerCamp – uma das bases de pré-treinamento da Academia. Uma vez que se sentia confiante para aniquilar as primeiras ameaças logo de cara, Elleonora caminhava pisando forte e decidida, como se o resto não importasse pois estava acima de tudo e de todos.

Bellamina vinha ao seu lado – talvez não tão confiante como a amiga de infância – mas mesmo que só pela presença da primeira, ninguém ousou olhar torto ou cochichar pelo fracasso da última missão liderada por ela no AngerCamp alguns meses atrás. Ela não via a hora daquele longo corredor chegar ao fim e que entrassem na sala para que aquele tormento cessasse. Em seu pensamento corriam as vozes imaginárias dos veteranos rindo e zombando por não ter conseguido êxito no treinamento, tendo que repeti-lo no meio do ano letivo junto com os outros que não foram aprovados. Já não tivera de aguentar o suficiente de sua família?

— Bellamina! Acorda. — estalou os dedos na frente do rosto da de cabelos pretos brilhosos. — Não vou continuar aturando aquela menina. Ela que procure outro lugar para ficar.

— Não entendo. O que tem de errado com ela?

— Não lembra o que ela fez no AngerCamp? — Bellamina balançou a cabeça em negação. — Tenho quase certeza que ela queimou nosso dormitório para sermos obrigadas a nos juntar aos escrotos dos Toylas. E eu juro que vou denunciá-la se encontrar incensos no nosso quarto.

Quando chegaram na sala de aula, Elleonora lançava seu cabelo branco de um lado para o outro enquanto girava o elástico ao redor dele, em seguida girando o rabo de cavalo em volta do próprio eixo firmando um coque no topo da cabeça e Bellamina ria forçosamente de como a amiga fazia drama por causa da colega de dormitório com a qual teriam que conviver. Ela até que gostava de Lysandra e curtia aprender sobre a cultura da Índia. A segunda colocou seus materiais numa carteira e espiou os lugares ao redor enquanto a primeira dava uma conferida nos novatos que não vieram por linhagem e nem nomeação, como se precisassem da aprovação dela para dar o primeiro passo na jornada de ingressar na Sociedade de Vilões.

— Elle, veja isso!

— Estou vendo. Até tem uns... interessantes.

— Não, não é disso que estou falando. — Virou a amiga para a direção que apontava. — Me refiro ao fato de que não tem lugar para você.

Elleonora ficou atônita por um momento, buscava entender como aquilo poderia ter acontecido. Magnus, que acabava de entrar e escutara a última frase da jovem de cabelos escuros como a noite, se jogou em seu assento de modo despojado. Seu uniforme apresentava certo desleixo proposital, como se o garoto quisesse que todos pensassem que ele não se importava com nada na vida.