"Uma garota bonita de capa de revista"

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Qualquer quem seja, poderia facilmente me achar em alguma prateleira de conveniência. Meu rosto repetido em várias cópias lado a lado, sem nenhuma mudança, tudo monocromático.

Alguns até paravam e olhavam, e como se não fosse o bastante, se comparavam, todos os seu seus traços com os meus, procurando um motivo certo para ser o meu rosto ali — e não o deles —. Talvez fosse o impulso do momento, ou um fetiche excêntrico, mas eles compravam a revista, talvez para se torturar um pouco mais com o que a sociedade simplesmente disse que é bonito.

Já tive a vontade de chamá-los para conversar, e talvez ajudar — culpa? Muito provavelmente —, dizer que qualquer pessoa pode ser modificada para melhor, que a perfeição humana não é essa dessa revista barata.

Mas ai eu lembrava, que quando era comigo, essa conversa-fiada não valia de nada, eu sempre voltava a me comparar com a perfeição da mulher de uma revista Vogue usada, emprestada, toda rasgada.

Eu me imaginava na imagem daquela mulher, tão bela. Ela, diferente de mim, parecia tão conforme, tão bem-proporcionada Era impossível imaginar que uma imagem tão magnificente, poderia ter a capacidade de errar, ou de ter defeitos.

Ela me parecia tão comum e incomum ao mesmo tempo, embora, não consiga lembra-me de seu nome agora.

Em uma capa antiquada de uma revista barata, eu poderia ser considerada comum, sem erros e nem defeitos, algo tão superficial e simples. Fora dela, eu ia de tudo o que olhos alheios me julgam, para uma estranha novamente. Então tentava ao máximo preservar o que era perfeito aos olhos de alguns, embora na realidade seja imperfeito.

Apesar de tudo, lamento que tenha de ser assim. Apesar de tudo, o título de "Uma garota bonita de capa de revista" não me dava importância ou poder. 

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