Erro de cálculo ao pousar

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Portgas D. Rouge era o tipo de pessoa que não se impressionava fácil.

Ela tinha já seus quase trinta anos, era uma das ladras mais famosas dos mares, havia viajado desde o East Blue até o Novo Mundo e visto mais do que precisava de pessoas estranhas, diferentes ou apenas fora do comum.

Ela era irmã de armas de Rayleigh, este que tinha Roger, aquele Roger infantil e desajeitado, como capitão, por deus. Ela pensava que nada mais poderia fazer arregalar seus olhos céticos.

No entanto, nem mesmo Roger a havia preparado para presenciar tudo aquilo.

Primeiro, um navio estava caindo dos céus.

Era fim de tarde e Rouge havia se infiltrado na base marinha de Marineford, na fronteira entre o Paraíso e o Novo Mundo. Arriscado, ela sabia, mas Rouge estava perseguindo um tesouro específico de um pirata morto há muito tempo e, durante uma briga de bar em Sabaody com muitos fuzileiros presentes, ela ouviu o sussurro de que um de seus capitães havia achado uma pista valiosa sobre ele em forma de joias e ouro.

Ela, vendo uma chance, se aproximou e riu mansinho para os jumentos bêbados depois que a discussão havia parado. Com apenas uma jogada de seus cabelos e duas palavras sedutoras e os idiotas já estavam derramando tudo que sabiam sobre suas mãos de ladra. Rouge não tinha uma recompensa e era mais conhecida como uma lenda entre marinheiros do que uma pessoa real, então eles nem imaginavam para quem estavam entregando de bandeja aquele achado da marinha.

Foi assim que, em poucas horas, Rouge conseguiu uma farda da marinha e embarcou no próximo navio que seguia para Marineford.

No primeiro dia era apenas uma missão rápida de reconhecimento e investigação, procurando por mais dicas e indícios da pista que dizia onde o tesouro poderia estar. Ela passou mais tempo limpando chão do que realmente fazendo algum progresso com isso, mas Rouge era uma pessoa paciente e sabia esperar o momento certo para agir. A ladra já estava se habituando com o local e até fez amizade com alguns outros soldados, fingindo ansiedade e timidez por estar trabalhando em um lugar como aquele e em meio a tantas pessoas poderosas.

Eram um bando de idiotas crédulos, mas Rouge acabou gostando bastante de todos eles.

Foi aí que, enquanto fazia ronda com outros soldados antes da hora do jantar ser anunciado, um barco amarelo e com uma bandeira pirata caiu do céu no meio da bacia de Marineford.

As ondas se movimentaram com tudo quando o barco fez contato com a água. Ele era tão colorido que parecia mais um barco temático do que de piratas buscando tesouros e joias, mas o jolly roger inconfundível de caveira – e espere, aquilo era um chapéu de palha? – e até então, desconhecido, denunciava o grupo de malucos que acabava de aterrissar na bacia do QG principal da marinha.

Se seus olhos não estivessem a enganando, eles realmente tinham um leão-girassol como figura de proa?

Rouge deixou o rifle cair de suas mãos, a boca aberta demais para pensar por alguns segundos. Pela visão periférica ela podia ver que seus amigos fuzileiros estavam tão surpresos quanto ela. Shino, um dos soldados que Rouge mais gostava, havia tropeçado com o susto e caído como um pedaço de cocô no chão molhado pela água do mar.

De volta ao ouro, de volta a glória! Onde histórias criam vida. Descubra agora